Abordagem de Egídio a moradores de rua chama atenção

Abordagem de Egídio a moradores de rua chama atenção
Foto: Divulgação

Monday, 10 February 2025

O vídeo teve um alcance impressionante e explicitou o sério problema que Blumenau tem com mendigos. Mas a ação foi correta? Ou necessária?

Desde o começo desse mês o prefeito Egídio Ferrari (PL) tem tomado a frente numa cruzada pessoal, corajosa e necessária de abordagem a moradores de rua. Consigo, ele traz equipes da Secretaria de Conservação e Manutenção Urbana (Seurb), Secretaria de Desenvolvimento Social (Semudes), Secretaria de Trânsito e Transportes (SMTT), Polícia Militar, Polícia Civil e ONGs como Associação Família Feliz, bem como Instituto Edificando Vidas.

O vídeo, publicado em suas redes sociais, viralizou rapidamente. Com 214 mil compartilhamentos e 523 mil curtidas (número superior à população de Blumenau), o reels mostra o prefeito abordando diversas pessoas em situação de rua e deixando claro que a cidade tem estruturas para acolhê-los e ajudá-los tanto no reinício de suas vidas, quanto na luta contra as drogas e, dessa forma estabelece: morar nas ruas de Blumenau não será tolerado.

Enquanto falava com os abordados, a equipe constatou que a maioria tinha ficha criminal e passagem pela polícia. Dos seis abordados, dois foram encaminhados ao Centro POP e posteriormente ao CapsAD (Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas), mas os demais não aceitaram tratamento.

O vídeo tem sido muito bem recebido nas redes sociais.

O Centro de Defesa dos Direitos Humanos de Blumenau publicou uma nota de repúdio contra as ações da prefeitura, acusando a gestão Ferrari de constranger os abordados e até afirmando que tais iniciativas são aporofóbicas (ódio ou aversão aos pobres).

Fato

Ninguém gosta de mendigos. Nenhuma cidade quer mendigos. A miséria alheia só serve para que pessoas vis lucrem com uma falsa solidariedade pretensamente messiânica.

É lamentável que uma pessoa precise viver em situação de rua e eles são seres humanos que merecem respeito. Ninguém nasce na rua e muitos tiveram tragédias pessoais terríveis para lá estarem. Mas Blumenau oferece serviços de apoio adequados. Então, por que continuar? Essas pessoas não têm nenhum parente que lhes possa acolher? Será que nenhuma alma solidária lhes ofereceu a chance que faltava para se reerguer? Nenhuma igreja? Nenhuma secretaria de Assistência Social de município algum? Ou será que eles não querem esse tipo de ajuda? Será que eles querem apenas o falso direito de ficar pelas ruas? E, caso já tenham recebido uma mão amiga... por que não deu certo? O que fizeram com isso?

Eles são pessoas e devem ser respeitados, sim. Mas será que eles respeitam as pessoas com quem cruzam? Ou será que, nesse caso, seus defensores pedem um respeito unilateral?

A verdade é que o cidadão blumenauense não suporta mais a convivência com mendigos pelas vias públicas. Ninguém aguenta gente folgada dormindo em bancos de ponto de ônibus e tomando todos os assentos enquanto pessoas pobres e trabalhadoras são obrigadas a esperar em pé – no sol ou na chuva – com medo de um sujeito que pode, quem sabe, lhe fazer mal.

Lojistas estão fartos de limpar o excremento de gente inútil na frente de seus estabelecimentos. Cobradores não podem ter que conviver com a necessidade de apartar briga com indigentes drogados dentro de ônibus. Não faz mais sentido que nossos impostos paguem por equipamentos públicos tomados por essas pessoas (que em nada contribuem para a sociedade, sendo apenas um estorvo). Pessoas que, tal qual gafanhotos, querem todos os direitos e refutam qualquer obrigação mínima.

Em um post em rede social, uma pessoa faz um comentário hipotético com uma pessoa fictícia, que dizia: “o seu João já sofreu muito e está na rua... ele tem o direito de sentar com os amigos na beira-rio à noite para dividir vivências e esquecer as dores”. Então, respondendo de forma hipotética com alguém também fictício, podemos contra-argumentar: “a Ana, que trabalha até as 22h30’ num shopping center, também tem o direito de poder ir até o ponto de ônibus pra voltar para casa sem ser assediada ou ter medo de ser estuprada”.

Inclusive, a quase totalidade dos defensores de pessoas que vivem em mendicância, também afirma combater o assédio contra as mulheres parecendo ignorar o longo histórico entre moradores de rua e assédios sexuais (que vão de comentários grosseiros a contatos físicos).

Hipócrita? Nem tanto. Em novembro de 2023, o então presidente da Câmara de Vereadores, Almir Vieira (PP), convocou uma audiência pública para debater o crescente problema dos moradores de rua em Blumenau. Muitas das pessoas que participaram – gente que vive falando sobre respeito e democracia – simplesmente não calavam a boca quando alguém de quem discordavam subia à tribuna. Então, para eles, pode ter a liberdade de morar no meio do caminho, mas não se pode ter a liberdade de discordar? Não é hipócrita, é sórdido. Lembrando que, a ONG que fez a nota de repúdio, era uma das estrelas do circo que eles mesmos armaram em um ambiente que, inicialmente, pressupunha civilidade.

