Criatura estranha chama Blumenau de nazista

Thursday, 30 October 2025
Sem nome e sem foto, porque não devemos dar biscoito a quem pede... ou molhar depois da meia-noite.
Nos últimos dias uma coisa curiosa tem tomado as redes sociais dos blumenauenses. Um influenciador destilou uma série de ataques à Oktoberfest e ao povo de Blumenau em suas redes sociais.
No Instagram, o sujeito afirma que nosso principal evento anual é a “principal festa de nazistas do Brasil”. Dizendo já ter estado na Oktober, a classificou como “b*st@” e “miserável” enquanto afirmou que nosso povo é uma “raça ruim”.
Alegando ser ‘jornalista’ e ‘investigar’ pessoas, ele fez um vídeo incoerente em que finge ser um crítico sério e delira de forma conspiratória, dando a entender que encontrou fatos suspeitos sobre o prefeito Egídio Ferrari (PL) que seriam suficientes para cassá-lo e até prendê-lo. Nem a oposição levou esses devaneios lisérgicos a sério. Mas não ria agora, tem mais...
O que realmente está acontecendo?
O dito influenciador é pequeno nas redes sociais. Seus textos são medíocres e ele parece desesperado para conseguir gerar alguma polêmica – quem sabe um cancelamento – e assim ter o mínimo de relevância para o material absolutamente insignificante que posta.
Justamente por isso, não publicaremos seu nome. Baste dizer que fala como se fosse um ‘Luva de Pedreiro da Deep Web’ com uma dicção que o faz soar como alguém tendo um AVC enquanto sofre com uma batata fervendo na boca. Até seus espirros devem precisar de legenda.
Seu feed é desinteressante e sua postura soa doentia. Ele fala como se alguém realmente se importasse com as tolices que sua baixa cognição intui. Mais trágico do que cômico.
Suas postagens intercalam bajular figuras de Esquerda e atacar lideranças de Direita. Tudo em busca de um clique. Mas tem um mérito: sua produção de baixíssima qualidade é eclética. Ora mendiga atenção do MBL, ora implora alguma resposta do governador Tarcísio. Ele não sabe para onde atirar e já mirou até na Argentina. Errático e inofensivo.
O rapaz que veste camisas que se parecem com as clássicas da Dudalina – orgulho da indústria blumenauense – tem um olhar confuso e ébrio por convicções sem base. Muito similar a um bêbado que pensa poder vencer um gorila. Mas, claro, sem o álcool. E sem o gorila.
Talvez seu único vídeo engraçado seja uma crítica a cursos de ‘masculinidade’. Sem nenhum carisma ou desenvoltura, nosso ET Bilu tenta tirar sarro de quem faz tais (péssimos) cursos de hombridade sem perceber que talvez ele mesmo devesse fazer. Testosterona baixa deixa sequelas assim. É muito triste, então não ria dele, por favor. Ninguém é assim por querer.
Curiosamente, nesse mesmo vídeo, um dos comentários diz: “Na época do Pablo Marçal eu acreditei em você só hoje você me mostrou quem é de verdade não tem identidade fica no muro e uma pena pois talento você tem só que se perdeu no caminho não sabe o que fazer da vida pra sobreviver lamento muito mas tenta te encontrar assim não pode ficar”. É como se ele dissesse “receba” e nem mesmo sua audiência “recebesse”. Pára de rir, pô. Isso é triste.
Então as baboseiras que ele disse não têm gravidade?
Infelizmente, têm. Até um cupim pode causar problemas no lugar errado.
De acordo com a Lei nº 7.716/1989 (Lei de Combate ao Racismo) em seu artigo 20, quem praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito contra pessoa ou grupo em razão de raça (mesmo pela internet) pode pegar de 2 a 5 anos de reclusão.
Blumenau tem sua identidade ligada fortemente à imigração alemã e generalizar um grupo étnico ou regional como "ruim" por sua origem é visto como preconceito de procedência nacional ou etnia. Agravando ainda mais a situação, o STF (Supremo Tribunal Federal) já decidiu que injúria racial e racismo são imprescritíveis e inafiançáveis (ADI 4.269 e RE 1.345.332).
