Por que as gerações 50+ superam os jovens em resiliência?

Por que as gerações 50+ superam os jovens em resiliência?
Foto: Divulgação

Tuesday, 23 December 2025

Estudo revela que o estilo de vida das décadas de 1960 e 1970 desenvolveu habilidades emocionais que estão se tornando escassas entre as Gerações Z e Alfa.

Enquanto as gerações Z e Alfa crescem imersas em algoritmos de gratificação instantânea e inteligência artificial, especialistas em psicologia e educação acendem um alerta: estamos perdendo as chamadas 'fortalezas mentais'. Uma pesquisa recente, publicada pelo jornal francês Ouest-France, aponta que os nascidos nas décadas de 60 e 70 possuem habilidades cognitivas e emocionais que a juventude atual tem dificuldade em desenvolver.

A principal diferença reside no contraste entre o imediatismo digital e a 'lentidão' do século passado. A necessidade de esperar, a ausência de telas e a exposição direta ao tédio forjaram uma estrutura psicológica que hoje é considerada um diferencial competitivo e de saúde mental.

As sete habilidades escassas na Era Digital

De acordo com psicólogos, quem viveu a infância e juventude antes da internet desenvolveu traços que funcionam como um "escudo" contra a ansiedade moderna:

  1. Paciência e foco: Sem feeds infinitos, o tédio era o motor da criatividade. Ler livros densos ou ouvir álbuns completos treinou o cérebro para a atenção sustentada, algo raro na era dos vídeos de 15 segundos.

  2. Tolerância à frustração: Nas décadas de 60 e 70, o fracasso era visto como parte do processo. "Não se distribuíam troféus por participação", afirma a Eluxe Magazine. Isso ensinou que a vida nem sempre é justa, preparando o indivíduo para percalços reais.

  3. Gestão direta de conflitos: Antes do WhatsApp, os problemas eram resolvidos cara a cara. Isso desenvolveu a capacidade de interpretar linguagem corporal e exercitar a escuta ativa, habilidades fundamentais para a inteligência emocional.

  4. Tolerância ao desconforto: A espera (pela informação, por uma carta ou por um programa de TV) gerou flexibilidade emocional e resiliência a longo prazo.

  5. Satisfação com o real: Com menos exposição à vida "perfeita" das redes sociais, as expectativas eram mais realistas, resultando em menores níveis de ansiedade sobre o "ter" e o "ser".

  6. Autorregulação emocional: O autocontrole exercitado na infância dessas gerações está associado, segundo estudos, a menores índices de estresse na fase adulta.

  7. Autonomia precoce: A necessidade de assumir responsabilidades cedo forçou o amadurecimento e a capacidade de tomar decisões sem supervisão constante.

Sem idealizações: o peso da realidade

Embora o estudo destaque as fortalezas mentais, historiadores e psicólogos lembram que o período não deve ser romantizado. No Brasil, as décadas de 60 e 70 foram marcadas por contextos sociais duros, onde muitos jovens precisavam começar a trabalhar aos 14 anos para sustentar a família.

O desafio atual, segundo os especialistas, não é "voltar no tempo", mas encontrar formas de integrar essas habilidades analógicas no mundo digital, garantindo que as novas gerações não se tornem emocionalmente frágeis diante de uma inteligência artificial que faz tudo por elas.


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Redação

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