Argentina tem 3º superávit mensal seguido

Argentina tem 3º superávit mensal seguido
Foto: Divulgação

Tuesday, 23 April 2024

Apesar da melhora fiscal, 57,4% dos argentinos estão vivendo abaixo da linha de pobreza, o que representa mais de 26 milhões de pessoas, aponta estudo publicado pelo jornal Ámbito Financiero.

A Argentina registrou um superávit financeiro de mais de 275 bilhões de pesos (US$ 315,4 milhões) em março, informou o Ministério da Economia do país nesta segunda-feira (22). O superávit acontece quando as receitas do governo são maiores que as despesas.

Esse foi o terceiro mês consecutivo de contas no azul após anos de déficits regulares. Em janeiro, as contas públicas argentinas tiveram saldo positivo pela primeira vez em quase 12 anos, ao registrar superávit de cerca de US$ 589 milhões. Já em fevereiro, o superávit foi de US$ 1,45 bilhão. As cifras também contemplam o pagamento de juros da dívida pública.

Com o resultado de março, essa é a primeira vez desde 2008 que o país registra três meses consecutivos de superávit financeiro, afirmou o presidente ultraliberal da Argentina, Javier Milei, em pronunciamento à população em rede nacional na noite desta segunda.

Em nota técnica, o Ministério da Economia também informou que o resultado acumulado de janeiro a março representa um superávit primário de aproximadamente 0,6% do Produto Interno Bruto (PIB). Após juros, o superávit é de 0,2% do PIB.

Na tentativa de controlar a inflação elevada, Milei implementou medidas de austeridade, incluindo cortes dolorosos nos gastos do Estado, reduzindo subsídios e podando o setor público.

O governo Milei tem como meta um déficit fiscal financeiro "zero" este ano, parte das metas econômicas acordadas com o Fundo Monetário Internacional (FMI), com o qual o país tem em andamento um programa de empréstimo de US$ 44 bilhões.

O próprio FMI disse no início do mês que o progresso alcançado pelo governo do presidente é "impressionante", mas disse que "o caminho para a estabilização [econômica] nunca é fácil e requer uma implementação forte de políticas".

O FMI também recomendou que Milei proteja os setores sociais mais pobres da Argentina, enquanto avança com suas reformas. Isso porque um estudo publicado pelo jornal Ámbito Financiero projeta que 57,4% dos argentinos estão vivendo abaixo da linha de pobreza, o que representa mais de 26 milhões de pessoas.

O esforço do governo tem por objetivo resolver desequilíbrio econômico que causou uma inflação na Argentina que passa dos 287,9% em 12 meses, segundo o instituto oficial de estatísticas, o Indec. Trata-se da variação interanual mais alta do mundo.

No dia 12, a inflação da Argentina ficou em 11% em março, o que representa uma desaceleração em comparação ao observado em fevereiro, quando os preços subiram 13,2%.

Um dia antes, o Banco Central da Argentina anunciou a redução da taxa básica de juros do país de 80% para 70% ao ano. A autoridade monetária afirmou que está observando uma "desaceleração pronunciada" da inflação, "apesar do forte efeito estatístico tardio que a inflação carrega em suas médias mensais".

O BC acrescentou que, desde que Milei assumiu o cargo, a base monetária foi reduzida substancialmente, o que ajuda a absorver a liquidez e a conter os aumentos de preços.


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Redação

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