Dólar deveria custar R$ 4,50

Dólar deveria custar R$ 4,50
Foto: Divulgação

Friday, 27 January 2023

Informação é apurada pelo Índice Big Mac; entenda.

O dólar era negociado abaixo de R$ 5,10, na manhã desta sexta-feira (27). Significa que a moeda brasileira está 11,6% desvalorizada em relação a seu valor "correto", e deveria valer R$ 4,50.

Este cálculo se baseia no Índice Big Mac, apresentado desde 1986 pela revista The Economist, a centenária publicação jornalística inglesa de maior prestígio global na área econômica. A revista, de linha econômica liberal progressista, divulgou, nesta quinta-feira (26), a atualização de seu famoso indicador para valores de dezembro de 2022.

Entenda o Índice Big Mac

O índice é uma aproximação bem-humorada da relação entre moedas nacionais, com base na paridade de poder de compra (PPP, purchasing-power parrity, na sigla em inglês) entre economias. A ideia é comparar o preço do sanduíche nos Estados Unidos com o cobrado nos demais países, uma vez que a composição do lanche é exatamente a mesma ao redor do mundo.

A PPP é usada universalmente, em preferência a comparações pela taxa de câmbio nominal, nos estudos e análises de questões econômicas envolvendo dois ou mais países. Entende-se que, no longo prazo, as taxas de câmbio se movem e se acomodam de acordo com a evolução dos preços de uma mesma cesta de bens e serviços em cada país.

Na tabela do Índice Big Mac de dezembro, o sanduíche custava R$ 22,90 no Brasil e US$ 5,36, nos Estados Unidos. A relação expressaria uma taxa de câmbio de 4,27, indicando que a moeda brasileira, na cotação de R$ 5,16 à época, estaria 17,2% desvalorizada, em relação a seu preço "justo". Nessa métrica, em dezembro, a cotação do dólar deveria ser de R$ 4,27. Agora em janeiro, o real está menos desvalorizado do que em dezembro, o que leva à cotação "justa" de R$ 4,50.

Pelo Índice Big Mac, em fins de 2022, a libra egípcia era a moeda mais desvalorizada em relação ao dólar, numa lista de 55 países. A mais valorizada era o franco suíço. A moeda egípcia estava 65,6% abaixo de seu valor "correto", enquanto o franco suíço se mantinha 35,4% acima da cotação "justa".

The Economist também calcula a cotação "certa" de moedas, a partir da comparação dos preços do Big Mac em cada país, com base na PPP sobre a renda per capita desses países. O Índice Big Mac ajustado pela renda per capita indica que o real, em dezembro, se encontrava 1,1% sobrevalorizado em relação ao dólar.

A desvalorização de momento da moeda brasileira em relação à americana se deve a uma conjunção de fatores. Podem ser relacionados expectativas de elevação da inflação ao longo de 2023 e incertezas em relação aos ajustes nas contas públicas e a contenção da trajetória de alta da dívida pública. É nesse ambiente que o Banco Central poderia retardar o início do ciclo de corte nas taxas básicas de juros pelo Banco Central, retardando também, em consequência, impulsos para a expansão da atividade econômica. Fatores políticos, como as instabilidades vividas no início do novo governo Lula também contribuem para desvalorizar o real ante o dólar.


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Redação

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