Cadela executada pelo Cepread gera protesto

Cadela executada pelo Cepread gera protesto
Foto: Divulgação

Monday, 19 June 2017

A entidade, que desde sua criação sempre teve péssima reputação, conseguiu cravar mais um prego na tampa do caixão de sua credibilidade ao aplicar uma eutanásia em um animal recém recolhido sem sequer aguardar 24 horas pela presença dos donos.

Há pouco mais de um ano uma cachorrinha chamada Aline foi abandonada numa clínica veterinária depois de ser atropelada. Estava bastante ferida, grávida e tinha tido suas patinhas definitivamente comprometidas. Seu destino parecia cruel.

A protetora de animais Gabi Kalvelage Pacheco – conhecida pelo trabalho independente, incansável e apaixonado pela Causa Animal – divulgou de todas as formas que pôde o triste caso daquela cachorrinha que, além de ficar paralítica, havia perdido todos os seus bebês. Até que no mês de outubro a psicóloga Fabiana Bonfanti adotou Aline. Era o início de um grande amor.

Fabiana levou sua nova amiga para um sítio onde poderia brincar com outros cãezinhos e gatinhos, além de nadar e correr (apesar da deficiência de locomoção). Contudo, percebendo que ela tinha necessidades especiais, a psicóloga levou Aline para sua casa na cidade.

A cachorrinha era muito feliz e amada, até que em um ato impensado ocorrido terça (13/06) o jardineiro deixou o portão aberto e Aline fugiu rumo a Rua Bahia. A família de Fabiana se desesperou e procurou incansavelmente, com ajuda de Gabi. Por volta das 20h receberam a informação de que o Cepread havia recolhido Aline próximo aos Cristais Hering.

Criado como trunfo político, o Centro de Prevenção e Recuperação de Animais Domésticos (Cepread) se tornou um calo no pé do prefeito Napoleão Bernardes (PSDB) por conta da administração desastrosa do ex-diretor Eliomar Russi (PMDB). Com sua saída – sendo substituído pelo veterinário e professor Luiz Carlos Kriewall – a instituição pareceu ganhar um novo fôlego, bem como elevar seu status a algo mais sério e profissional.

Mas isso foi antes de Aline.

Quando Fabiana chegou ao Cepread na quarta-feira foi informada de que não estariam achando a cachorrinha entre os animais que cuidam. Então ela aguardou. Depois pediram estranhamente para que ela esperasse que os veterinários chegassem. Mais uma vez ela aguardou. Quando chegaram disseram a ela que Aline estava com uma ferida nas patas e uma tala suja. Fabiana esperava uma multa, mas a notícia que veio foi: “ela foi eutanasiada”.

Sim. Sequer esperaram por 24 horas para saber se alguém apareceria atrás da cadelinha e já a mataram. Piora se considerar que é o centro de ‘Recuperação de Animais Domésticos’. Se execução for uma forma de recuperar, então paremos que gastar com presídios (para humanos criminosos) e abracemos a pena de morte de uma vez. Seria mais sincero.

Tirando o corpo fora, o Cepread emitiu nota amparando covardemente seu erro grotesco e criminoso atrás da Lei 1.489 (que versa sobre a proteção animal e curiosamente não pode ser encontrado na internet). E com isso o Cepread mostra que continua sendo o Cepread. Um ato falho.

Napoleão (o prefeito, não o conquistador... ou sim... sei lá)  determinou uma sindicância para verificar se houve abusos por parte dos veterinários do centro, que insistem em afirmar que a eutanásia foi dada para poupar o animal de sofrimento (o que, seguindo essa lógica, tornaria a discussão sobre a fosfoetanolamina contra o câncer completamente fútil, uma vez que um tiro na cabeça do paciente também o pouparia do sofrimento). A Câmara dos Vereadores, através do parlamentar Bruno Cunha (PSB) emitiu uma nota exigindo esclarecimentos sobre o caso.

Rosane Magaly Martins, advogada de Fabiana, questiona duramente a postura do Cepread expondo sua omissão para com o Bem Estar animal, incapacidade de execução do trabalho a ele atribuído e defasagem de equipamentos fundamentais, como aparelhos de raios-x.

Ela ainda afirma que entrará com representação contra os três veterinários envolvidos – nominalmente Kriewall, Caren Neuenfeld de Abreu e André Felipe Dombeck – junto ao Conselho Regional de Medicina Veterinária  de Santa Catarina (CRMV-SC).

Um protesto foi organizado e programado para ocorrer em frente à prefeitura nesta quarta-feira (21/06) às 12h30’. As pessoas estão sendo incentivadas a levar seus animais e trajar camisetas com os dizeres ‘luto Aline’. Há uma página do evento no Facebook (clique aqui).

Não deixe de ir. Se o descaso já é gritante com a saúde das pessoas, imagine com os animais (que não sabem reclamar, protestar ou sequer votam).


>> SOBRE O AUTOR

Ricardo Latorre

>> COMPARTILHE