A Blumob quer que você passe sede

Thursday, 20 March 2025
A nova Estação de Tratamento de Água - que promete sanar o abastecimento para 100 mil pessoas - esbarra na falta de senso de urgência da empresa que explora o transporte coletivo de Blumenau.
As obras de construção da nova Estação de Tratamento de Água (ETA 5), que ficará localizada na Rua Ari Santerri (Salto do Norte) já estão bastante adiantadas.
Quando for entregue à comunidade, a estação produzirá 300 litros de água tratada por segundo, abastecendo Badenfurt, Fidélis, Fortaleza Alta, Itoupava Central, Itoupavazinha, Salto do Norte e Testo Salto. Sete bairros na região norte, que sofre com a recorrente falta de água afetando cerca de 100 mil pessoas e causando enorme transtorno .
A previsão é de que entre em operação ainda em outubro.
Na quinta-feira da semana passada (13), o vereador Jovino Cardoso (PL) subiu à tribuna para relembrar que, hoje, os moradores da região são abastecidos com apenas 130 litros de água tratada por segundo e ressaltar a importância do projeto, que define como “o maior canteiro de obras de Blumenau”.
Contudo, em sua fala, chamou atenção para o fato de que a Blumob está ocupando um imóvel que tem obstruído os trabalhos de construção da Estação, protocolando um requerimento para que a empresa desocupe o local o quanto antes.
“Desde o começo tenho solicitado a criação da Estação de Tratamento e fiscalizado sua obra, justamente por conhecer a realidade dos moradores da Região Norte e, como ex-servidor do SAMAE, entendo a importância que essa ETA terá”, afirma Jovino.
Já o vereador Almir Vieira (PP) não economizou o seu latim: “Não vou aqui pedir ‘por favor’ para a Blumob porque quando ela assinou contrato com a cidade de Blumenau o primeiro item que tem no contrato é um terreno pra eles construírem uma garagem... e até agora eles estão usando a estrutura do município... até agora estão fazendo o que querem... [...]... já tiveram tempo suficiente para colocar uma garagem para eles [...] agora, por conta de uma questão que eles não têm lugar, nós vamos deixar de parar de fornecer água pra região que mais falta água em Blumenau, que é a região Norte?”, questionou de forma enfática.
Para quem não está entendendo o problema, anos atrás a prefeitura permitiu que a Blumob usasse um terreno de 8,1 mil m² justamente na rua onde a ETA está sendo feita. Para que as obras sigam como devem, a Blumob deve deixar o imóvel que não foi comprado por eles, mas sim emprestado pela prefeitura sem custos à concessionária.
Inclusive, já consta que a empresa de ônibus – que irá explorar (literalmente) a cidade por 25 anos – adquiriu outro terreno entre as ruas Ewaldo Jansen e Rudolf Roedel (Salto Weissbach).
Conclusão
A verdade é que a Blumob quer ganhar o máximo gastando o mínimo e não se importa com as conseqüências.
Uma empresa com uma influência perturbadora sobre o Executivo que conseguiu outdoors pagos pela prefeitura logo em sua inauguração, colocou um incoerente corredor de ônibus na Rua Itajaí (que tem apenas uma linha fixa com poucos horários), diminuiu sua frota, tirou linhas, horários, mudou percursos, tem um dos piores aplicativos de Blumenau e anualmente extorque a prefeitura exigindo de forma gandula que pague pelos prejuízos que tem.
Isso, claro, sem falar no valor da passagem de ônibus: uma das mais caras do Brasil para um serviço de péssima qualidade, com ônibus pouco confortáveis, motoristas que nem sempre respeitam os horários e terminais inseguros repletos de pedintes.
Mas, sobre isso, logo mais faremos uma matéria especial.
A verdade é que a Blumob se importa tanto com sede de 100 mil pessoas quanto respeita seus milhares de usuários diários a quem achaca e atende da pior forma possível dando a triste impressão de que, no final, desde que haja lucro, nada mais interessa.
A nova ETA será entregue esse ano? Provavelmente sim. Mas não por conta de uma empresa que entrou pelos fundos na cidade e tem agido de forma pouco leal com seus próprios clientes. Quando a estação inaugurar, será por conta dos esforços políticos de pessoas como Jovino, Almir, o prefeito Egídio Ferrari (PL) e as associações locais, não pela boa intenção da empresa que tem fingindo não ser o empecilho para a resolução de um problema histórico.
Que, ao final do ano, brindemos a isso. Mas com uma água que certamente não vem daqueles que nos exploram e tanto ainda pretendem explorar... com anuência da AGIR.