Educação infantil: o alicerce para uma vida de ensino

Educação infantil: o alicerce para uma vida de ensino
Foto: Rick Latorre

Monday, 26 March 2018

Conversamos com especialistas da escola Princesa Isabel sobre a educação na primeira infância, justamente aquela que começa a preparar o indivíduo para todo o resto da sua vida acadêmica.

Todos os dias somos saturados por notícias – na grande maioria negativas ou alarmistas – que compreendem desde a violência em grandes centros urbanos, à inflação disfarçada que tem estremecido a economia, ou aos escândalos políticos chocantes que têm chocado cada vez menos um povo quer já tem se acostumado ao inaceitável ou aos riscos que nossa própria espécie traz ao planeta que nos dá abrigo.

Além de vender jornais (principal função para a propagação de tanta tragédia nem sempre tratada com a devida seriedade) essas informações têm feito as pessoas procuraram em correntes filosóficas, religiosas e até mesmo em figuras públicas alguém que vá deixar as coisas do jeito que deveriam ser.

Num mundo onde os super-heróis do cinema não existem e a polarização contribui cada vez mais para afastar as pessoas – que se repudiam por conta de suas diferenças ao invés de juntarem-se por suas similaridades – uma unanimidade surgiu: a Educação.

Educação é um substantivo abstrato do gênero feminino grafado como uma oxítona composta morfologicamente pelo prefixo ‘educar’ e pelo sufixo ‘ação’. É um verbete simples composto de oito letras. Não é um alienígena que nasceu num distante planeta, nem um deus mitológico teutônico ou um espião inglês viciado em Martini, mas ainda assim pode salvar o mundo.

Abstrata como é, a Educação muitas vezes sofre com a desinformação ou até contra-informação que tem-se sobre ela e, portanto, ‘ser educado’ passa a ter diferentes conotações de acordo com as múltiplas interpretações de cada um.

  • “Essas músicas como ‘Que Tiro Foi Esse’ da Jojo Todynho deseducam o jovem, que poderia estar ouvindo ‘Harlem Nocturne’ do Duke Ellignton”;
  • “Hoje o jovem prefere ver esses reality shows sem nenhum conteúdo a prestigiar uma peça de teatro que agregaria valor à sua bagagem educacional”;
  • “A professora da creche é um absurdo: ela nem ensinou meu filho a se auto-higienizar quando usa o banheiro... o cúmulo”;
  • “As faculdades de hoje em dia não servem para mais nada porque, seguindo a cartilha do Paulo Freire, elas apenas criam massas de manobra com pouca capacidade de discernimento ao invés de educar os seus alunos, que seria sua função primordial, criando assim militantes úteis para causas brumárias”;
  • “Que menino mal educado... sua professora não lhe ensinou a agradecer?”;
  • “A infantolatria criou um fenômeno irreversível na atual geração: nunca tantas pessoas deram tanta opinião com tamanhas certezas sobre assuntos aos quais desconhecem na sua totalidade, demonstrando o completo colapso educacional brasileiro”.

As seis frases acima foram realmente ditas por pessoas públicas em revistas, sites e emissoras de televisão e têm um único elemento em comum: cada uma delas conceituou ‘Educação’ de uma forma diferente.

Mas 'predileção cultural' não é um reflexo da educação? A não ser que sejam impositivos, são reflexos das escolhas individuais e dos meios nos quais cada um vive. E ensinar a criança a usar o banheiro ou saber se portar com outras pessoas? É educação, claro, mas cujo principal deliberador é a família não a escola (ou qualquer outra instituição que seja, mesmo que esta possa dar o devido suporte). E quanto a se permitir doutrinar por professores panfletários ou dissertar longamente sobre assuntos cujo único embasamento são rasos comentários ouvidos de terceiros? Essa é a capacidade – já de alguém na adolescência – de questionar o que julgar aceitável, concordável ou discordável e então buscar os seus argumentos.

Eis o problema com a ‘educação’: a falta de precisão que se tem, geralmente, ao defini-la.

De acordo com uma das definições do Wikcionário educação é a ação ou o processo de dar ou receber conhecimentos gerais, de modo a desenvolver o poder de raciocínio e julgamento e, geralmente, preparar intelectualmente a si mesmo ou aos outros para a vida adulta. E é justamente nesse ponto que incide o cerne real da questão.

Governos de todos os tipos, bandeiras e esferas de poder sempre afirmam que a Educação é primordial para uma Nação. E, de fato, é. Mas será que parte da efetividade de ações como as criações de novas faculdades terão o mesmo êxito se antes não for melhorada a Educação de Base?

Qualquer agricultor sabe que é a saúde do broto quem vai determinar quão frondosa será a árvore bem como todo treinador sabe que é nas escolinhas de base (como de futebol) que inicia-se o preparo de alguém que, um dia, poderá se tornar um atleta olímpico.

Por que com as escolas deveria ser diferente?

Foi seguindo essa linha de raciocino que o BLUMENEWS foi até a Escola de Educação Infantil Princesa Isabel, que é uma das mais conceituadas e respeitadas da região do Vale do Itajaí.

