Museu destruído em incêndio era o maior centro de história natural do mundo

Museu destruído em incêndio era o maior centro de história natural do mundo
Foto: Divulgação

Sunday, 02 September 2018

A Unesco chegou a comparar a perda do Museu Natural com a destruição da cidade de Palmira, na Síria.

Às 19h30’ deste domingo (02/09) começou um incêndio de grandes proporções no Museu Nacional da Quinta da Boa Vista, localizado no Rio de Janeiro (RJ).

Já começavam a despontar os primeiros raios da manhã de hoje quando o Corpo de Bombeiros finalmente controlou as chamas, mas era tarde demais para o prédio e seu inestimável acervo: cerca de 90% dos tesouros que guardava foram destruídos. O maior centro de história natural do planeta foi engolido pelas chamas e pouco mais que um meteorito sobrou.

Entre os 20 milhões de itens estavam fósseis, múmias, obras de arte, manuscritos, documentos e Luzia – o espécie humano mais antigo encontrado na América Latina, com cerca de 13 mil anos. Espera-se que ela e outros ossos tenham resistido às labaredas.

A falta de água atrapalhou os bombeiros durante a contenção do incêndio e a Polícia Civil investiga as causas do sinistro. A Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação e Cultura) considerou o episódio como um desastre similar à destruição da cidade síria de Palmira e o diretor do museu, Paulo Knauss, afirmou que o acontecimento foi uma tragédia.

De fato, foi, mas certamente também pode ser considerado uma ‘tragédia anunciada’.

Em 2014 o museu conseguiu uma verba de R$ 20 milhões para sua reforma, mas o valor nunca chegou ao seu destino, pois acabou sendo redirecionado para ‘obras mais urgentes’. Desde o ano anterior, 2013, a instituição vinha sofrendo cortes pesados do governo Dilma (PT). Em 2016 a visitação ao local foi suspensa por falta de verba, já no governo Temer (MDB). As únicas obras que eram feitas tinham a ver com a manutenção básica e o resto da verba ia para pagamentos salariais.

Hoje – passados dois governos – o mundo vê um dos mais importantes guardiões de sua História sendo sucumbido pela fúria do fogo e do descaso público. O Brasil, que sequer consegue cuidar da Amazônia, mais uma vez provou que jamais poderá ser o mantenedor de qualquer coisa que seja de suma importância para a raça humana. Infelizmente.

Apesar de quatro vigias feridos, não houve maiores danos humanos. O que morreu, um pouquinho mais, foi a credibilidade de uma terra onde só o que é hedonista parece ter valor.


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Ricardo Latorre

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