Corredor de ônibus na Martin Luther causa congestionamento

Corredor de ônibus na Martin Luther causa congestionamento
Foto: Imagem meramente ilustrativa

Friday, 21 March 2025

Vereador Gilson de Souza critica o fechamento da pista para carros e motos relembrando a culpa que a Blumob tem nesse problema.

Essa semana o corredor de ônibus da Avenida Martin Luther voltou a ser proibido para os veículos de passeio, retornando à exclusividade para o uso do transporte coletivo e veículos autorizados.

A secretaria de Trânsito e Transportes (SMTT) afirma que a liberação ocorreu de forma emergencial e que foi revogada após estudos técnicos da Diretoria de Trânsito afirmarem que tal mudança contribuiria para a fluidez no tráfego local.

No entanto, não foi isso que se viu no transcorrer dos últimos dias.

O aumento nas filas de automóveis piorou consideravelmente o trânsito na cidade causando um pequeno caos em toda a região central... além das inúmeras infrações.

Dezenas – talvez centenas – de condutores em carros e motocicletas transitavam pelo corredor exclusivo vedado a eles e, com isso, inadvertidamente pioravam o afunilamento, contribuindo para a criação de pequenos congestionamentos pelo Centro e pelo bairro Victor Konder.

A prefeitura afirma que a medida respeita estudos e que irá melhorar o fluxo na região. Grande parte dos motoristas diz que a mudança apenas trouxe mais problemas.

Na sessão de ontem (20) na Câmara, o vereador Gilson de Souza (União) criticou a mudança feita pela prefeitura, afirmando: “tirar isso (o corredor) piorou a situação [...] e eu duvido quem vem me provar o contrário”, afirmando que o secretário da SMTT, ao conversar com ele, disse que estão analisando pelas câmeras e conversarão com a Guarda de Trânsito para concluir o que farão.

“Não precisa, querido... é só ver o que está acontecendo: trânsito dobrado [...] então, o senhor não precisa ver nas câmeras, é só ver segunda-feira, terça... aliás... os próprios guardas de trânsito gostariam de dar a fluidez”, concluiu, citando a boa prática de um guarda pela manhã.

Gilson afirma que o problema dos corredores atualmente é a falta de ônibus, relembrando que na época do Consórcio Siga – onde havia muitos veículos – o corredor cumpria sua função, mas que agora atrapalha muito mais do que ajuda.

Em aparte, a vereadora Cristiane Loureiro (Podemos) chamou atenção para o fato de que boa parte dos semáforos da cidade está dessincronizada, contribuindo para o trânsito parado.

Gilson está certo quando diz: “essa empresa (Blumob) não merece nem um centavo do dinheiro público que está aqui”. A comemoração no aumento de usuários só faz sentido para quem lucra com isso, pois em nada beneficia a comunidade, resultando nos sorrisos burros que acompanham aplausos vazios.

Mas, com sinceridade, o problema do transporte coletivo de Blumenau remete ao passado.

Quando João Paulo Kleinübing era prefeito e concordou com a criação de um consórcio que operaria os ônibus urbanos municipais de Blumenau, ele vendeu a alma da cidade a uma máfia que teria indeterminadamente o poder de chantagear a prefeitura usando de seu monopólio como arma absoluta deixando a população refém de intenções, não raramente, vis.

As mudanças de trânsito feitas por sua gestão foram atabalhoadas e precipitadas. Desde as bonitas estações de pré-embarque que (apesar do ar-condicionado) não comportavam todos os usuários em dias de chuva até a criação pouco prática do corredor da Rua Dois de Setembro que, sendo na contramão, provoca acidentes até hoje e enterrou parte do comércio local.

Seu sucessor, Napoleão Bernardes, apenas acabou de destruir uma situação que já se encontrava péssima, ao permitir (ou até ajudar) na derrocada do Consócio Siga, trazendo a atual empresa para a cidade da noite para o dia - e de uma forma cuja legitimidade é questionada até hoje - criando mais mudanças inúteis visando as palmas de uma platéia que beira a acefalia.

Já Mário Hildebrandt – o homem que fez o exato contrário do ditado “muito ajuda quem não atrapalha” – dançou exatamente o ritmo que a Blumob impôs... e sem jamais reclamar.

O esforço que Egídio Ferrari (PL) vai ter para desatar tantos nós será hercúleo e a coragem de pessoas como Gilson – que nadam contra a correnteza de um público alienado que se acostumou com o inaceitável pensando ser o normal – é admirável.

Está na hora de a Blumob entender que serve a cidade, não o contrário. Será que irá?


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Ricardo Latorre

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