Qualquer um que use as ruas de Blumenau nos horários de pico sabe o problema das filas de carros. E, em parte, esse problema acontece porque a cidade tem poucas vias de escoamento de tráfego no Centro. Aliás, Centro aonde convergem boa parte do fluxo automotivo da cidade.

Precisa ir do Garcia à Fortaleza? Centro. Necessita se deslocar da Ponta Aguda à Velha? Centro. Da Fortaleza à Velha ou do Garcia à Ponta Aguda... tanto faz... você vai precisar obrigatoriamente passar pelo Centro. E mesmo lá há apenas três grandes ruas e poucos afluentes que as liguem.

Rua Nereu Ramos, Alameda Rio Branco, Ângelo Dias, Floriano Peixoto, Caetano Deeke, Paul Hering, Padre Jacobs, Presidente John Kennedy, Namy Deeke e Amadeu da Luz são as únicas ruas que ligam as três principais vias de uma região que conta com as três maiores escolas, os três maiores hospitais, o mais movimentado Shopping Center e o maior fluxo comercial da cidade. Dez ruas para suprir toda a demanda de um município que afunila no Centro.

A prefeitura sabe disso. Tanto que duplicou a ponte que liga a Beira-Rio à Ponta Aguda. Mas parece que nem todos têm bom senso ou, pelo menos, o mínimo de noção lógica.

Meses atrás o Executivo começou obras para revitalizar a Rua Curt Hering. Boa ideia. Muitos barzinhos colocavam nas calçadas cadeiras que espremiam o passeio-público. Seria uma solução prática e bonita para a rua mais elegante da cidade. Carros poderiam passar normalmente, ficando vedado apenas o estacionamento. Nada que impactasse muito.

Eis que o vereador Carlos Wagner (PSL) tem a péssima ideia de querer criar um calçadão em partes da Curt Hering e na Floriano Peixoto. Sim, uma cidade que já sofre afunilamento por falta de vias de escoamento perderia duas ruas. Isso para criar uma via gastronômica onde tem apenas meia dúzia de barzinhos. Muito diferente de uma proposta anterior que pretendia nomear como vila gastronômica a Antônio da Veiga, essa, sim, repleta de bares e restaurantes.

Wagner, vulgo Alemão, não parece mal intencionado. Muito pelo contrário. Parece esforçado, porém perdido. E a composição de sua CPI da Blumob mostra isso. Mas é um péssimo projeto que tramita na Câmara. Um desserviço a  milhares de blumenauenses que pegam filas todos os dias.

E piorando ainda mais a situação, o nobre edil parece não ter se atentado para um fato gravíssimo: quando uma ambulância vem da XV de Novembro em direção ao Hospital Santa Isabel ela precisa, obrigatoriamente, entrar na Floriano Peixoto. A não ser, claro, que ele espere que o veículo dê uma volta enorme e transforme o paciente em defunto. Mas não parece ser o caso.

É só um projeto mal pensado que, se aprovado, pode causar grande transtorno para a sociedade. E quantos projetos e idéias estúpidas acabam sendo aprovados à revelia do interesse público?