O mercado mais mal administrado de Blumenau

O mercado mais mal administrado de Blumenau
Foto: Rick Latorre

Wednesday, 25 September 2024

Legado de uma das maiores e mais respeitadas redes do estado, unidade blumenauense parece competir para se tornar um dos piores supermercados da cidade.

Blumenau é uma das cidades que mais cresce em Santa Catarina: tanto econômica quanto demograficamente, tendo mais de 380 mil habitantes (em censo desse ano).

Com o tempo, os pequenos e tradicionais negócios familiares foram dando lugar a empreendimentos locais maiores que, gradativamente, começaram a ser substituídos por grandes marcas que vinham de outros lugares. As pequenas vendinhas de bairro, por exemplo, perderam espaço para os magazines que, por sua vez, foram substituídos por lojas de departamento de renome nacional (ou até internacional) nos shopping centers.

Isso é parte do progresso e é saudável. Desde que seja bem gerenciado.

Um grande exemplo são os supermercados. No passado, pequenos mercados – que não abriam aos domingos – foram substituídos por redes como Pão de Açúcar e Angeloni, que traziam grande opção de produtos e um horário de funcionamento muito mais amplo.

Na época, o funcionamento nos finais de semana gerou polêmica e alguns vereadores da década de 90 aventaram a absurda possibilidade de impedir tais empreendimentos de funcionar nos finais de semana alegando ‘concorrência desleal’. Uma demonstração de como a preguiça de gente retrógrada travestida de boas intenções pode ser nociva para a sociedade.

No entanto tudo deu certo, o Angeloni abriu duas filiais, o Bistek também, surgiu o Giassi, a rede Cooper cresceu e outras marcas outrora pequenas – como o Top – consolidaram-se expandindo seus mercados. Entre ‘mortos e feridos’, o Big não agüentou, mas acabou se transformando no Sam’s Club. Era a evolução urbana seguindo seu caminho naturalmente fluído.

Eis que, no ano passado, a rede Angeloni anuncia que transformaria sua unidade localizada na região da Fonte Luminosa, em Blumenau, em uma nova marca de atacarejo: Super A.

Foram meses de reforma. Quando ficou pronto, sua estrutura fazia frente a redes estabelecidas como o Fort e superavam concorrentes com o UniBoix. Sua inauguração contou com as maiores filas que um mercado já havia visto até então (com exceção dos períodos de enchente).

Mas, nesse caso, qual seria o problema? A administração da unidade.

Frequentemente a rampa rolante quebrava, ficando dias parada e obrigando idosos – parte relevante de seu público – a fazer um esforço que a Cooper ou o Giasse não exigiriam.

Entre setembro e novembro do ano passado, o banheiro feminino ficou interditado. Na área central da cidade e em plena Oktoberfest. Sem grandes explicações e, ao ser aberto, continuava sendo o mesmo banheiro de sempre: pouco melhor do que uma toalete de rodoviária.

Nos domingos – onde seu expediente encerra mais cedo – as portas da garagem são fechadas antes mesmo do horário e diversos leitores narraram que funcionários os impedem de ficar no local esperando por clientes que ainda estão nas filas (quilométricas) dos caixas esperando para pagar suas compras.

Aliás, mesmo durante a semana, as portas da rua são fechadas antes das 22h, forçando os clientes que não têm veículos a sair pela rampa do estacionamento. Um total descaso.

Mas a pior parte é a segurança: pedintes e pessoas alteradas DENTRO do mercado.

Sequer citaremos a praça de alimentação. Há pessoas que entram NO MERCADO e abordam clientes que estão nas filas dos caixas para pedir dinheiro. Isso, a citar, aconteceu comigo. Duas vezes. O estacionamento é usado por pessoas em condição de rua ou drogadição como ‘pátio dos milagres’, parando consumidores em seus carros e mendigando. às vezes de forma incisiva.

Não há segurança NENHUMA. Abaixo, narro um fato que aconteceu comigo, como cliente:

Havia ido ao mercado para comprar alguns salgadinhos, pães e doces quando um sujeito se aproximou de mim, na fila do caixa. Ele trazia uma bandeja com alguma comida congelada e disse que não pediria dinheiro, mas pediu para que eu pagasse pelo produto em suas mãos. Falou que estava morando debaixo da Ponte do Tamarindo. Olhei pra ele e perguntei onde ele arrumaria uma tomada – debaixo de uma ponte – para ligar o eletrodoméstico que usaria para descongelar o produto. Ele me ignorou, deu as costas e foi pedir para o senhor atrás de mim na fila. Deve ter mendigado para umas três ou quatro pessoas, então desistiu. Deixou o produto numa estante, deu a volta e começou a querer ‘ajudar’ os clientes a colocar as compras nas sacolas. Só foi embora porque uma operadora de caixa o mandou sair de lá. Perceba: uma operadora de caixa, não um segurança. Uma senhora, indignada, disse: “esse lugar não tem gerente”. E a impressão que deu foi justamente essa.

Há diversas falhas de gestão na unidade blumenauense do Super A – desde sua produção absolutamente instável na padaria (cujos produtos nunca têm horário certo ou mesmo garantias de que serão produzidos naquele dia) até a limpeza das mesas na praça de alimentação – mas a segurança é a ÚNICA que realmente é grave.

Frequentemente traficantes pequenos dão listas de compras para viciados e lhes pagam com drogas. Algumas dessas pessoas estão se sentindo à vontade para ir ao Super A tentar conseguir aquilo que almejam, pois sabem que o local é pouco seguro.

É importante salientar que a responsabilidade não é da pessoa que faz a segurança, pois mesmo que tenha treinamento adequado, vai estar em desvantagem numérica e claramente não recebe orientação da administração local. As portas para as ruas não são fechadas às 21h45’ porque o segurança quer... ele apenas está fazendo o que lhe ordenaram fazer,

O Grupo Angeloni é um grupo muito sério. Talvez a rede de supermercados com a maior qualidade em Santa Catarina. Já estive em projetos envolvendo essa empresa e sei da responsabilidade e do cuidado que têm com seus produtos. A prova disso é a unidade do Super A no Jardim Atlântico (Grande Florianópolis). Lugar impecável e extremamente agradável.

O problema é pontual e restringe-se à loja de Blumenau, localizada no Garcia.

Um lugar inseguro, que trata seus clientes com grande desrespeito, com uma linha de produção pouco confiável (apesar da grande qualidade), sempre com grandes filas por disponibilizar poucos funcionários nos caixas (mesmo nos horários de pico e levando em consideração seus preços bastante competitivos) e mendigos constrangendo clientes dentro de suas dependências (que deveriam ser protegidas).

É uma pena ver que essa nova marca – filha de uma rede que nasceu em Criciúma e se tornou uma potência tão séria – chegue a Blumenau tão mal gerida e largada às traças.

Pelo menos a unidade florianopolitana mantém o alto padrão de qualidade costumeiro. Pena que está longe.


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Ricardo Latorre

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