Todo mundo está cansado de usar máscara. Mas não há escolha. O bom senso diz isso. E a Organização Mundial da Saúde (OMS) também. “Se todos usassem máscaras e álcool em gel essa pandemia jamais teria alcançado as proporções que alcançou”, disseram.

Mas eis que você sai de casa respirando o ar abafado pelo tecido, olha para o lado e percebe que dezenas de pessoas estão sem nada. Ignorância? Egoísmo? Boçalidade? Não interessa. São os moleques do bairro no campinho de futebol, o ignóbil que ainda acredita que a pandemia é conspiração ou a madame que não quer ter sua suposta beleza ofuscada. Eles – essa gente – são culpados por boa parte dos problemas que a Covid está causando.

Enquanto alguns usam suas máscaras – e outros, que vão mais longe ainda, evitam a todo custo sair de casa – um grupo acéfalo decide bater pernas como se fosse um dia normal.

“Mas eu não vou pegar nada”, disse alguém (fictício) antes de ser entubado. “A barba pinica”, falou um sujeito que dá mais valor a um desconforto passageiro do que à sua saúde. “Talvez eu tenha pegado e seja assintomática”, disse a funcionária de um comércio que mostrou, claramente com essa frase, que não se importa em contaminar os outros. Que se estiver doente sem saber, passar a uma senhora de 90 anos e matá-la... não se importa. Não é uma postura tão diferente (ou criminosa) do que as pessoas que passavam AIDS sabendo que eram soropositivas... guardadas as proporções, claro.

Mas, enquanto em locais civilizados existe um sentimento de sociedade, no Brasil não. Aqui é cada um por si. Abre-se a porteira e a boiada sai. Infelizmente, no meio desse estouro bovino, vai haver pessoas que estão tomando os devidos cuidados. E podem acabar sendo atropeladas. É quando, infelizmente, o Estado precisa intervir. E isso nunca é bom.

“Não há tirania sem mesquinharia” é uma boa máxima. Mas aqui ela não se aplica. Pela falta de civilidade, se não houver mão forte do governo a coisa vai continuar o mesmo circo de sempre. E, enquanto isso, a contagem dos cadáveres vai subindo.

Por conta disso... desses irresponsáveis cuja imbecilidade se tornou um risco sanitário... o governo do estado, em seu novo decreto, estabeleceu uma multa de R$ 500 para quem não usar máscara em espaço fechado. Poderia, sinceramente, ser em espaço aberto também. Até porque, a maioria dos locais ‘fechados’ não permite entrada sem máscara.

A medida entra em vigor amanhã e vai até as 6h da manhã de 5 de abril.

E você, analfabeto funcional que sentiu-se ofendido porque um pedaço de pano no rosto tira-lhe o único resquício de personalidade que tem, vai ter que comprar uma máscara. E usar. Senão serão R$ 500 para o estado. Depois entubação. E, quem sabe, a morte.