Em Blumenau 1.685 presos vão ser vacinados contra a covid, de acordo com parecer da Dive-SC) Diretoria de Vigilância Epidemiológica. No estado todo, são mais de 24 mil pessoas.

Exatamente isso. Enquanto você – lojista, cabeleireira, industrial, cobrador, bancário, entre tantos outros – aguarda ávido (a) por uma chance de ser vacinado (a), os presos – um câncer da sociedade que rouba, mata, seqüestra e estupra – vão passar na sua frente. É o setor produtivo sendo, novamente, vilipendiado por aqueles que sujam o mundo onde vivem.

Em Blumenau serão vacinados 870 detentos da Penitenciária Industrial e 810 do Presídio. Além, claro, de cinco trombadinhas da Casa de Similiberdade.

Quer sentir indignação? Sinta. Afinal, você paga essa conta. Mas a culpa não é da prefeitura, do governo do estado ou do presidente da República (que queria, enquanto deputado, castrar estupradores quimicamente). A culpa é da Constituição que encheu de direitos aqueles que cerceiam os seus.

Diz-se que “os que estão presos, por terem suas vidas nas mãos do Estado, têm que ter sua assistência garantida constitucionalmente”. É por isso que eles têm vantagens. Quando você estiver esperando na interminável fila de atendimento do pronto-socorro do Hospital Santo Antônio e vir uma viatura trazendo um preso, tenha uma certeza: ele vai passar na frente de você e de todos que lá estiverem esperando. Porque ele está sob ‘os cuidados do Estado’. Então, enquanto um padeiro com úlcera, uma puérpera com labirintite ou um empresário  hipertenso estão horas esperando atendimento, um bandidinho qualquer que arrumou briga e machucou a patinha vai ser priorizado. E você, que já pega pela refeição e estadia dele, vai ser obrigado a ceder também seu lugar na fila de atendimento do hospital.

Afinal, esses ditos ‘privados de liberdade’ são quem priva você da sua. Quem te obriga a ter muros, câmera de vigilância, alarme e, ainda assim, andar com medo. Eles não estão privados de liberdade, eles SÃO quem priva você da sua.

Ontem uma moça quase foi estuprada ao descer de um ônibus da Itoupavazinha. Ela com 29 anos e o criminoso com 26. E sabe qual é a parte mais revoltante dessa ironia? Ele vai ser vacinado em breve, enquanto ela vai precisar esperar meses até que a fila de vacinação chegue à sua idade. E se ela pegar covid? E se morrer? É mais uma vida para a conta do Estado.

“Mas eles vivem aglomerados”, muitos podem dizer. E os barbeiros (que ficam cara a cara com os clientes)? E os motoristas de ônibus, de taxi ou de Uber? E o caixa de banco (que passa o dia numa sala fechada com ar-condicionado)? E o atendente da lotérica (que mexe com dinheiro)? Essas pessoas são menos importantes para o Estado do que quem, frequentemente, as furta, assalta, agride, seqüestra, estupra ou mata. E alguém ainda acha que uma sociedade assim pode dar certo?

É minimamente justo – ou coerente – que o Seu Zé (pessoa fictícia), que trabalha 10 horas por dia em sua marcenaria, tenha que ceder a fila para um sujeito que roubou o carro da sua filha ontem? Sujeito, aliás, que come e dorme às custas do trabalho de sua própria vítima, contribuinte que é?

Não. Não é justo. Tampouco coerente. E muito menos aceitável. Chega a ser tragicômico imaginar que o criminoso vai estar imunizado, mas seu advogado, pessoa honesta,  ainda não.