A tragédia de Brumadinho (MG) criou comoção nacional. E, como sempre acontece, uma tragédia faz com que o país inteiro corra atrás de suas próprias negligências na área. Foi assim, por exemplo, depois do fatídico incêndio na boate Kiss, que fez com que Defesa Civil, Bombeiros, forças policiais e todo aparato estatal começasse a fiscalizar casas noturnas (e depois parasse).

O Vale do Itajaí tem nas barragens de José Boiteux um importante aliado contra as enchentes desde os anos 70. Contudo, depois de Brumadinho, a imprensa começou a questionar a segurança das estruturas catarinenses. Afinal isso vende jornal (e eles estão precisando bastante vender).

De acordo com relatório de fiscalização da Agência Nacional de Águas (ANA) de 2017 nenhuma das estruturas de nossa região tem risco de rompimento, apesar de não ter planos de segurança.

Tem se dado foco á informação de que a Barragem Norte é 28 vezes maior do que Brumadinho – e que tem grande potencial de dano em caso de ruptura. Mas ignora-se, ao alertar sobre isso, o relatório que diz serem baixos os riscos de ruptura.

Há, sim, problemas pontuais de manutenção e decorrentes de conflitos com comunidades indígenas que vivem lá (e das quais oito ficam ilhadas quando a barragem está em operação), mas além dos danos na estrutura de comando que obrigam a utilização de caminhão e bomba externa para fechar e abrir as comportas, não há problemas mais sérios.

Daí a imprensa entrevista pessoas que moram nos arredores e têm um medo justificado de ser vítima de uma tragédia, faz um contraponto à sua própria notícia alarmista e pronto: medo criado e a fábrica de vender jornais começa a funcionar a pleno vapor.

A verdade é que a internet tirou muito o interesse das pessoas nos noticiários de televisão e jornais impressos só são vendidos ainda porque animais não sabem usar o banheiro.

Então pode ficar sossegado: não vamos virar uma nova Brumadinho. E enquanto o Poder Público tem que perder tempo com sensacionalismo barato, problemas reais – como as manutenções de pontes – são deixados de lado, afinal não estão no bad hype.