Inflação em junho sobe 0,24% e estoura teto da meta

Inflação em junho sobe 0,24% e estoura teto da meta
Foto: Reprodução

Thursday, 10 July 2025

IPCA acumulado em 12 meses ficou em 5,35%, acima do teto da meta, de 4,50%.

A inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) fechou junho com alta de 0,24%, ante uma elevação de 0,26% em maio, informou nesta quinta-feita, 10, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O resultado ficou dentro do intervalo das estimativas dos analistas ouvidos pelo Projeções Broadcast, que previam um aumento entre 0,14% e 0,26%, com mediana positiva de 0,20%.

A taxa acumulada pela inflação no ano foi de 2,99%. O IPCA acumulado em 12 meses ficou em 5,35%, resultado dentro das projeções dos analistas, que iam de 5,25% a 5,37%, com mediana de 5,31%.

O Banco Central deve divulgar a carta aberta para justificar o descumprimento da meta de inflação nesta quinta-feira, 10, às 18h. A publicação se deve ao fato de o IPCA acumulado em 12 meses ter superado o teto do alvo, de 4,50%.

O descumprimento da meta estava praticamente certo. Para que a taxa ficasse abaixo de 4,50%, seria necessária uma deflação de ao menos 0,58% no mês.

A nova meta de inflação contínua passou a valer este ano. No novo regime, o cumprimento do alvo é apurado com base na inflação acumulada em 12 meses — e não no IPCA de um ano fechado, como era até 2024. Se a taxa ficar acima ou abaixo do intervalo de tolerância (1,5% a 4,5%) por seis meses seguidos, considera-se que o BC perdeu a meta.

O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, já disse mais de uma vez que deve ser o primeiro chefe da autarquia a escrever duas cartas para justificar o descumprimento da meta em seis meses, já que o alvo também foi perdido no ano-calendário de 2024. “Eu já tenho esse começo que me incomoda demais na minha gestão, de em seis meses ter de escrever a segunda carta de descumprimento da meta”, afirmou na quarta-feira.

Ainda não há informações sobre a estrutura que a carta terá, mas o diretor de Política Econômica do BC, Diogo Guillen, adiantou que deve haver “poucas mudanças” em relação ao modelo que era adotado até o ano passado. A principal diferença é que a autoridade monetária deverá determinar um prazo para a inflação convergir ao alvo, segundo o decreto da meta contínua.

Uma nova carta só teria de ser escrita se a inflação não convergir à meta no prazo estipulado, mas Guillen já disse que o BC deve continuar prestando explicações sobre o processo de desinflação mesmo durante esse período. “Na minha cabeça, deve ter uma carta, mas a gente deve prestar explicações formais ao longo do processo, mesmo que durante esse horizonte, sobre por que a inflação está acima da meta”, disse o diretor, em um evento organizado pelo Barclays no fim de junho.

Alimentação e bebidas

Os preços de Alimentação e bebidas caíram 0,18% em junho, após alta de 0,17% em maio. O grupo deu uma contribuição negativa de 0,04 ponto porcentual para o IPCA.

Entre os componentes do grupo, a alimentação no domicílio teve queda de 0,43% em junho, após ter avançado 0,02% no mês anterior. A alimentação fora do domicílio subiu 0,46%, ante alta de 0,58% em maio.

O Broadcast calcula o impacto de cada grupo no IPCA com base na variação mensal e no peso mensal disponíveis no Sistema IBGE de Recuperação Automática (Sidra). O resultado pode ter divergências pontuais com o impacto divulgado pelo IBGE, que considera mais casas decimais do que as disponibilizadas publicamente na taxa de cada item.

Os preços de Transportes subiram 0,27% em junho, após queda de 0,37% em maio. O grupo deu uma contribuição positiva de 0,06 ponto porcentual para o IPCA.

Os preços de combustíveis tiveram queda de 0,42% em junho, após recuo de 0,72% no mês anterior. A gasolina caiu 0,34%, após ter registrado queda de 0,66% em maio, enquanto o etanol recuou 0,61% nesta leitura, após queda de 0,91% na última.


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Redação

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