E o risco de paralização do transporte público continua em discussão. Como a Blumob – empresa que tem sido um câncer para Blumenau desde que chegou – não parece respeitar nem as próprias autoridades do Executivo, a Câmara dos Vereadores decidiu tentar mediar a situação com o intuito de minimizar o problema.

Na manhã de ontem (10/03) a Comissão de Transportes do Legislativo fez uma audiência para ouvir os lados após a terceira paralização. Prefeitura, Agência Intermunicipal de Regulação do Médio Vale do Itajaí (Agir) e o Sindicato dos Trabalhadores do Transporte Coletivo  (Sindetranscol) estiveram presentes. A Blumob – estopim do problema – não foi. Com isso a empresa mostra que, além do descaso com os usuários de seu péssimo serviço, ainda despreza profundamente as instituições blumenauenses.

Por conta dessa postura deplorável, a Câmara aprovou uma moção de repúdio contra a empresa. Votaram a favor da moção os vereadores Alexandre Caminha (coordenador da Comissão), Adriano Pereira (proponente da moção), Almir Vieira, Bruno Cunha, Cezar Cim, professor Gilson de Souza, Jovino Cardoso e Zeca Bombeiro. Ito, que convocou a audiência, precisou se ausentar da votação. Lanzarin, presidente da Casa, tem o Voto de Minerva (só vota em caso de empate). Votaram contra os tucanos Alexandre Matias, Jens Mantau e Sylvio Zimmermann, além de os parlamentares do DEM Oldemar Becker e Marcos da Rosa.                 

Era de se esperar que o PSDB votasse contra a moção de repúdio, uma vez que foi durante o governo do ex-tucano Napoleão Bernardes que a cidade contraiu essa doença venéria chamada Blumob. Becker sempre foi alinhado a Bernardes. Rosa – que chegou ao cúmulo de ir choramingar para a Secretaria de Comunicação ontem por termos o criticado (afinal ele é feito de açúcar e se dissolve fácil) – vota apenas aquilo que lhe interessa (e depois afirma que temos um problema pessoal com ele ou que somos pagos para criticá-lo... o que apenas mostra que as pessoas tendem a julgar os outros pelo espelho de suas próprias intenções e ações).

Os parlamentares, na sua maioria, estavam injuriados com o pouco-caso feito pela Blumob (ex-Piracicabana, cujo dono foi réu na Lava Jato).

Uma moção de repúdio, por si só, não significa nada. Resta agora aguardar a próxima decisão da prefeitura em relação a esta empresa que está prejudicando não apenas as vidas de quem depende de seus serviços, mas também a reputação de nossos governantes. Ou menos uma posição do Ministério Público, que necessita ser provocado para poder agir.

Lembrando que ao substituir o Siga, Napoleão permitiu que a Blumob reduzisse horários, pontos de parada, não fosse mais responsável por limpeza/segurança dos terminais, ficasse desobrigada a manter as estações de pré-embarque, entre outros benefícios. E mesmo com tantos privilégios e tão poucas obrigações, a Blumob sequer honrou o pouco que lhe foi exigido integralmente.

Na tarde de hoje o prefeito Mário Hildebrandt, o presidente do Seterb Éder Boron e o procurador-geral do município Júlio Augusto Souza Filho estiveram no Tribunal Regional do Trabalho (TRT) em Florianópolis para solicitar o julgamento da discordância salarial (dissídio) entre Blumob e Sindetranscol para evitar novas paralizações. Mas, não havendo como julgar logo tal problema, eles solicitariam informações sobre onde e quando serão as paralizações de 10% das frotas de ônibus da cidade.

Por um lado, tem-se acusado o sindicato de politizar a questão em um ano eleitoral. Por outro lado, tem-se questionado o porquê de o município não tomar atitudes mais enérgicas com a Blumob. De qualquer forma, enquanto posturas mais firmes não forem tomadas, vai continuar parecendo que a empresa colocou um arreio na cidade e a está montando como se fosse um cavalo manso, incapaz de reagir. E Blumenau não é isso. Está na hora de mostrar como se derruba quem nos subestima e prejudica.

Até lá, ficam os parabéns às autoridades que foram à audiência e aos vereadores que mostraram não tolerar esse tipo de descaso. Aos demais... enfim..