Frases como "baianos são preguiçosos" ou "gaúchos são babacas" já foram enquadradas como crime quando generalizam e humilham grupos étnicos ou regionais.
Mas essa não é a pior parte. O ‘Seu Madruga com Caquexia’ disse que a Oktoberfest é nazista.
O Art. 140, §3º do Código Penal – que qualifica injúria racial contra a coletividade – pode ser aplicado ao momento em que ele afirma que o povo blumenauense é ruim e miserável. Já o Art. 139 versa sobre difamação. É um crime contra a honra dizer que as pessoas daqui "escancaram o nazismo na sua frente", imputando um crime (apologia ao nazismo) a todo o povo da cidade e também aos freqüentadores da Oktoberfest.
Mas, nosso ‘le fin du fin’, ou ‘Das Sahnehäubchen’ (em alemão, especialmente pro nosso Smilinguido carente por atenção), foi chamar nosso povo de nazista.
Uma das únicas práticas que é sumariamente condenada em quase todos os países do mundo é o nazismo. No Brasil o artigo 20, §1º da Lei 7.716/1989 e a Lei 14.459/2022 condenam sua apologia. Ao dizer que escancaramos o nazismo, nosso belo cosplayer de Aedes aegypti faz uma acusação infundada que pode induzir ao ódio contra o povo de Blumenau.
STF (RE 1.045.273): discurso que associa grupo étnico a ideologia de ódio é crime
E olha que nem foi necessário soltar Wolbitos para combater essa praga...
Mas Blumenau é nazista?
Não. (não vou escrever um textão explicando o óbvio)
Vamos recordar brevemente o passado de Blumenau e também de Salvador (BA)
Blumenau foi fundada em 1850 por imigrantes alemães. Na época havia, sim, uma intenção da corte brasileira de importar europeus e ‘branquear’ o Brasil. Mas foi muito além disso...
Hermann Bruno Otto Blumenau foi um agente da Sociedade de Proteção aos Emigrantes Alemães cujo plano era fundar uma colônia no Sul, longe das fazendas escravistas do Sudeste. Em 1846, ele negociou com João José da Silva (presidente da província) um contrato para 40 léguas de terra às margens do rio Itajaí-Açu. O Artigo 5º do contrato era claro e revolucionário: "Fica proibida a entrada de escravos, não somente nas terras concedidas à Sociedade, como nas demais da colônia".
Isso era uma cláusula anti-escravidão explícita, alinhada à visão de nosso fundador de que a colônia seria um oásis de liberdade, contrastando com o resto do Brasil escravagista.
Os financiadores compartilhavam essa visão abolicionista: a escravidão era vista como "imoral e ineficiente" pelos liberais europeus da época e eles queriam atrair mais imigrantes prometendo igualdade.
Sem escravos, o trabalho era coletivo. Desmatavam, plantavam milho e tabaco, e construíam com as mãos. Mais ondas migratórias consolidaram o modelo: famílias nucleares, propriedades individuais e proibição de escravos reforçada por lei provincial. Um paraíso.
Já Salvador (BA) foi a maior capital escravagista do país.
Em seu auge, durante o ano de 1849, cerca de 42% de sua população era escrava. Em um século a cidade recebeu aproximadamente 1,2 milhão de africanos escravizados. Seus apelidos vergonhosos eram "Roma Negra" e "A Meca dos Africanos". Nosso extremo oposto.
Era um dos locais mais brutais e violentos contra pessoas que eram absurdamente tratadas como objetos de pouco valor.
Lá havia escravidão urbana. Eram os escravos de ganho... alugados nas ruas, dormiam em senzalas coletivas, comiam mal, trabalhavam 18 horas por dia como carregadores, vendedores ou prostitutas forçadas. Mal-nutridos e doentes, pereciam aos montes. Só a cólera ceifou as vidas de mais de 20 mil pessoas. Fora as constantes rebeliões que ocorriam em suas vias.
