Bolsonaro tira R$ 40 milhões de obras em estradas de SC

Bolsonaro tira R$ 40 milhões de obras em estradas de SC
Foto: Divulgação

Monday, 06 December 2021

Nosso estado, o mais bolsonarista do país, sofre mais um boicote enquanto o presidente tenta bajular o nordeste para disputar os votos do Lula através de assistencialismo barato (nem tão barato).

Se tem uma coisa que podemos afirmar de forma imparcial e com certeza sobre o presidente Jair Bolsonaro é que ele não honra seus compromissos e demonstra grande deslealdade a seus aliados, acumulando inimigos que afirma o terem traído.

O homem que criticava o Centrão e hoje não apenas chafurda em sua cama, mas se diz representante do grupo que criticava. O candidato que afirmava ser anti-Sistema só por não fazer parte dele.

Ele sancionou o Fundão Eleitoral, o juiz de garantias, a Lei de Abuso de Autoridade, limitações à delação premiada, restrições à prisão preventiva, a soltura de presos não submetidos a Audiência de Custódia, pagamento de honorários advocatícios com Fundo Partidário (sem que entre na conta dos gastos de campanha), a mudança do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF) para o Banco Central,  o fim do voto de qualidade do Conselho de Administração de Recursos Fiscais (beneficiando investigados no tribunal da Receita Federal), a isenção da necessidade de visto para o Qatar (país considerado terrorista), enfraqueceu o Pacote Anti-Crime, interveio na Polícia Federal com fins (no mínino) questionáveis (como a proteção dos filhos), enterrou a prisão em segunda instancia, nomeou pessoas com laços petistas para a PGR (Augusto Aras), o Ministério da Justiça (André Mendonça), a AGU (José Levi), o TCU (Jorge Oliveira), STF (Kassio Nunes), a liderança do Governo na Câmara (Ricardo Barros) e no Senado (Fernando Bezerra). Não demitiu os laranjas do governo, desarticulou a Lava Toga, acabou com a transparência dos gastos milionários do seu cartão corporativo, bateu recorde de liberação de emendas partidárias (o Bolsolão), recriou o Ministério da Comunicação, não extinguiu a TV pública EBC, criou a estatal NAV Brasil, excluiu a nata do funcionalismo público de sua pseudo reforma administrativa, teve encontros brumários com lobistas (como Frederick Wassef) e usou a máquina pública (GSI e ABIN) para auxiliar o filho Flávio das acusações de rachadinha. Para citar alguns.

Essas, claro, foram só as causas que ele jurou defender, mas traiu. Houve as pessoas – como Gustavo Bebianno, Luciano Bivar, Danilo Gentilli, Joice Hasselmann, general Santos Cruz, Delegado Waldir, Sérgio Moro, Wilson Witzel, João Dória, Paulo Marinho, Major Olímpio e Oswaldo Eustáquio – e também os escândalos, como os alegados pedidos de propinas para as vacinas, os medicamentos superfaturados em plena pandemia, os diversos esquemas de rachadinha, o ‘Tratolão’, as irregularidades em contratos com informática, os discursos flertando com o golpismo e o envolvimento da esposa em transações financeiras.

Apesar disso, Santa Catarina sempre apoiou o presidente. Nacionalmente, o eleitor catarinense está para Jair Bolsonaro como o eleitor baiano está para o Lula. É o estado mais bolsonarista do Brasil, de fato. No entanto, tem sido cada vez menos. E vai diminuir ainda mais.

Enquanto o governo catarinense investe quase meio bilhão de reais em obras da União, o Governo Federal cortou quase R$ 40 milhões das obras de duplicação da BR-470 e da BR-163, reduzindo quase à metade os investimentos.

Em agosto, quando tais obras quase pararam por falta de aporte financeiro, o Ministério da Economia repassou míseros R$ 10 milhões. Vendo a precariedade da situação, o Congresso Nacional adicionou mais R$ 57,6 milhões à cifra. Os parlamentares do estado – em sua absoluta maioria bolsonaristas – comemorou muito. E agora o ministro Paulo Guedes retirou mais da metade do que havia sido conseguido. O mesmo Paulo Guedes ‘liberal’ que prometia privatizações, criou estatais e propôs a criação de um ministério só para administrá-las (o que tornaria ainda mais cara a máquina pública). O mesmo Paulo Guedes que investe em países cujas economias não são administradas pelo Paulo Guedes (o que é compreensível).

E assim – com discursinho barato e mentiras caras – Jair Bolsonaro vai dia após dia perdendo apoio. E nós, que pagamos impostos altíssimos, ficamos sem estradas de qualidade. Mas não é responsabilidade dele. Nunca é. Deve ser culpa do Aristides.


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Ricardo Latorre

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