Banco Central vai elevar intervenção no mercado de câmbio
Foto: DivulgaçãoSaturday, 19 May 2018
Decisão ocorreu após o real se desvalorizar em relação ao dólar pelo sexto dia consecutivo. Ação começará na segunda-feira (21/5)
Após o real perder valor pelo sexto dia seguido e o dólar fechar em alta de 1,01% na sexta-feira (18/5), a R$ 3,73 (chegou a quase R$ 3,78 durante o dia), o Banco Central anunciou que reforçará a intervenção no mercado cambial. A ação começará na segunda (21), com a oferta de US$ 750 milhões no mercado futuro. A instituição ressaltou que atuações são “discricionárias” e vão ocorrer conforme a necessidade.
Agora, há expectativa de que se amenize a tendência de desvalorização do real ou, pelo menos, mais baixa volatilidade nos negócios. A escalada do dólar não é exclusividade do Brasil e resulta da perspectiva de aumento do juro nos Estados Unidos. Isso atrai para o mercado americano capitais de todo o mundo e desvaloriza as demais moedas, especialmente, de países emergentes.
Em reação a esse movimento, a intervenção do Banco Central ocorrerá com a oferta de novos contratos de swap cambial — operação no mercado futuro que equivale à venda de dólares. No leilão programado para a manhã de segunda, serão oferecidos 15 mil novos contratos. O volume é três vezes maior que o visto nas ofertas diárias que o BC fazia para renovar contratos que vencerão em junho.
Assim, o valor ofertado pelo BC passará de US$ 250 milhões diários para US$ 750 milhões. “O BC ressalta que os montantes das ofertas adicionais de swap poderão ser revistos e se reserva o direito de realizar atuações discricionárias, caso seja necessário”, afirmou a instituição.
Em nota, o Banco Central ressaltou que a atuação no câmbio é separada da política monetária, ou seja, da calibragem da Selic (taxa básica de juros) para controlar a inflação.
O texto cita que eventuais impactos de choques externos sobre a inflação tendem a ser minimizados no Brasil pelo ainda elevado grau de ociosidade na economia. Também pelas expectativas de inflação ancoradas. Ou seja, o dólar alto não deve gerar inflação no Brasil, diz o BC.
Economistas dizem que a desvalorização do real segue a tendência mundial vista em outras moedas internacionais. Mas que o cenário doméstico tende a ganhar relevância. “Nos próximos meses, teremos o ingrediente das eleições, que pode influenciar o risco Brasil e o câmbio”, diz Cristiano Oliveira, economista-chefe do Banco Fibra. “A depender de quem estiver na frente quando a campanha começar, não é impossível pensar em dólar a R$ 4.”
Ações
A Bolsa também teve um dia de alta volatilidade nessa sexta e chegou a registrar uma queda de 2,67%. No fim da tarde, porém, recuperou-se, caindo 0,65%, aos 83.081 pontos.