Twitter não vai ser comprado pelo Facebook
Foto: DivulgaçãoSunday, 06 May 2018
A notícia falsa que voltou a circular no final do ano passado não tem o menor embasamento... até porque o Twitter realmente está à venda, mas o Facebook jamais se interessou na aquisição.
Essa semana um boato voltou a circular por várias redes sociais, causando polêmica e deixando muitos usuários da rede mundial de computadores confusos: o Facebook comprou o Twitter.
A notícia é falsa. E velha. Essa fakenews foi publicada pela primeira vez em 2016 e no final do mês passado voltou a tomar forma em vários fóruns de discussão na internet. A verdade é que o Facebook não comprou e provavelmente nem vai comprar o Twitter.
Lá fora a rivalidade entre usuários das duas redes sociais é enorme (e sem sentido). O Twitter é um microblog que oferece um espaço com número limitado de caracteres para seus usuários dizerem o que pensam. Já o Facebook é conhecido por adquirir tudo que lhe pareça promissor, como fez como o Instagram e com o WhatsApp. Ao ter sua tentativa de compra do Snapchat negada, a empresa demonstrou uma conduta levemente recalcada ao criar ‘stories’ (única coisa que o Snapchat faz) e colocar em absolutamente todas as suas redes sociais.
Situação agravada
Por um lado o Twitter realmente está à venda. Seu número de usuários – crescente nos Estados Unidos – despenca vertiginosamente no resto do mundo. Suas ações já chegaram a cair 15% em um único dia. Google, Apple, Microsoft e o próprio Facebook não demonstraram interesse na aquisição, apesar de a empresa Salesforce apontar que talvez pudesse querer.
Em 2013 a empresa valia US$ 50 bilhões e agora busca alguém que pague US$ 20 bi por ela: menos da metade (apesar de seu valor de mercado ser avaliado em ainda menos, ‘apenas US$ 12,6 bi). Especialistas afirmam que por manter dados abertos a empresa – ou melhor, seu banco de dados – não vale tanto e por isso a tarefa hercúlea de achar um comprador.
Hoje são mais de 330 milhões de contas ativas no microblog, o que é um excelente número, mas as interações caíram de 70 milhões de contas para 68 mi, o que demonstra que uma considerável parcela de seus usuários simplesmente abandonou seus perfis.
Por outro lado o Facebook – que cresce de forma selvagem e com uma ética extremamente questionável – costuma comprar qualquer rede social que julgue propícia. Isso numa época em que seu dono, Mark Zuckerberg, foi massacrado no Senado dos Estados Unidos por vender informações pessoais de seus usuários para a utilização em campanhas políticas, criou um grande desconforto para aqueles que ainda consideram as políticas de privacidade do Twitter menos invasivas.
Piorando um pouco mais o que já estava ruim
Nesta quinta-feira (03/05) o Twitter emitiu nota pedindo para que seus usuários trocassem suas senhas. Por conta de um erro interno, algumas delas foram descriptografadas e armazenadas nos servidores da empresa. Eles afirmam que a falha que gerou o problema foi corrigida e que não viram indícios de roubo de senhas, mas ainda assim sugerem a troca por cautela.
“Lamentamos muito que isso tenha acontecido. Reconhecemos e valorizamos a confiança depositada por vocês e estamos comprometidos a ganhar essa confiança todos os dias”, dizia uma nota oficial da empresa.
Agora, além de problemas financeiros, a empresa que sequer está na lista dos 10 sites mais acessados do mundo (ficando em 13° no ranking global do site Alexa e oitavo lugar nos Estados Unidos) tem um problema técnico que gerou uma crise de confiança considerável pela frente. De onde se está vendo, o destino da rede social não é tão diferente ao do MySpace ou Fotolog.
Em contrapartida há aqueles que preferem o microblog.
O bilionário Elon Musk – dono da SpaceX, Tesla, SolarCity, OpenAI, The Boring Company, Neuralink e, basicamente, o Tony Stark da vida real – afirmou em sua conta no Twitter que nem sabia do que se tratava o Facebook. Ao ser desafiado a excluir as fanpages de sua empresa da rede social de Zuckerberg (uma, por exemplo, com mais de 2,7 milhões de curtidas), não pensou duas vezes. Agora não há nada de Musk que tenha ligação ao Facebook. Isso chegou a subir a hashtag #delefacebook.
Mas fique tranquilo
O Twitter continua sendo o Twitter. O Facebook não o comprou e nem parece ter o menor interesse em fazê-lo. Então continue dividindo seus pensamentos sem medo de que isso seja usado para manipular você em alguma eleição. Pelo menos, por enquanto.
A história – ou, como se diria antigamente, estória – foi apenas uma notícia inventada por alguém sem nada importante para fazer na vida. Passa. E daqui a uns meses volta de novo. É o efeito bumerangue das fakenews. Então, da próxima vez que vir essa notícia, procure se informar em fontes confiáveis e, com certeza, mais de uma. É sempre bom checar a informação.