Brasil tem 350 milhões de doses de vacinas contra Covid

Brasil tem 350 milhões de doses de vacinas contra Covid
Foto: Reprodução

Friday, 08 January 2021

Em entrevista à imprensa, o ministro da Saúde negou que o governo esteja inoperante e apresentou um balanço sobre as negociações de vacinas.

O ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, disse que o Brasil tem garantidos, para este ano, mais de 300 milhões de doses de vacinas contra a Covid.

O governo publicou na noite desta quarta-feira (6) uma medida provisória em edição extra do Diário Oficial. O texto permite contratos sem licitação para comprar vacinas e materiais para a vacinação. As compras poderão ser feitas até mesmo antes de a Anvisa conceder registro definitivo ou autorização de uso emergencial do imunizante.

O texto ainda cria uma obrigação para o profissional de saúde na hora da vacinação: ele deverá informar ao paciente que a vacina não tem registro na Anvisa, somente uso excepcional autorizado pela agência. E também deverá explicar os potenciais riscos e benefícios - uma responsabilidade que, antes, era do laboratório.

O ex-presidente da agência Gonzalo Vecina considera que essa é uma forma de inibir o interesse pela vacinação: “Emergencial ou não, essa vacina foi aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Não existe meia segurança ou meia eficácia. Ela é segura e eficaz e a Anvisa está atestando essas qualidades da vacina. Então, essa casca de banana, que está sendo colocada com este aviso, é inadequada e irá deixar a população receosa de tomar a vacina quando não deveria haver esse tipo de receio”.

Mais de 40 países já começaram a vacinar sua população. Diante de crises sobre o atraso no Brasil, o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, convocou uma entrevista no Palácio do Planalto. Ao lado de seus secretários, Pazuello falou por mais de uma hora, mas não respondeu a perguntas. Começou antecipando a conta de 200 mil mortes por Covid, declarou que a pandemia é uma guerra e que todas as armas são necessárias.

“É o momento que a saúde não pode ter bandeiras. Não pode ter partido. Não pode ter ideologia. Nós estamos falando de brasileiros. Meus parentes e seus parentes que estão aí sentados, fazendo o seu trabalho”, afirmou Pazuello.

Admitiu falhas na comunicação do ministério, mas atacou a imprensa em vários momentos. Negou que o governo esteja inoperante e apresentou um balanço sobre as negociações de vacinas. Anunciou assinatura de contrato para a compra de 100 milhões de doses da CoronaVac, do laboratório chinês Sinovac em parceria com o Instituto Butantan. Disse que a negociação vem desde outubro, sem mencionar que o presidente Bolsonaro chegou a suspender o acordo entre o ministério e o instituto - logo após o primeiro anúncio -, gerando diversas críticas.

“Toda a produção do Butantan, todas as vacinas que estão no Butantan, serão - a partir deste momento do contrato - incorporadas ao Plano Nacional de Imunização. Serão distribuídas de forma equitativa e proporcional a todos os estados”, falou.

Segundo o ministro, o Brasil tem assegurado para este ano 354 milhões de doses, além dos 100 milhões de doses da Sinovac/Butantan. São mais 200 milhões da vacina de Oxford, da AstraZeneca com a Fiocruz – serão mais 100 milhões de doses até julho e outros 110 milhões de doses produzidos no Brasil no segundo semestre. Além da importação antecipada de 2 milhões de doses do fabricante na Índia. Quarenta e dois milhões de doses da Covax Facility – o consórcio global de países coordenado pela Organização Mundial da Saúde.

Além dessas vacinas, o ministro disse que as negociações com laboratórios que produzem no exterior, como Janssen e Moderna, continuam. Mas reclamou dos preços e das quantidades de doses oferecidas – especialmente pela Pfizer.

Na semana passada, o laboratório criticou as condições impostas pela Anvisa para a autorização do uso emergencial. A agência chegou a recuar, alterando algumas exigências.

Nesta quinta-feira (7), Pazuello reclamou das condições impostas pelo laboratório. Disse que a Pfizer quer, por exemplo, isenção completa de qualquer responsabilidade por efeitos colaterais da vacina. ‘O que nós queremos com a Pfizer? Que ela nos dê o tratamento compatível com o nosso país, que ela amenize essas cláusulas. Nós não podemos assinar desta forma. Mas aí vem a pergunta mais crucial: ‘Mas, ministro, quantas doses então a Pfizer ofereceu, já que tem tantas cláusulas? Vai resolver o nosso problema? Compre a Pfizer!’. 500 mil doses em janeiro, 500 mil doses em fevereiro, 2 milhões em março, 2 milhões em abril, 2 milhões em maio, 2 milhões em junho. Pensem se isso resolve o problema do Brasil”, falou.

E Pazuello negou que tenha tido fracasso na licitação da semana passada para compra de seringas e agulhas, mesmo após o governo só ter conseguido comprar menos de 3% dos 300 milhões de itens que precisava e ter que fazer uma requisição administrativa para conseguir 30 milhões de seringas da iniciativa privada. Em troca do material, o governo pagará uma indenização às empresas.

O ministro disse que considera que a situação está tranquila. “E isso já nos dá tranquilidade de ter o estoque regulador. Existem nos municípios, hoje, mais de 60 milhões de seringas contabilizadas pelos conselhos. Mas nós passamos aí do dia 29 de dezembro para cá sendo chamados de fracassados. Nós temos que seguir a lei. Eu precisava fazer o processo licitatório e ele foi feito”, defendeu.

Sobre as declarações do ministro Pazuello, a Pfizer declarou que tem um acordo de confidencialidade com o governo e não pode comentar detalhes da negociação; que todas as cláusulas pedidas pelo laboratório estão na mesma linha das apresentadas a outros países - como Japão, Israel, União Europeia e países da América Latina, que já começaram a vacinação.

A Pfizer afirmou que a primeira oferta para o Brasil foi feita em agosto de 2020, para entregar setenta milhões de doses em dezembro, e que continua com processo regulatório na Anvisa e à disposição do Brasil.


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Redação

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