Brasil cai de 5º para 32º lugar entre economias que mais crescem

Friday, 05 September 2025
Países asiáticos lideram avanço no segundo trimestre. China e Estados Unidos ficam entre 12º e 15º
Com a economia perdendo fôlego e crescendo 0,4% no segundo trimestre, conforme resultado do Produto Interno Bruto (PIB) divulgado nesta terça-feira, o Brasil perdeu posições no ranking global. Depois de ocupar a quinta colocação no primeiro trimestre, quando havia crescido 1,4%, o país amarga queda para o 32º lugar entre 55 nações que já divulgaram seus resultados.
É o que mostra a lista elaborada por Alex Agostini, economista-chefe da Austin Rating, agência de classificação de risco. A pesquisa considera o desempenho da economia de cada país excluindo os fatores sazonais, o que permite a comparação dos dados.
No Brasil, crescimento da economia tem 'voo de galinha'
Segundo Agostini, a queda do Brasil no ranking está atrelada ao baixo crescimento econômico entre abril e junho. Se entre janeiro e março a atividade tinha dado um salto, puxada pelos investimentos e pelo boom da agropecuária, agora já começa a sentir o peso dos juros altos. A Selic, taxa básica de juros, está em 15% ao ano.
— Isso reflete o que a gente chama de "voo de galinha" no Brasil. Fica muito claro que há uma desaceleração da atividade, que sente o efeito da política monetária mais restritiva. Além de toda a preocupação com o futuro da economia por conta das questões fiscais, que gera uma insegurança muito grande por parte dos empresários (e reduz investimentos) — explica.
Já potências como China e Estados Unidos ficaram em 12º e 15º lugar, com suas economias crescendo 1,1% e 0,8%, respectivamente. Na comparação com países da América Latina, México (0,6%) e Colômbia (0,5%) tiveram crescimento econômico ligeiramente maior que o brasileiro. Já a economia chilena avançou 0,4%, assim como o Brasil.
Ranking das economias que mais cresceram no 2º tri
- Indonésia: 4,0%
- Taiwan: 3,1%
- Malásia: 2,1%
- Arábia Saudita: 2,1%
- Tunísia: 1,8%
- Turquia: 1,6%
- Filipinas: 1,5%
- Cingapura: 1,4%
- Dinamarca: 1,3%
- Croácia: 1,2%
- Romênia: 1,2%
- China: 1,1%
- Sérvia: 1,1%
- Israel: 0,9%
- Estados Unidos: 0,8%
- Polônia: 0,8%
- Noruega:0,8%
- Espanha:0,8%
- Bulgária: 0,7%
- Eslovênia: 0,7%
- Tailândia: 0,6%
- Portugal:0,6%
- Estônia0,6%
- Coréia0,6%
- México0,6%
- Chipre0,5%
- República Tcheca: 0,5%
- Colômbia: 0,5%
- Suécia: 0,5%
- Chile: 0,4%
- Hong Kong: 0,4%
- Brasil: 0,4%
Ásia lidera ranking
No topo do ranking ficaram os países do continente asiático, com Indonésia em primeiro lugar (alta de 4% no segundo trimestre, ante o primeiro), Taiwan em segundo (3,1%) e Malásia (2,1%). Na sequência, os destaques ficaram por conta da Arábia Saudita, Tunísia, Turquia, Filipinas, Cingapura, Dinamarca e Croácia, países que cresceram entre 1,2% e 2,1% entre abril e junho.
Agostini explica que os países da Ásia vêm crescendo de forma consistente após a crise do Sudeste Asiático e que o movimento deve ganhar força adiante por conta das recentes medidas protecionistas do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
O bloco também tende a se fortalecer pela aproximação com China e Índia. Esse cenário, considerado pelo economista como positivo para o Brasil no curto prazo, pode reduzir seu espaço no longo prazo frente a emergentes asiáticos, que oferecem maior retorno ao capital. Isso porque o Brasil perde terreno na disputa por investimentos de médio e longo prazo.
— O maior desafio do Brasil é sustentar o crescimento econômico. Por um lado o governo comemora o desemprego nas mínimas, a renda em alta e o crescimento econômico. Mas isso é algo temporário porque o crescimento traz junto inflação alta e exige juros elevados. Não é um crescimento estrutural como vemos na China, Índia e nos países asiáticos, que sempre olham o "longo prazo" e estão sempre no topo do ranking — acrescenta Agostini.
Brasil fica em 10º lugar entre as maiores economias
Considerando o PIB em valores correntes, o Brasil ficou na décima posição entre as maiores economias do mundo, com US$ 2,1 trilhões. Em primeiro lugar ficou o Estados Unidos, com PIB de US$ 30,5 trilhões, seguido da China com US$ 19,2 tri e em terceiro a Alemanha, com US$ 4,7 trilhões.
- Estados Unidos
- China
- Alemanha
- Índia
- Japão
- Reino Unido
- França
- Itália
- Canadá
- Brasil
A Austin Rating projeta que a economia brasileira cresça 1,8% este ano. O cenário, contudo, é sustentado principalmente pelo dinamismo que atividade econômica alcançou no primeiro semestre. O segundo, explica ele, tende a andar de lado.
— Temos incertezas em relação aos efeitos secundários do tarifaço (imposto pelos Estados Unidos) e isso deve afetar muito o terceiro trimestre. Além disso, tem a intensidade da política monetária restritiva que pesar mais daqui pra frente. A desaceleração da atividade será mais intensa — conclui o economista.