Moleque imbecil: por trás do comentário maldoso no G1

Moleque imbecil: por trás do comentário maldoso no G1
Foto: Divulgação

Monday, 09 September 2019

Ao esquecer de trocar o login e comentar com ódio contra uma criança usando o perfil do maior portal de notícias do país, 'profissional' de mídias sociais só escancara o quão longe o ódio está indo.

Neste sábado (07/09) ocorreu o tradicional desfila da Independência em Brasília. Um jovem de apenas nove anos, Ivo Cezar Gonzaga, cruzou em alta velocidade os gramados da Biblioteca do Senado para acompanhar o Rolls-Royce onde estava o presidente Jair Messias Bolsonaro (PSL) em desfile. Quebrando o protocolo (de novo) o presidente convidou o menino a subir no carro.

O garotinho, que vestia a camisa 10 da Seleção Brasileira de Futebol, contou ao G1 que Bolsonaro o reconheceu de um evento, pedindo para um segurança pegá-lo e colocá-lo dentro do carro.

O pequeno desfilou no carro, acompanhou todo a Parada Oficial de Independência do palanque presidencial, conheceu várias personalidades do Palácio do Planalto, fez selfie com políticos importantes e disse: “hoje tirei foto com um montão de ministros”.

A cena foi sem precedentes e a família de Ivo estava eufórica. Sua mãe chegou a dizer – “Hoje foi mais do que uma foto... vai influenciar na vida dele” – ao G1. E eis que o problema surge. O próprio G1, portal de notícias da gigante Rede Globo de televisão.

Independente das mais diversas opiniões políticas, o G1 é um excelente meio de comunicação (tendo ou não agenda político-partidária) e conta com uma credibilidade enorme.

Até que, no mesmo dia do desfile, alguém usando o login do portal fez um comentário dantesco no compartilhamento da notícia do próprio G1, dizendo: “moleque imbecil, vai se alfabetizar”. Isso gerou revolta nas redes sociais fazendo várias pessoas afirmarem que ‘a Globo estava hostilizando uma criança por não gostar do presidente’. O fato também criou diversos memes e piadas, como a alteração do logo do ‘Criança Esperança’ para ‘Moleque Imbecil’.

Ao perceber que algum de seus funcionários – esse, sim, imbecil de fato – havia feito um comentário tóxico contra uma criança usando o perfil do site, o G1 imediatamente apagou-o, mas os prints já haviam sido feitos. Ante a comoção nas redes sociais, a Rede Globo logo tratou de se pronunciar, afirmando o seguinte, em nota oficial:

“Nota da redação: A conta do G1 foi indevidamente utilizada para um comentário ofensivo sobre o menino que acompanhou o presidente Jair Bolsonaro no desfile de 7 de setembro. O G1 repudia o uso de sua conta e anuncia que vai investigar o ocorrido e tomar as medidas cabíveis”.

Contudo, as pessoas não receberam a nota com muita boa vontade, polarizando novamente.

O fato é: a Rede Globo – uma gigante do ramo do entretenimento – nunca iria fazer ou ser conivente com alguém que fizesse isso porque tem muito a perder. Dizer “a Globo fez” é, na melhor das hipóteses, ignorância. Porém, seus colaboradores são outra história. Boa parte deles tem agenda político-partidária e defende os interesses financeiros da empresa (que tem perdido fortunas com propaganda pública na gestão Bolsonaro).

A Globo não deveria ser o ponto central aqui, mas sim até onde o ódio de uma pessoa vai. Não gostar de um presidente justifica ofender uma criança de nove anos que gosta dele? Isso é ‘mais amor’? Será que a intolerância não está atropelando o bom-senso e a empatia?

Não é de hoje que veículos de comunicação mostram, sem querer, que não gostam do presidente. No começo do ano bastava entrar nos códigos-fonte de alguns sites de notícia para ver que as fotos do Bolsonaro eram salvas com nomes como ‘Bozo’, ‘Coiso’, ‘Desgraçado’, ‘Maldito’, ‘Piada’, ‘Retardado’ e qualquer outro termo pejorativo. Isso mostra a parcialidade, mas também é um direito de não gostar de um político adulto. Mas uma criança?

Essa doença – essa falta de boa vontade para se colocar no lugar do próximo – está virando uma epidemia. Começou com amizades se rompendo e agora nem as crianças são respeitadas. Lamentável.


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Redação

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