Como exemplo, a Revolta dos Malês – a maior insurgência urbana da História do país – terminou com 500 mortos, 300 enforcados e 200 deportados. Repressão brutal.
Mas havia um lugar que era o pior dos infernos: o Pelourinho.
Tratava-se do centro oficial de chibatadas, açoitamentos e mutilações. Um escravo podia levar 300 chibatadas por ‘falta leve’ (como fugir do trabalho). Diferente de qualquer lugar do Brasil, lá os castigos eram públicos e vistos como espetáculos de humilhação. Servia para aterrorizar os escravizados, com torturas institucionalizadas e violência sistemática.
E o que o governo fez? Transformou esse lugar terrível em uma atração turística e cultural. Não, não foi demência. Foi uma decisão consciente e um desrespeito pela dor de um povo.
Com a abolição da escravatura, o Pelourinho caiu em justa decadência. Buscando embranquecer a cidade que mais maltratou os negros no Brasil e tentando folclorizar seu abjeto passado escravista, Getúlio Vargas tombou o Centro Histórico de Salvador como patrimônio nacional. Então, o governo restaurou 800 casarões com pinturas coloridas e expulsou 3 mil famílias pobres (muitas negras), transformando a área em um centro de turismo.
Se fosse em Pomerode, diriam que foi racismo. Mas como foi em Salvador, fingem que é uma espontânea manifestação cultural mesmo que jamais o tenha sido.
Centenas de pessoas fazem foto ao lado de onde seres humanos foram sodomizados. Soa racista.
Não, Blumenau e Salvador não são iguais. Nossos valores fundacionais foram superiores. Nunca tivemos escravos. E jamais nos orgulharíamos de qualquer coisa que maculasse nosso passado. Algo que nosso novo crítico, a Fada do Biscoito, nunca vai compreender.
E qual foi a reação das autoridades locais?
Prontamente, o prefeito Egídio encaminhou o vídeo com os ataques à delegada regional e garantiu a instauração de um inquérito policial para apurar os fatos.
Em suas redes sociais, ele aponta que foram cometidos os crimes de calúnia, difamação e discurso de ódio, garantindo que haverá consequências e que o Executivo – sob seu comando – não irá tolerar ataques à nossa cidade, povo e tradições.
A postura firme de Egídio foi admirável. Quase tanto quanto foi incrível o fato de ele compreender a dicção de um cidadão que falava com a eloqüência de um homem com a boca cheia de formigas-buldogue na boca e raciocinava com a velocidade de uma esponja do mar.
Em suas redes sociais, o vereador Flavinho Linhares (PL) apontou a hipocrisia do pretenso jornalista chamando atenção para sua camisa da Dudalina, e denunciando: “ele está cantando agora um rap promovendo ainda mais ofensas ao nosso estado, ao nosso povo e não vai ficar assim... logo que ele começar a receber as intimações dos processos que ele vai tomar, a vozinha dele lá vai ficar mais amena, ele já vai começar a vir pedir desculpas nas redes sociais falando que ele não queria dizer aquilo... escreve o que eu tô te falando”.
Marcos Junges, um dos seguidores de Flavinho, questiona: “posso processar ele também?”. Sim, Marcos. Qualquer cidadão blumenauense – ou de outra localidade, mas que tenha se sentido ofendido coletivamente – pode processar o autor de tais injúrias. Só é necessário denunciar o crime de racismo, injúria racial e difamação na Polícia Civil. Uma ação individual carecerá de um advogado, mas uma ação coletiva pode ser executada através de entidades como associações de moradores, OAB, prefeitura, Ministério Público ou até mesmo a Câmara de Vereadores. O usuário também deve ser denunciado nas redes sociais que usa.
