UTIs lotadas não são nosso único problema

UTIs lotadas não são nosso único problema
Foto: TVL

Wednesday, 24 February 2021

A Covid-19 está fazendo cada vez mais vítimas, mas os problemas da sociedade, infelizmente, vão muito além da pandemia.

As prefeituras das maiores cidades do Vale do Itajaí estão aguardando as medidas que devem ser anunciadas pelo governador Carlos Moisés (PSL) para saber como se portar em relação à pandemia do coronavírus.

A situação em Blumenau se agrava. A UTI do Hospital Santa Isabel está com 83,3% da sua lotação... a do Hospital Santo Antônio está pior, com 96,15% de lotação. Outros hospitais da região – como o Azambuja (Brusque), o Beatriz Ramos (Indaial), o Bom Jesus (Ituporanga), o Nossa Senhora do Perpétuo Socorro (Gaspar),o Oase (Timbó) e o Wandomiro Collauti (Ibirama) também estão lotados.

A expectativa é de que o governador defina o mesmo toque de recolher inútil que já fez no passado: restringindo a lotação do transporte coletivo a 50%, criando toque de recolher da meia noite às 6h da manhã, proibindo o funcionamento de casa noturnas (e, consequentemente, festas) e limitando atividades de lazer a 25%. Exatamente como foi feito em dezembro e cujo bônus se mostrou menor que o ônus.

Os 14 prefeitos que compõem a Associação dos Municípios do Médio Vale (Ammvi) já estão discutindo alternativas. Mas enganam-se quem pensa que o único problema público sanitário é a ausência de leitos para pacientes de Covid-19 nos hospitais. A coisa começa debaixo.

Em pronunciamento dessa terça (23/02) o vereador Almir Vieira (PP) perdeu a paciência enquanto falava sobre regiões – como o Valparaíso e a Fortaleza Alta – que está desassistidos há semanas. Ou uma rua que está esburacada há 20 dias na Itoupava Norte, chegando ao ponto de dizer em tom de ordem injuriada: "se é com a minha pessoa, que falem ‘não vou fazer nada que o vereador pedir’... mas a comunidade não pode pagar por isso!"

A verdade é que a comunidade paga. Seja pela picuinha do funcionário público com o representante de uma comunidade, seja com a incapacidade de um governador para responder prontamente a um problema de máxima urgência.

Medidas serão tomadas. A água vai voltar à Fortaleza Alta. O buraco na Rua 25 de Julho vai ser tapado. As questões são: as medidas irão realmente surtir algum efeito? A distribuição de na Fortaleza Alta vai ganhar estabilidade? O buraco tapado será realmente tapado? Ou será um dos muitos remendos mal-feitos que tanto vemos por aí há tantas décadas?

Vereadores, como Almir, dependem da boa vontade de seus respectivos prefeitos. Prefeitos, como dos da Ammvi, dependem da boa vontade do governador. O governador depende da boa vontade daqueles que o cercam e estão acima dele. E quem paga por isso é a comunidade. A parte responsável e trabalhadora da comunidade e também a parte irresponsável que lota tabacarias porque é fraca demais para ficar um final de semana sem balada.

Todos estão cansados. Mas a fraqueza abjeta – seja de quem for – coloca em risco toda uma comunidade. E tanto faz se vier de um funcionário público magoado com um vereador ou de um governador que se acovardou demais para qualquer decisão, seja ela qual for.


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Ricardo Latorre

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