Greve causa falta de combustíveis em diversos postos pelo país

Greve causa falta de combustíveis em diversos postos pelo país
Foto: Ricardo Moraes

Thursday, 24 May 2018

Até mesmo aeroportos e abastecimento de alimentos em supermercados podem ser afetados pela justa greve contra os abusos do governos.

Apesar de aceno do governo com a proposta de reduzir o imposto sobre o diesel, caminhoneiros realizam nesta quarta-feira o terceiro dia de protesto contra a alta nos combustíveis. Com o bloqueio de vias, há falta de gasolina em alguns postos do Rio e de outras cidades. E em várias capitais há menos ônibus em circulação.

No Rio, há vários postos sem gasolina, diesel ou etanol na Zona Sul e na Zona Norte. Como os caminhões não chegam até os postos, falta combustível. O Sindicomb Rio, sindicato do setor, avalia que nunca houve um desabastecimento tão grande nos postos da capital, embora esta não seja a primeira greve de caminhoneiros a atingir todo o país. A Federação das Empresas de Transportes de Passageiros do Estado do Rio de Janeiro (Fetranspor) disse que, com o desabastecimento de óleo diesel, cerca de 40% da frota não foram para as ruas por indisponibilidade de combustível, comprometendo o transporte de passageiros, especialmente na Região Metropolitana. Por conta do aumento na demanda, o Metrô Rio anunciou um reforço em suas operações durante a quarta-feira.

Assim como aconteceu no Rio, a SPUrbanuss, que representa as empresas de transporte coletivo de São Paulo, informou que já a partir desta quinta-feira os ônibus da capital terão dificuldade para operar. Oito das 14 concessionárias associadas ao sindicato têm diesel para "operar apenas parcialmente" nesta quinta-feira. As outras seis empresas informaram que "o óleo diesel em estoque é suficiente para manter a operação da frota até sexta-feira". "As viações avisaram a prefeitura e pedem ajuda da Secretaria de Segurança Pública para escoltar as carretas com diesel até as garagens".

Paulo Miranda, presidente da Fecombustíveis, que reúne os postos revendedores do país, disse que a falta de combustível vai se agravar. Ele lembra que as entregas de combustíveis já estavam irregulares ontem e que nesta quarta-feira a situação se agravou com o forte bloqueio que os caminhoneiros estão fazendo nas bases das distribuidoras em vários pontos do país.

- Desde a última segunda-feira, os postos estão sem receber regulamente os produtos. Amanhã milhares de postos estarão sem gasolina. O que agrava a situação são as pessoas procurando os postos para abastecer. Em muitos postos a média de venda de combustíveis dobrou. Amanhã vai ter um colapso se o bloqueio nas bases continuar - destacou Paulo Miranda.

O presidente do SindEstado, que reúne a revenda no Estado do Rio de Janeiro, Ronald Barroso do Couto, afirmou que já está faltando combustíveis em postos em várias regiões do Estado do Rio. Em Campos e em outras regiões do Norte Fluminense mais da metade dos postos já não têm combustível.

- Os postos trabalham com dois a três dias de estoques, e estamos sem receber o produto desde segunda. - destacou Ronald Barroso.

A falta de abastecimento ocorre porque os portos estão sendo bloqueados. Em Santos, o maior do país, nenhum caminhão conseguiu ter acesso às áreas de embarque e desembarque, devido aos bloqueios nas rodovias. A greve também afetou o Porto de Paranaguá (PR).

O movimento teve a adesão de mais profissionais e o número de interdições somente em rodovias federais chegou a 275 pontos nesta terça-feira, segundo dados da Polícia Rodoviária Federal (PRF).

A Agência Nacional do Petróleo (ANP), por sua vez, flexibilizou a exigência de acréscimo de 10% do biodiesel no diesel, já que os bloqueios dificultam a distribuição do biocombustível. A ANP alertou ainda que há preocupação com o abastecimento de aeronaves nos aeroportos de Brasília e de Guararapes, em Pernambuco.

Na manhã desta quarta-feira, o protesto se estendia, às 7h, no acostamento do km 182 (Paraíba do Sul) e do km 281 (Volta Redonda) da BR-393, segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF). Em Nova Iguaçu, os manifestantes ocuparam a beira da via do km 17 da BR-465 e, em Guapimirim, o km 104 da BR-116.

Os caminhoneiros também mantiveram o bloqueio na Rodovia Régis Bittencourt em ao menos dois trechos nesta quarta-feira. A informação é do G1, que cita informações da concessionária que administra a estrada, principal corredor entre São Paulo e os estados do Sul do país.

A rodovia está interditada nos dois sentidos nos trechos do km 470, na região de Jacupiranga, SP, ao km 477, sentido Sul; e km 478 ao km 477, sentido Norte. Também há bloqueio no sentido Sul do km 384, em Miracatu, ao km 385.

Em Minas Gerais, os motoristas se concentravam, por volta de 6h10m, em oito pontos da BR-040, em sete trechos da BR-116 e em onze localidades da BR-381. A restrição de passagem nas vias, porém, afetava apenas veículos de carga. No Espírito Santo, há protesto na altura do km 304 da BR 101, em frente ao trevo Viana.

Outro estado afetado pela greve é o Distrito Federal, onde há protestos em oito pontos em quatro rodovias federais. As estradas afetadas são a BR-060, nos km 13, 28 e 30; a BR-050 na altura do km 98; a BR-020 nos km 1, 10, 13 e 57; na BR-040 nos km 10 e 95.

Ao longo dos últimos três dias, quinze estados foram palcos de protestos. No Rio Grande do Sul, um caminhoneiro foi alvejado na noite de terça-feira por se recusar a parar em uma das manifestações.

Em Recife, o serviço de ônibus também foi afetado e causou transtorno aos passageiros na manhã desta quarta-feira. Com uma redução de 8% da frota por conta da falta de abastecimento gerado pela greve, os ônibus da cidade tiveram dificuldade de atender a demanda dos passageiros. Em Pernambuco, há paralisações em quatro rodovias diferentes.

Além disso, o Aeroporto dos Guararapes teve seu serviço impactado pela falta de combustível na capital pernambucana, o que teria afetado voos internacionais. Por isso, a Justiça Federal de Pernambuco determinou, nesta terça-feira, que os responsáveis pelo bloqueio na rodovia que dá acesso ao terminal permitam a passagem dos caminhões que transportam o material ao aeroporto.

Já em Goiás, houve o bloqueio da principal distribuidora de combustível do estado por cerca de 34 horas. Contudo, a situação foi normalizada e o caso não chegou a afetar a distribuição de gasolina na região.

O abastecimento de gasolina em João Pessoa também foi reduzido. De acordo com o G1, na última terça-feira havia combustível em apenas 40% dos postos da cidade.

Ao longo dos últimos três dias, quinze estados foram palcos de protestos. No Rio Grande do Sul, um caminhoneiro foi alvejado na noite de terça-feira por se recusar a parar em uma das manifestações.


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