Crise econômica dá rejeição recorde ao governo

Monday, 17 February 2025
O cenário econômico não dá margem para recuperação: a inflação dos alimentos continua em alta, os juros elevados estrangulam o consumo e os investimentos, e a população sente no bolso os efeitos de uma política econômica que não consegue entregar resultados.
A economia sempre foi o pilar que sustenta ou derruba governos. No caso de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a situação tem se tornado insustentável. A recente pesquisa do Datafolha revelou que sua aprovação despencou para 24%, o pior índice de seus três mandatos. Paralelamente, o mercado financeiro reagiu com euforia à crescente fragilidade do governo, sinalizando que investidores enxergam a queda de Lula como um caminho desejável e, talvez, inevitável.
O cenário econômico não dá margem para recuperação: a inflação dos alimentos continua em alta, os juros elevados estrangulam o consumo e os investimentos, e a população sente no bolso os efeitos de uma política econômica que não consegue entregar resultados. O governo tenta reagir com estratégias políticas e de comunicação, mas as medidas adotadas até agora parecem incapazes de reverter a crise.
Mercado aposta contra Lula
O mais simbólico no atual momento político é que a instabilidade do governo foi recebida como uma boa notícia pelo mercado financeiro. A pesquisa Datafolha, divulgada na sexta-feira (14), indicando a queda na popularidade de Lula, impulsionou o Ibovespa, que subiu mais de 2,70%, enquanto o dólar caiu para R$ 5,69, recuando 1,26%.
Segundo Marcelo Bolzan, planejador financeiro da The Hill Capital, “o mercado reagiu com otimismo à possibilidade de Lula não ser reeleito nas próximas eleições”. Além disso, os juros futuros passaram a ceder ainda mais, refletindo a percepção de que um governo enfraquecido tem menos capacidade de intervir na economia e menos margem para adotar políticas que desagradem o setor produtivo.
A combinação de um governo fragilizado e um mercado cada vez mais hostil sinaliza que Lula perdeu o controle da narrativa econômica e enfrenta um desgaste que pode se tornar irreversível.
Inflação, juros e insatisfação popular
Enquanto o mercado financeiro se anima com a crise política, os brasileiros enfrentam um cenário de dificuldades crescentes. A inflação dos alimentos, impulsionada pela alta do dólar, continua pressionando o poder de compra da população. O ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, reconheceu que esse é um dos fatores que mais afetam a popularidade do governo: “Pix e o aumento conjuntural de alimentos, dada a subida do dólar”, afirmou.
Além da alta de preços, os juros elevados continuam travando o crescimento. Na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), o Banco Central, sob comando de Gabriel Galípolo, subiu a Selic para 13,25% ao ano, marcando o quarto aumento consecutivo.
O setor produtivo, especialmente o varejo, tem pressionado por uma redução na taxa de juros, alegando que pequenas e médias empresas não suportam mais essa política monetária. A empresária Luiza Trajano, presidente do Conselho de Administração do Magazine Luiza, fez críticas diretas à condução econômica do governo:
“O varejo é o primeiro que sofre porque é o primeiro que demanda, é dele que sai tudo. A pequena e média empresa não aguentam mais sobreviver com isso. Não tem condição. São elas que geram empregos”, afirmou Trajano durante evento da Fiesp.
A fala reflete um problema central: sem crescimento, sem consumo e com crédito caro, o governo Lula não tem margem para melhorar sua imagem entre a população.