Procurado por nós, Almir disse: “minha opinião você já sabe: tá doente, trata... drogado, interna... se estiver bem, trabalha... devemos continuar com a força tarefa para fazer eles entenderem que o lugar deles não é na rua... somente com ações enérgicas poderemos alcançar o objetivo”. E ele está certo. Chega de ter pena de quem nos prejudica. Bêbados e drogados são uma doença social e Blumenau não pode se tornar o ‘Pátio dos Milagres’ que estava se tornando no inverno de 2023. Não podemos permitir que uma crackolândia se forme nem ignorar os riscos deles.

E eu tenho um exemplo pessoal. Em 2019, enquanto eu descia por uma rua central, um mendigo simplesmente saltou sobre mim e tentou dar um ponta-pé. Ele estava alucinando. O que eu podia fazer? Bater nele? Ele era inimputável, ou seja, eu responderia (sozinho) por agressão, afinal, ele é um demente e eu não. Chamei a Polícia Militar que, enquanto preenchia a ocorrência contou várias histórias sobre o sujeito: um drogado que a família preferia que morasse na rua e já tinha cometido diversos furtos, agredido duas mulheres, um idoso, invadido uma propriedade, ferido um cachorro, etc. Um misto de esquizofrenia com drogas potencializado pela inércia do Poder Público da época e de idiotas que fomentam esse tipo de vida. Cogitei processar a prefeitura (na gestão Hildebrandt), mas quando vi a celeridade do Ministério Público internando o cidadão num hospital psiquiátrico adequado, fiquei satisfeito.

Mas... e se ele chutasse uma grávida? Seus defensores se calariam como calaram seus ímpetos feministas nas duas vezes anteriores onde ele agrediu mulheres? E, se a criança no ventre morresse? quem sabe dissessem:  “viva o aborto”. Absolutamente doentio.

Conclusão

Ninguém deveria morar na rua. Mas ninguém deveria ter o direito de incomodar as vidas dos outros. Ou ter o privilégio de ver seus vícios sendo colocados acima dos direitos coletivos dos contribuintes. E quem não entende isso, ou tem pouca experiência de vida, ou um cérebro pouco funcional ou um caráter duvidoso.

A sociedade – que já vive como refém de tantas coisas abomináveis – não pode viver com medo também disso. Afinal, em um país onde apenas quem não paga impostos recebe benefícios (dados involuntariamente por quem os paga) – para que fazer o certo? Qual o motivo para continuar pagando? Morrer em filas do SUS enquanto sustenta oportunistas desocupados?

Os defensores dessa população parecem tratar homens adultos como bebês, querendo forçar as pessoas normais – porque, sim, mendigos são anormais – a limpar sua sujeira, aturar seu desaforo e apenas dar (sem jamais receber) para pessoas que, muitas vezes, já tiveram suas chances. E quem discorda é atacado de forma fascista por gente que vê Fascismo em tudo, exceto em si, usando palavras vazias como 'aporofobia' enquanto tentam normalizar a inaceitável miséria de quem vive em favelas chamando ignorância, carência e até marginalidade de 'cultura'. 

Erradicar a população de rua é um desafio titânico. Não basta tirar o sujeito da rua. Muitas vezes, além do vício, ele é atormentado por doenças mentais. Pior, muitas vezes, ele sequer tem conhecimentos básicos de conduta social, como o volume no qual deve falar, a distância que deve manter dos outros e até mesmo hábitos básicos de higiene pessoal. Mas a prefeitura de Blumenau oferece abrigo temporário, assistência básica, médica e tratamento para os vícios. Outras instituições, como ONGs, oferecem oportunidades de aprendizado e até recomeço.

A verdade é que, a alguns mal intencionados, a miséria de quem vive em condição de mendicância é útil. Pessoas psicologicamente frágeis e manipuláveis. Mas ao resto das pessoas – a maioria – o mais importante é tirá-los da lá, oferecer ajuda e, se não aceitarem, expulsá-los, para que entendam que se seus vícios não são aceitos nem em suas famílias, também não serão tolerados aqui.

O prefeito de Criciúma, Clésio Salvaro (PSD), já deu um bom exemplo no passado, enquanto Diogo Siqueira (PSDB), prefeito de Bento Gonçalves (RS), combateu a mendicância, mas também atacou diretamente fraudes no Bolsa Família em sua cidade. Um exemplo admirável de coragem, eficiência e respeito pelo seu cargo.

A conclusão é que, apesar da complexidade do tema, o blumenauense não suporta mais ser abordado enquanto está em um barzinho em uma calçada do Centro, ou ouvir sempre as mesmas histórias mentirosas de ônibus, entrevista de emprego ou comida atrás de uma esmola que apenas alimenta vícios e o crime organizado. Não dá mais para tolerar pedintes que estão entrando em mercados, seguindo (especificamente) mulheres até o carro e servindo como ponta de lança dos interesses de pequenos traficantes.

Você, cidadão, não pode fazer muito para melhorar essa condição, mas já pode começar fazendo o óbvio: não dê esmolas. Não alimente aquilo que te vitimará no futuro.

Aqui, ficam os parabéns ao prefeito Egídio Ferrari e ao vereador Almir Vieira, que têm a coragem de enfrentar de frente esse indigesto problema e os bons (e barulhentos) idiotas que fingem se importar com pessoas que raramente ajudam e a quem jamais abririam as portas de suas casas.


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Ricardo Latorre

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