O povo contra a prefeitura: multas de trânsito

O povo contra a prefeitura: multas de trânsito
Foto:

Wednesday, 06 March 2024

Com a Indústria da Multa cada vez mais atuante com sua Área Azul exploratória e radares de velocidade, um prefeito desidratado crê ter o apoio das pessoas a quem pune.

Uma das coisas que deixa o cidadão blumenauense cada vez mais descontente com a gestão pública municipal é o trânsito. Desde o sofrível serviço prestado pela Blumob até os semáforos mal programados e a precária condição do asfalto, a pasta do secretário Alexandro Fernandes é a mais desaprovada pelo cidadão em consulta prática nas ruas.

Entre as grandes reclamações está a nova Área Azul, que dominou todas as ruas da região central e se vale de um sistema pouco intuitivo e excludente (principalmente para pessoas com dificuldades na adequação tecnológica). O que soa incoerente, uma vez que há até vagas para a inclusão de autistas, enquanto o sistema exclui, por exemplo, idosos que não optam pelas vagas preferenciais.

Como o vereador Bruno Cunha (Cidadania) já lembrou, os comerciantes do centro da cidade foram profundamente afetados pela nova Área Azul e jamais foram consultados. Motoristas de aplicativo fazem justamente a mesma reclamação. E quem ganhou com o imbróglio? Apenas a prefeitura, que aumentou a abrangência de sua cobrança e passou a recolher mais multas, além dos pesados impostos já praticados contra uma população obrigada a pagar calada.

Alguns incautos afirmam que em cidades como São Paulo, Curitiba e Florianópolis não é possível parar gratuitamente no centro. Pois bem... a Grande Florianópolis abriga 1,1 milhão de pessoas, contra 1,7 milhão em Curitiba e 12,3 milhões em São Paulo. Blumenau tem apenas 361 mil habitantes. Uma cidade precisa ter mais de 1 milhão de pessoas para ser considerada metrópole. Ou seja: é uma comparação inválida e desproporcional. Como se as pessoas que administram a cidade não soubessem que o condutor também é um eleitor.

O número excessivo de radares eletrônicos é outra coisa que incomoda a população. É nítido, até para o cidadão médio, que a medida visa o lucro das multas muito mais do que evitar acidentes de trânsito. Novos lingotes para o prefeito à custa do trabalho do eleitor discordante.

Sendo assim – embasado pela Lei Municipal n º 6.441/2004 (que proíbe a instalação de radares eletrônicos de controle de velocidade nas vias públicas municipais) – o vereador Emmanuel ‘Tuca’ Santos (Novo) protocolou na 14ª Promotoria de Justiça de Blumenau uma denúncia contra o Executivo Municipal. Medida parlamentar que recebeu grande aprovação popular.

No afã de buscar uma nova forma exploratória de arrecadação baseada em pouco além da mera usura, a Prefeitura de Blumenau aparentemente ignorou as próprias leis e, grosso modo, poderia até incorrer em crime de responsabilidade caso a denúncia prospere.

Alexandro minimiza a denúncia (e, automaticamente, a opinião do povo que sustenta os altos salários dos funcionários do Poder Público) dizendo que a atitude tem mero intento eleitoral.

Tuca teve o apoio popular de mais de 2 mil pessoas nas eleições municipais de 2020 e conta com uma boa aprovação entre os eleitores. Alexandro não tem voto, lidera uma secretaria grandemente reprovada pela população, trabalha apenas nos bastidores e já recebeu diversas críticas populares nas pastas de mais exposição nas quais trabalhou.

Decida qual lado soa mais coerente.

Enquanto isso, pessoas seguem sendo multadas, a legalidade da fiscalização continua sendo alvo de dúvidas, acidentes continuam acontecendo progressivamente e os salários continuam caindo no dia previsto apesar da discordância das reais pessoas que os pagam.

A verdade é que uma cidade de médio porte com Área Azul em cada viela central e dúzias de radares de fiscalização eletrônica que se gaba da bebida que produz deveria – de forma coerente – trocar o nome de ‘Capital Brasileira Cerveja’ para ‘Capital Brasileira da Multa’ e nossas lojas de souvenires deveriam ter camisetas estampando: ‘visite Blumenau e leve uma multa’.


>> SOBRE O AUTOR

Ricardo Latorre

>> COMPARTILHE