Afinal, quem melhor do que professores e coordenadores que lidam com a pluralidade de crianças nos primeiros estágios de suas vidas para dizer como garantir que os caminhos daqueles que são o nosso futuro sigam as mais proeminentes direções que possam tomar?

A escola surgiu a mais de meio século, abriga alguns dos mais qualificados professores da cidade, é responsável pelo mais precioso tesouro de muitas famílias (seus filhos) e tem formado muito mais do que crianças habilitadas para entrar na escola: tem preparado pequenos cidadãos com conceitos bem definidos de civilidade, ética, responsabilidade e sociabilização.

E basta olhar para os rostos felizes e brilhantes olhinhos em formato sorridente de meia-lua para entender que aprender, quando feito da forma certa, pode ser divertido. Desde arrumar a bagunça na sala de aula com os amiguinhos até cantar o hino da escola.

Para a diretora Heloísa Cristina Schuster a necessidade de conhecer o mundo surge logo na primeira infância e, em excelente texto redigido por ela, é dito: [sic] “Para ter segurança em deixar o seu filho é preciso ter confiança na escola. Durante a visita, procure saber se ela tem uma filosofia que reflita o modo  de vida e valores semelhantes aos de sua família. Confira se os professores são afetuosos, se tem formação específica e procure conhecer um pouco sobre a proposta pedagógica da escola. Também é essencial que a escola assuma a função indissociável de cuidar e educar, estimulando as crianças de acordo com a sua fase do desenvolvimento” [sic].

Heloísa esteve na Alemanha onde pôde ver a importância que o Primeiro Mundo dá à real educação dos pequeninos e divide seus dias entre as filias da escola, a atenção aos pais e também aos professores, a quem procura dar todo o aporte necessário.

Uma das mais amadas professoras da instituição, Sandra Scharf Neuwiem – cujo amor pela Educação, pelas crianças e pela Pedagogia são marcas indeléveis testemunhadas por todos que a conhecem – afirma que nas últimas décadas o próprio ato de educar sofreu drástica evolução. Ele nos conta que antigamente os professores apenas tomavam conta das crianças, mas que hoje há várias atividades e metodologias para ajudar a desenvolver cada vez mais suas aptidões motoras, intelectuais e sociais, aprendendo conceitos como respeito, responsabilidade e limites.

Ela enfatiza que a atividade lúdica é parte preponderante da Educação Infantil, pois com brincadeiras as crianças aprendem a trabalhar em equipe, fortalecer laços de amizade, compreender a importância que as consequências de suas ações têm para seus coleguinhas e, acima de tudo, aprendem sorrindo.

Certamente Sandra é um exemplo vivo de como uma professora deve ser e que imagem deve passar, afinal sua filha Caroline – formada em Psicologia e Pedagogia – seguiu os passos da mãe: quando pequena foi aluna na Princesa Isabel e hoje, adulta, é professora, cuidando de seus alunos com o mesmo carinho e dedicação com o qual ela mesma foi cuidada, acrescentando seus conhecimentos psicológicos à ternura com a qual lida com seus aluninhos.

Assim como o ditado popular diz que “o café da manhã é a refeição mais importante do dia” (justamente por ser a primeira) a Educação de Base é aquela que irá preparar seu filho para adentrar os ensinos Fundamental, Básico, Superior, Pós, Mestrado, Doutorado ou PhD. Até porque uma jornada que começou da forma correta muito provavelmente não desandará pelo caminho.

Certamente a criança que entende que morder o coleguinha é errado (empatia) não cometerá atos ilegais daqui a 20 anos, bem como a turma que aprendeu a organizar a bagunça de brinquedos que espalhou (responsabilidade) dificilmente será a mesma que negligenciará o bem estar alheio em prol de qualquer benefício que seja.

Quando os governos entenderem a necessidade de explicar para os pequenos (aqueles ainda na primeira infância) os mais básicos conceitos de cidadania então, quem sabe, possamos começar a ver os bilhões investidos em educação posterior gerando bons frutos.

E, com toda a certeza do mundo, uma criança que cresceu sob a tutela de professores qualificados saberá se portar nas mais diversas situações, terá independência para não precisar que façam nada por ela, curiosidade suficiente para buscar argumentos que embasem seus pontos de vista e senso crítico o bastante para não se deixar influenciar pelo meio que lhe cerca.

Porém é importante lembrar que aquilo a definir se a criança, quando um jovem adulto, vai preferir Martha Argerich à Anitta, tem a ver com suas influências sociais e pessoais, sendo que nesse aspecto muito pouco ou quase nada uma escola ou até mesmo a família podem fazer, considerando a liberdade individual de escolha, mas sempre há direcionamentos que podem ser apontados.

Abaixo veja algumas imagens da instalação da escola. Apenas lembre-se, claro, que por mais que os brinquedos pareçam incríveis (e são) eles não poderão aceitar que você se matricule aos 30 anos de idade só para viver uma segunda infância. Que pena!


>> SOBRE O AUTOR

Ricardo Latorre

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