A hipocrisia de quem avalia a viabilidade da Havan

A hipocrisia de quem avalia a viabilidade da Havan
Foto: Divulgação

Monday, 26 July 2021

O Conselho que permite a existência de casas em decomposição, prédios em ruínas e ignora a decadência do que deveria ser um Centro Histórico tenta impedir um empreendimento que, na pior das hipóteses, traria vida para a região.

E mais um show de hipocrisia desnecessária vai começar.

Como a maioria sabe, a Havan pretende montar uma megaloja na Rua das Palmeiras, no vergonhosamente decrépito e decadente Centro Histórico da cidade. O projeto – que pode servir como âncora para que outros empreendimentos explorem aquele espaço, trazendo vida à uma nobre região tristemente abandonada – já foi defendido pela Fundação Catarinense de Cultura (FCC) e o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Só o peso da importância do Iphan já deveria ter grande relevância. Mas para a mente provinciana não tem.

O Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Cultural Edificado (Cope) deve se reunir para debater, mais uma vez se veta ou autoriza a construção do empreendimento. Como se o Cope tivesse qualquer resquício moral ou bagagem técnica para discordar do Iphan.

Os conselheiros afirmam que a loja vai destoar do ‘Centro Histórico’. Os mesmos conselheiros que, de forma covarde ou omissa, nunca se manifestaram sobre o casarão azul apodrecendo ao lado da Câmara dos Vereadores, a carcaça de um prédio que envergonha a região ou tantos outros casarões abandonados, pichados e de grande serventia para usuários de drogas. Não. O Cope não interfere nessas construções porque, por trás delas, estão nomes influentes na cidade. Nomes que eles não querem aborrecer. Nomes que, diferente do Luciano Hang, moram na cidade e crêem, mesmo que erroneamente, mandar nela.

Um centro que deveria ser histórico se tornou uma rua perigosa e escura à noite, evitada por muitas pessoas. Um local deserto e cheio de ruínas do que, um dia, foi História. Uma mega loja traria luz, movimento e vida em um terreno onde, um dia, existiu um belo estádio de futebol. Estádio, histórico, que foi demolido sem um único pio do Cope.

Insegurança a rua pode ter. Violência a rua pode ter. Casarões cujo estado tornou-se um risco à segurança pública a rua pode ter. Um prédio abandonado e sem futuro a rua pode ter. Mas, é claro, que o prédio em questão não atrapalha a vista da bela entrada de um clube.


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Ricardo Latorre

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