Na sexta-feira passada (29/01) o BLUMENEWS teve a honra de conversar com o novo presidente da Câmara dos Vereadores de Blumenau, Egídio Beckhauser.

Em seu primeiro mandato, o quinto vereador mais bem votado da cidade, falou um pouco sobre sua jornada e planos enquanto parlamentar. Egídio que, diga-se de passagem, é um legítimo representante da dita ‘nova política’, mas nunca usou esse termo ou se valeu dessa bandeira para se beneficiar.

Natural de Armazém (SC) e filho caçula, ele veio jogar pelo BEC enquanto seus irmãos estudavam na Furb. Foram três anos morando nos alojamentos do Blumenau Esporte Clube até começar a se interessar pela estratégia e perícia que envolvem as responsabilidades de um treinador. Estudou para isso e trabalhou, no começo, em alguns lugares como a Shalom e a Malharia Cristina... locais que mantinham times.

Daí, com seu talento, ele alçou vôo trabalhando em vários outros locais e conquistando o vice-campeonato estadual no primeiro ano e logrando-se campeão invicto no segundo. Muitos de seus atletas hoje vivem disso e brilham nacionalmente em times de ponta.

Ele deixou as linhas de base e começou a treinar os adultos, quando chegou à Liga Nacional. Em 2015 esteve à frente da coordenação das linhas de base do Metropolitano e dois anos depois foi convidado para ser secretário na recém-criada Secretaria Municipal dos Desportos.

Sentindo que muitas ações nos esportes deixavam de ser praticadas por não ter respaldo legislativo, decidiu se candidatar a vereador. E foi uma decisão lógica, não uma aventura.

O homem que trabalhou tantos anos na área – fosse como voluntário, treinador, professor – passou três anos como secretário, botou equipes nas ligas, levou o nome da cidade para o país todo (fosse com o basquete, vôlei ou atletismo), aumentou o interesse público pelas competições e foi treinador em tantos locais onde marcou positivamente obviamente fixou seu nome e era promessa entre os então candidatos a vereador. E ele sabia disso.

Como um bom estrategista, o homem que até pouco tempo atrás sequer tinha filiação partidária conseguiu resultados extraordinários no seu primeiro pleito eleitoral. Algo que recebeu com entusiasmo, mas entendendo que foi fruto da sua estratégia e equipe.

Egídio não pautou seu projeto político apenas nos esportes (apesar de entender que a cidade precisa de maior orçamento desportivo, estrutura, uma arena poliesportiva e o tão sonhado estádio). "Vamos ser uma vela acesa para acender as demais", comentou.

Como treinador, ele usou de estratégia para se eleger: desde o material de campanha até a escolha do time. Como vereador não vai ser diferente. É um trabalho de mapeamento, expansão e escolha de pessoal ou, nas suas palavras, "antever movimentos". Para ele: "no esporte você tem que tomar decisão constantemente, rápido e o mais assertivo... aqui também". Ele traça o paralelo do olhar nos olhos tanto do atleta quanto do eleitor.

"Treinador tem que trocar o pneu do carro com o carro andando", afirma, salientando que na política a coisa não é tão diferente. "A gente tem a obrigação de dar o melhor independente de onde estiver", pontua.

Como presidente ele divide suas metas, muito sobriamente, em duas: administrativa e política.

Administrativa tem a ver com economia principalmente. Com o respeito ao dinheiro do cidadão. Ainda mais nesse momento tão adverso. Ver a necessidade dos contratos existentes e saber onde ele pode cortar para gastar menos. Além disso, tem a necessidade da sede própria da Câmara. Nosso Legislativo já cresceu e amadureceu o bastante para ter sua própria casa.

Ele afirma que, sem problemas de ego, vai analisar o projeto do ex-presidente Marcelo Lanzarin e entender a viabilidade. Mas deixa claro: "a câmara tem que ser de fácil acesso ao cidadão", concluindo, "o vereador não pode ter medo de o cidadão acompanhar a sessão".

Já sua meta política tem a ver com equilibrar as relações com o Executivo: ser parceiros nas ações benéficas ao município, mas jamais deixar de fiscalizar. Ele pretende abrir diálogo com os vereadores e abrir as cortinas para o eleitor, afirmando: "as ações de Blumenau não podem ser decididas entre quatro paredes" [...] "o vereador é a voz do eleitor... a voz do cidadão".

O homem que tanto contribuiu para a iniciação esportiva, que se dedicou a mostrar que a atividade física melhora a condição de vida (como ações com idosos no parque), ensinou jovens a terem autoconfiança, lealdade, respeito e ficarem longe das drogas diz ter como propósito contribuir para a comunidade.

Ele, que resgatou atletas que hoje são referência, fala deles com carinho, lembrando que o motivo do orgulho: “não pelo atleta que ele se tornou, mas pelo resgate do cidadão".

Para o futuro ele tem certeza de que dará o seu melhor e sairá tão tranquilo desse novo desafio quanto saiu – benquisto e necessário, aliás – dos outros papeis que já desempenhou. "A gente tem que ter intensidade no que faz”, disse, “tem que crescer na adversidade".

Daqui a quatro anos ele quer sair às ruas olhando as pessoas com a certeza de que as representou, fazendo o que era certo e andando de cabeça erguida.