Mercado mantém mau humor com a economia

Monday, 02 June 2025
Boletim Focus revela que projeção do IPCA desceu de 5,50% para 5,46% no ano..
Economistas ouvidos pelo Banco Central reduziram de novo a projeção de inflação para 2025, segundo o Boletim Focus desta semana, divulgado hoje, 2. A estimativa desceu de 5,50% para 5,46% no ano.
Para 2026 e 2027, as expectativas foram mantidas em 4,50% e 4,00%, respectivamente. Para 2028, por sua vez, elevaram-se de 3,81% para 3,85%.
A seguir, a opinião de economistas de algumas empresas de consultoria financeira sobre as novas projeções:
"O Boletim Focus sinaliza um cenário de juros ainda elevados e inflação em queda gradual, exigindo disciplina financeira e planejamento estratégico por parte dos agentes econômicos. É hora de adotar uma postura conservadora, priorizando investimentos produtivos e evitando alavancagem excessiva. Esse movimento é crucial para sustentar o crescimento em um ambiente que ainda apresenta riscos fiscais e desafios de curto prazo para o mercado de crédito”, Pedro Da Matta, CEO da Audax Capital.
"A persistência de uma Selic elevada mantém o ambiente desafiador para empresas com crédito estressado. A leve redução na inflação não altera significativamente o cenário, sendo crucial uma abordagem estratégica na gestão de dívidas e na reestruturação de negócios. O mercado já avalia os próximos passos do Copom, que deve manter a taxa de juros elevada, impedindo uma retomada mais forte do crescimento, mas controlando uma inflação que ainda permanece acima do teto da meta”, André Matos, CEO da MA7 Negócios.
"Mesmo com a leve melhora na projeção da inflação, o cenário ainda demanda cautela dos empreendedores. É fundamental buscar inovação e eficiência nos negócios, aproveitando oportunidades de crescimento sustentável e preparando-se para possíveis volatilidades econômicas”, Theo Braga, CEO da SME The New Economy.
"A redução na projeção da inflação é um alento para o ecossistema de startups e empresas inovadoras, que dependem de um ambiente macroeconômico estável para crescer. No entanto, a manutenção da Selic em 14,75% ainda impõe desafios ao acesso a crédito para financiamento das operações, exigindo uma gestão financeira ainda mais eficiente por parte dos empreendedores", João Kepler, CEO da Equity Group.
"Em um ambiente de juros ainda altos e crescimento econômico moderado, é necessário que empresas e governo adotem estratégias financeiras sólidas e decisões embasadas. O cenário atual exige cautela tanto para as empresas quanto para a população, que sente os efeitos do crédito caro e do consumo contido. Para o governo, o desafio é equilibrar o controle inflacionário com políticas que estimulem a atividade econômica, sem comprometer a sustentabilidade fiscal. Empresas e investidores precisam estar atentos para manter a eficiência e a competitividade em um mercado desafiador e em constante mudança", Jorge Kotz, CEO da Holding Grupo X.
O Boletim Focus desta semana manteve a tendência de piora nas expectativas. Projeção do IPCA subiu para 4,11% e PIB recuou para 1,9%, sinalizando perda de confiança na condução da política econômica. O mercado já reage com mais cautela, antecipando manutenção dos juros altos por mais tempo e freando decisões de investimento. Isso pressiona o crédito, desestimula o consumo e trava o crescimento. No nosso setor, essa leitura reforça a busca por alternativas mais inteligentes de alocação e financiamento como o consórcio, que cresce justamente quando o sistema bancário tradicional se retrai, Pedro Ros, CEO da Referência Capital.
“O Boletim Focus de 2 de junho de 2025 aponta uma leve desaceleração nas expectativas inflacionárias e de crescimento do PIB, ao mesmo tempo em que projeta estabilidade na Selic e no câmbio. A manutenção das expectativas para a taxa básica de juros em patamar elevado sinaliza a cautela do mercado quanto ao controle da inflação, apesar das revisões baixistas no IPCA. Esse cenário reforça uma perspectiva de política monetária contracionista prolongada, o que tende a conter o ritmo de expansão econômica, sobretudo no setor de serviços, que é sensível ao crédito e ao consumo. A leve melhora nas projeções do PIB para 2026 pode indicar alguma recuperação futura, mas o ambiente ainda é de moderação, e o mercado deve reagir com prudência, priorizando ativos mais seguros e mantendo o foco nos desdobramentos fiscais e políticos”, Carlos Braga Monteiro, CEO do Grupo Studio.
“O Boletim Focus divulgado nesta segunda-feira reafirma um cenário que exige do investidor mais do que apenas resiliência: exige estratégia. A ligeira redução da projeção do IPCA de 2025, embora seja tecnicamente positiva, ainda mantém a inflação acima do teto da meta e sinaliza que o combate aos preços segue incompleto. Isso reforça a tese de que o Banco Central continuará pressionado a manter a Selic em níveis restritivos por mais tempo, o que afeta diretamente a tomada de risco no mercado de capitais e ainda pode encarecer o custo de capital. Ao mesmo tempo, a revisão para cima no PIB de 2026, mostra uma expectativa de recuperação e demonstra sinais de melhora. Contudo, não há espaço para erro na política fiscal. O risco-país aumenta na medida em que o governo segue emitindo sinais dúbios sobre responsabilidade com as contas públicas e isso se reflete nas projeções estáveis (e elevadas) para o dólar, próximas de R$ 5,80 para o fim deste ano”, Sidney Lima, Analista CNPI da Ouro Preto Investimentos.
"O Focus dmostrou ligeira queda na expectativa de inflação para 2025, de 5,50% para 5,46%, enquanto o PIB projetado caiu levemente, ainda refletindo otimismo com a atividade econômica. As projeções para a Selic permanecem elevadas, em 14,75% para 2025, indicando cautela do mercado em meio a riscos fiscais e incertezas externas. Para 2026 a 2028, as projeções apontam estabilidade no câmbio em torno de R$ 5,80-5,90 e expectativa de redução gradual dos juros básicos, sinalizando convergência da inflação para a meta no longo prazo”, Felipe Uchida, sócio da Equus Capital.