Brasil ficará economicamente estacionado o fim da década

Brasil ficará economicamente estacionado o fim da década
Foto: Reprodução

Friday, 30 May 2025

Efeito do câmbio fez PIB brasileiro perder posição de 2023 para 2024, sem avanços até 2030.

Apesar da atividade aquecida no primeiro trimestre, o Brasil caiu para a 10ª posição entre as maiores economias do mundo em 2024. E deverá permanecer por lá até o fim da década, segundo as projeções do Fundo Monetário Internacional (FMI), que foram atualizadas mês passado. Em 2023, o país tinha a nona maior economia do mundo. No primeiro trimestre de 2025, o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil cresceu 1,4%, puxado pela agropecuária.

As estimativas do FMI consideram tanto as projeções de desempenho do PIB (o valor de todos os produtos e serviços gerados numa economia) quanto as tendências para a taxa de câmbio de praticamente todos os países.

Veja, abaixo, em infográfico animado, como será o desempenho da economia brasileira na “corrida dos PIBs” até 2030, último ano para o qual o FMI faz projeções:

Na revisão da primavera — do Hemisfério Norte —, marcada pela guerra comercial deflagrada no início de abril pelo presidente americano, Donald Trump, o FMI reduziu suas projeções para o crescimento econômico global em 2025 e 2026.

As taxas de variação caíram, respectivamente, para 2,8% (ante 3,3%, anteriormente) e 3% (também ante 3,3%). EUA, México, Canadá e China foram os destaques nas revisões para baixo.

O Brasil passou relativamente ileso. Após a revisão, o FMI projeta crescimento de 2% para a economia brasileira, tanto em 2025 quanto em 2026, ante 2,2% para os dois anos, nas estimativas anteriores.

Brasil, Itália e Canadá embolados

A economia brasileira perdeu uma posição, em relação a 2023, em parte por causa da taxa de câmbio. O ranking leva em conta o PIB medido em dólares. Quando a taxa de câmbio sobe (o dólar se valoriza em relação ao real), o valor total gerado na economia, convertido para a moeda americana, cai, mesmo que a economia cresça mais.

Na “corrida dos PIBs” até 2030, Brasil, Itália e Canadá estão embolados na parte de baixo da tabela dos “top 10”, segundo as projeções do FMI. O PIB italiano e o PIB canadense se alternam entre a nona e a oitava posição, com o Brasil logo atrás.

Se as revisões de abril do FMI pouco mudaram as projeções para a economia brasileira em 2025 e 2026, nas estimativas de longo prazo, o país perdeu fôlego na corrida. Nos dados de outubro passado, o Brasil retomaria o posto de nona maior economia em 2027 e, em 2028, passaria à oitava posição.

No PIB per capita, Brasil fica para trás

Apesar da corrida acirrada, os brasileiros estão longe de produzirem tanta renda quanto italianos e, principalmente, canadenses. No agregado, é esperado que países populosos, como o Brasil — o sétimo maior em número de habitantes — gerem muito PIB, porque têm mais gente trabalhando.

Quando se considera o PIB per capita — indicador que pondera o nível de renda pelo tamanho da população e, portanto, mais adequado para comparar o nível de renda entre os países —, o Brasil fica para trás.

Segundo o FMI, o Canadá registrou um PIB per capita de US$ 54.473 em 2024, enquanto, na Itália, o indicador ficou em US$ 40.224. O PIB per capita do Brasil foi de US$ 10.214 ano passado.

Embora tenham PIB per capita de quatro a cinco vezes maior do que o do Brasil, Itália e Canadá nem estão na lista dos dez mais ricos quando se trata desse indicador.

O ranking é liderado por Luxemburgo, o principado europeu de menos de 700 mil habitantes que é um importante centro financeiro, com PIB per capita de US$ 138.634. O Brasil fica atrás de vários pares emergentes, como Chile, México, Rússia e Malásia.


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Redação

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