Já em seu pronunciamento, o vereador Almir Vieira (PP) comparou o ‘influenciador’ (sem influência) a um refugo do cometa 3I/ATLAS, afirmando: “quando ele fala que nós somos nazistas – e ele diz que ele viveu nessa cidade e foi embora – é porque ele não queria trabalhar. Aqui não tem vagabundo. Aqui, quem não quer trabalhar não vai ficar [nessa cidade]. E ele tem a audácia de falar... de fazer uma fala... naquele tom, ofendendo todo o blumenauense que tem amor por essa cidade”, concluindo, “nós estamos de braços abertos para receber qualquer pessoa que queira contribuir para o bem estar da nossa sociedade, ao contrário do que ele fala. Nazista. Nazista é ele, que não sabe nem o que está falando”.
Em aparte, o vereador Adriano Pereira (PT) afirmou que a bancada do Partido dos Trabalhadores repudiou as falas do ‘Patrick Estrela’ e, de forma sensata, evitou o discurso ideológico. Apenas firmou sua posição veementemente contrária a qualquer tipo de preconceito e ataque à cidade, não negando casos isolados de preconceito em Blumenau contra pessoas de outras regiões.
Por fim, o vereador Bruno Win (Novo) disse não acreditar que nosso sósia do ‘Quase Nada’ realmente creia que sejamos nazistas, mas sim que o disse apenas para aparecer e tentar lucrar de alguma forma futuramente. Opinião com a qual concordamos absolutamente.
Há algo além desses ataques gratuitos e pouco inteligentes?
Certamente. Nosso amado ‘Forrest Gump’ soteropolitano não grava vídeos só com a intenção de treinar sua oratória (que, inclusive, está péssima). Não. Há mais além disso.
Ele quer engajamento. Seja ele bom ou mal. Do alto da sua insignificância.
Ele ataca figuras da Direita para que autoridades o respondam e veículos de comunicação divulguem sua aparência frágil. Com a mesma frequência que bajula nomes da Esquerda para ver se conquista a simpatia de seus seguidores. É bem patético, na verdade.
Provavelmente, ele se inspira em figuras como Felipe Neto, Luccas Neto, Cauê Moura, Nando Moura ou Regis Tadeu. Pessoas que cresceram na internet quase como ‘haters profissionais’. E era uma estratégia que funcionava... em 2011. Nosso querido ‘Vagaroso Rodriguez’ (aquele primo do rato Ligeirinho que era lento) se atrasou ‘apenas’ 14 anos em sua estratégia.
Por isso, quando deputados e figuras notórias publicam postagens com a foto do nosso Madruguinha, ele certamente fica muito feliz. E ele merece ser feliz, afinal, o tremendo esforço que ele fez para conseguir falar merece algum tipo de reconhecimento. Aplausos.
Sim. Essa é a primeira vez que escrevemos um artigo debochando de alguém. Porque a situação é ridícula. Não vale atenção, fotografia ou menção. Só apelidos toscos.
Nosso ‘Tonho da Lua’ ofendeu cerca de 400 mil pessoas – entre os habitantes e entusiastas da Oktoberfest – atribuindo a eles crimes que não foram cometidos porque, talvez, ele tenha visto preconceito sem perceber que o único lugar onde havia preconceito eram seus olhos.
O povo da Bahia é um bom povo. Tem um histórico triste de batalhas e sofrimento. Lutam contra o homem e contra a natureza. Merecem perseverar. E, certamente, são dignos de um representante muito melhor do que o rascunho de uma paródia mal feita de um Jar Jar Binks em idade pré-vocal que mal conseguiria pronunciar corretamente a palavra “mamãe”.
Existe, sim, um preconceito nacional contra as pessoas da Bahia. E isso é péssimo. Mas criar um novo preconceito contra o Sul não resolve nada, só cria mais raiva. Um homem que se diz baiano dizendo publicamente tamanhas cretinices envergonha seus dignos conterrâneos.
‘Cookie Monster’ (porque ele só quer biscoito) entrou nessa polêmica delirando que se tornaria uma lenda e acabou esmagado pateticamente como uma lêndea.
 
					 
					 
					 
					 
					