A Prefeitura de Blumenau anunciou um novo modelo de contratação para os serviços de infraestrutura urbana, justificando que o atual sistema — fragmentado em diversos contratos e empresas — é um verdadeiro caos operacional. A administração municipal reconhece que essa divisão tem provocado atrasos, gargalos e desperdício de recursos.

Um exemplo grotesco dessa desorganização está no simples conserto de uma tampa de bueiro ou grelha: enquanto o material já chegou, a equipe técnica ainda não apareceu, ou o contrário. O resultado é um serviço emperrado, mais caro e menos eficiente. O problema se agrava com o fato de que cada empresa terceirizada tem sede em pontos diferentes da cidade, o que piora a logística e emperra qualquer tentativa de resposta rápida.

No entanto, o grande elefante na sala — e o verdadeiro responsável por transformar Blumenau num campo minado de buracos — atende pelo nome de BRK Ambiental. A concessionária de esgoto, que deveria zelar pela infraestrutura urbana, tem promovido verdadeiras mutilações no asfalto da cidade. Ruas inteiras foram rasgadas e, quando tampadas, o fazem com um descaso revoltante: remendos malfeitos, desnivelados, que somem com a qualidade do pavimento e colocam motoristas, ciclistas e pedestres em risco constante. O serviço da BRK não é apenas negligente — é um insulto à inteligência do contribuinte blumenauense.

A situação é tão escandalosa que há bairros em que é impossível dirigir sem se desviar de crateras. A má conservação das vias, aliada à atuação irresponsável da BRK, tem aumentado a revolta da população e exposto a fragilidade da fiscalização da gestão Egidio Ferrari (PL), que parece mais empenhada em maquiar o problema do que enfrentá-lo de fato.

Para tentar reorganizar esse caos, o novo edital propõe concentrar toda a operação em contratos por lote, com fornecimento de material, mão de obra e equipamentos sob responsabilidade única. A promessa é de redução de custos indiretos e mais agilidade na fiscalização. O valor total previsto pode chegar a R$ 35 milhões, com possibilidade de redução conforme a concorrência. O contrato tem prazo inicial de um ano, prorrogável por até uma década.

Mas nenhuma promessa fará diferença se a BRK continuar agindo com tamanha impunidade e se o governo municipal não assumir seu dever de proteger a cidade dos abusos da concessionária. Independente da atual CPI instaurada punir seus reais culpados ou meramente usar o já lotado forno à lenha da 'pizzaria' de Blumenau.