Petrobras bate maior valor da história

Petrobras bate maior valor da história
Foto: Divulgação

Friday, 21 October 2022

Estatal alcança R$ 503 bi. O que está acontecendo?

A Petrobras (PETR4 PETR3) e suas ações atingiram este mês seu maior patamar na história da companhia. No dia 10 de outubro, a petroleira bateu o total de R$ 503 bilhões em valor de mercado e as ações preferenciais - as mais negociadas - PETR4 chegaram a R$ 36,47. As ordinárias PETR3 também atingiram nesta quinta-feira (20) o valor máximo de R$ 40,19.

"As ações preferenciais já subiram 494% e as ordinárias 552,5% desde o fundo do poço para o preço da companhia e dos ativos, no dia 20 de março de 2020, quando começou a pandemia, ", diz Einar Rivero, diretor comercial do aplicativo TradeMap, que fez o levantamento.

O valor da Petrobras como companhia, que em março de 2020 baixou de R$ 361 bilhões (no dia 4) para R$ 151 bilhões (dia 23) disparou 233,11% da pandemia para cá, ou seja, em 31 meses.

O que está acontecendo?

O que está injetando tanto valor na Petrobras é a alta do preço do petróleo internacionalmente.

Desde que o preço do petróleo tombou para US$ 9,12 o barril do tipo Brent, no início da pandemia, o valor do óleo vem numa escalada de preços que atingiu seu ponto máximo este ano, com o valor de US$ 133,18 em março passado - uma valorização mirabolante de 1360,31% no período. Em relação ao preço atual do Brent - US$ 92 o barril - a alta é de 908%.

Só a Petrobras está subindo?

Não. A alta do combustível fez outras companhias de petróleo no mundo se valorizarem. A americana Exxon Mobil - a maior do mundo - viu seu valor tombar para US$ 133 bilhões durante a pandemia e agora vale US$ 439 bilhões (R$ 1,373 trilhão), perto de sua máxima histórica, superior a US$ 500 bilhões, alcançada em 2007.

A também americana Chevron passou de US$ 128 bilhões na pandemia para os atuais US$ 333 bilhões.

Por que o petróleo está tão caro?

A produção mundial está relativamente estagnada enquanto o consumo cresce, e isso faz o preço subir.

Em 2021, a Comissão Europeia estipulou que a partir de 2035 não serão mais vendidos carros particulares e caminhonetes novos que emitam dióxido de carbono, o que na prática significa extinguir os motores a gasolina, diesel, gás e híbridos do continente.

"Por conta desse movimento em direção a energias mais limpas, desde 2015 as empresas de petróleo vêm diminuindo o investimento em novos poços", explica Romero Oliveira, chefe de renda variável da Valor Investimentos, em Vitória.

Mas com a pandemia se arrefecendo, o consumo aumentou. Aí aconteceu também a guerra entre a Ucrânia e a Rússia, iniciada em fevereiro deste ano. Em retaliação, muitos países deixaram de comprar petróleo russo e procuraram fornecedores alternativos.

No início deste mês, a Opep+ (Organização dos Países Exportadores de Petróleo e seus aliados) decidiu reduzir em 2 milhões de barris por dia a produção do combustível. É o maior corte de produção desde abril de 2020, no começo da pandemia de coronavírus. O objetivo é forçar o preço a subir mais e ajudar a Rússia a repor perdas financeiras causadas pela guerra na Ucrânia. Isso pode impulsionar o preço

Como o fornecimento de gás russo também está a perigo, as atenções voltaram-se mais ainda para o petróleo. Conclusão: com menor oferta e mais procura, o preço sobe.

É só o preço internacional que movimenta a Petrobras?

No Brasil, as ações da Petrobras ainda deram uma esticada em junho desse ano por conta do pagamento recorde de dividendos. Um relatório da empresa Janus Henderson mostra que até agora a Petrobras é a empresa que mais distribuiu dividendos no mundo este ano, tendo pago US$ 9,7 bilhões no trimestre passado - muito acima dos US$ 1 bilhões distribuídos pela estatal no mesmo período de 2021.

As ações vão continuar subindo?

É difícil saber. "Mas para o pequeno investidor, mesmo com o preço tão alto agora, ainda vale investir parte de suas economias em Petrobras", explica Oliveira.

A estatal, assim como outras companhias de petróleo, movimentam bilhões de dólares. "Os grandes investidores, em tempo de recessão, buscam não só os juros americanos, mas também empresas com grandes gerações de caixa, como as petroleiras", diz ele.

De certo modo, elas são consideradas um porto seguro por que, apesar de variar conforme a cotação do petróleo, elas pagam muitos dividendos.


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Redação

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