Petista ministra curso sobre 'golpe de 2016' na Furb

Petista ministra curso sobre 'golpe de 2016' na Furb
Foto: Divulgação

Friday, 06 April 2018

O ex-candidato a prefeito de Blumenau, Valmor Schiochet, depôs contra a integridade da imparcialidade da Furb ministrando um risível curso sobre um assunto proselitista e falacioso.

Faz pouco tempo que começou a fervilhar pela internet notícias sobre faculdades que ministrariam cursos sobre ‘o golpe de 2016’. No começo parecia piada. Depois descobriu-se que essa incoerência panfletária era real.

Graças ao curso de graduação em Ciências Políticas da Universidade de Brasília (UnB) o ministro da Educação, Mendonça Filho, de pediu investigações sobre a tal disciplina.

Com ementas como ‘o golpe de 2016’ (que foi um processo legítimo de impeachment, assim como sofreu o Collor e, na época, nenhum militante de esquerda saiu gritando “é golpe” como se pudesse convencer alguém) e a fragilidade política nacional das instituições após a nomeação de Temer (vice de Dilma) como presidente, o ministro enviou ofícios a vários órgãos de controle como a Advocacia-Geral da União (AGU), Tribunal de Contas da União (TCU) e Ministério Público Federal para analisar a legalidade de usar a UnB para doutrinação partidária.

“A consulta aos órgãos de controle visa a apurar possível prática de improbidade administrativa por parte dos responsáveis pela criação da disciplina e por fazer possível proselitismo político e ideológico do PT e do lulismo”, afirmou o ministro da Educação na ocasião, em nota. “A disciplina apresenta indicativos claros de uso da estrutura acadêmica, custeada por todos os brasileiros, para benefício político e ideológico de determinado segmento partidário em pleno ano eleitoral”.

Já o ministro Carlos Marun, da Secretaria de Governo, afirmou: “Dizer que é uma das disciplinas da grade é uma atitude extremamente política e, obviamente, deve ser combatida, no meu modo de ver, na Justiça, para que recorram aqueles que se sentem contrariados”.

De acordo com o jornal Estadão, ao ser questionado se a medida não poderia ser vista como uma espécie de censura do governo, o ministro negou. “Uma coisa é liberdade de expressão. Outra é você colocar como verdade, em universidades públicas, uma evidente mentira.”

A Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Universidade Federal da Bahia (UFBA), Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) e Universidade Federal do Amazonas (Ufam) também começaram a ministrar cursos sobre a falácia do golpe e, logo, as instituições viraram alvo de todo o tipo de crítica e piada.

E eis que Blumenau decide não ficar atrás no quesito ‘ser academicamente ridicularizada’.

Amanha. Sábado (07/04) a Furb vau começar o curso “O Golpe de 2016 e o Futuro da Democracia no Brasil” que além de tentar vender uma imagem de fragilidade institucional federal por conta do impeachment ainda se presta a  falar sobre “a emergência do PT e do Governo de Lula e Dilma”.

O encontro deve ocorrer na biblioteca da universidade e estará dividido em três módulos, sempre aos sábados, começando no dia 7 de abril e seguindo até dia 7 de junho.

Duas curiosidades a serem citadas – mas que são omitidas pela nota da faculdade – são que o organizador do curso, Valmor Schiochet, foi candidato à Prefeitura de Blumenau pelo PT nas últimas eleições, escolhido criteriosamente pelo partido que queria queimar um nome irrelevante para manter seus principais filiados protegidos da derrota vexatória que se esperava (como era o caso de Décio Lima, Ana Paula Lima, Jefferson Forest ou Adriano Pereira que, ao contrário de Schiochet, são importantes demais para serem usados como peça descartável só para que não se passe uma eleição sem que o partido candidate alguém).

Outro ponto omitido é que as críticas que valeram contra a UnB, a Unicamp, a UFBA, a UEPB e a Ufam também se valem para a Furb. Afinal, nossa maior universidade é PÚBLICA. Sempre foi confuso explicar porque uma universidade pública cobra mensalidades, mas isso daria um texto só para contar os imbróglios que foram necessários para criar essa dantesca exceção.

A lição que fica é: quando for matricular seus filhos e pensar na Etevi, lembre-se que a Furb talvez desconheça ou desrespeite completamente qualquer conceito de ‘Escola Sem Partido’.


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Ricardo Latorre

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