Caminhoneiros paralisam estradas contra aumento de combustíveis
Foto: DivulgaçãoSunday, 20 May 2018
A Petrobrás anunciou hoje um novo aumentou que pode fazer a gasolina chegar, em alguns locais, a até R$ 5.
Foi pelo sul de Imbituba (SC) que caminhoneiros autônomos começaram a paralisação desta manhã em protesto contra a alta do diesel.
Tudo teve início às 6h na SC-437 que recebe grande fluxo da BR-101. Pneus foram queimados e logo ambas as rodovias estavam intransitáveis. Pouco depois mais caminhoneiros paralisaram também a BR-470 aqui no Vale do Itajaí e a própria 101 na região metropolitana de Florianópolis. A BR-282 também foi fechada pelos protestantes, na região serrana.
Motos e carros têm podido passar pelo bloqueio, mesmo que às vezes pelo acostamento e com a fumaça atrapalhando a dirigibilidade.
A paralisação havia sido prometida na semana passada pela Associação Brasileira dos Caminhoneiros (Abcam), que conseguiu paralisar rodovias não apenas em Santa Catarina, mas principalmente em Bahia, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso, Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul.
Os congestionamentos se espalharam por todo o país e desde o momento em que começaram não têm dado indícios de que irão cessar. Na verdade, nas últimas horas, mais e mais caminhoneiros têm aderido ao movimento e um número crescente de estradas está parado.
A Petrobrás anunciou ainda hoje que aumentaria o valor do Diesel em 0,97% e da gasolina em 0,9% nas refinarias a partir de amanhã (22/05) e isso só aumentou a revolta dos profissionais.
Desde 3 de julho do ano passado – quando a Petrobras decidiu repassar para os combustíveis qualquer variação na cotação do petróleo internacional – o preço do diesel comercializado nas refinarias aumentou 57,78%, algo inaceitável em um país com inflação de 2,68%.
De acordo com pesquisa da Agência Nacional do Petróleo, , Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) esse aumento será, obrigatoriamente, repassado aos postos que na semana passada já havia elevado os valores da gasolina de R$ 4,247 para R$ 4,284. Com esse novo aumento, o preso do combustível deve sofrer uma alta de 4,51% desde o começo do ano ou de 22% quando comparado a julho do ano passado. Já o preço do diesel terminou a semana passada em R$ 3,595, acumulando uma alta de 8% este ano ou 21,5% se comparado ao ano passado.
Nas cidades gaúchas de Bagé e Uruguaiana já se pôde ver a gasolina sendo vendida por mais de R$ 5 o litro.
A paralisação dos caminhoneiros é fortemente apoiada pelos donos de postos de combustíveis, que afirmar estar sendo prejudicados com a nova política de preços da Petrobras. Paulo Miranda Soares, presidente da Fecombustíveis, afirma que a federação a qual representa vai apresentar ao governo um pedido para a redução de impostos e para que a Petrobras faça seus reajustes em maiores intervalos de tempo.
A verdade é que desde 2006 o governo tem usado a Petrobrás como um tipo de ‘limite do cartão de crédito’, tentando regular o preço da gasolina artificialmente para segurar a inflação.
Mas – somo aos roubos praticados por políticos à estatal e a sua administração desastrosa – o rombo em seus cofres chegou a R$ 100 bilhões. Agora, no panorama global, ocorreu uma queda brutal no preço do barril de petróleo (abaixo dos US$ 20 por barril) e o governo, de forma irresponsável, decidiu permitir que a empresa tentasse repor as perdas passadas.
A gasolina do Brasil é a 32ª mais cara do planeta, e o diesel está em 45° lugar.
Agora que o valor do barril de petróleo despencou e o Brasil permitiu repassar aumentos para a revendedora, nosso país é o único que – vergonhosamente – está lucrando agora, indo no contrafluxo da Economia Mundial e antevendo uma inflação que ameaça ser muito alta.
E é de importância ímpar que o leitor entenda que o que define o preço dos combustíveis no país são as taxas cambiais do dólar (que tem fechado em alta) e a cadeia de comercialização, que inicia na produção interna, vai para as refinarias onde é dividida entre mercado externo e distribuidoras, postos de combustíveis e só então você, o consumidor final.
O Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT) aponta que 56,09% do preço pago pela gasolina nos postos são impostos (4,23% relativo a PIS, 19,53% a Cofins e 25% a ICMS). Dessa forma, conclui-se que 31% do preço da gasolina são os custos de produção, 10% são impostos federais, 28% são impostos estaduais, 15% é o preço do etanol adicionado à gasolina e 16% tem a ver com distribuição e revenda. Ou seja: a gasolina poderia custar metade do que custa.
E, caso o governo não crie vergonha na cara e pare de inventar desculpa para cobrir o rombo criado por sua própria incompetência e corrupção escandalosa (que usava a Petrobras como caixa eletrônico de vigarista), pode começar a dar boas vindas àquela inflação dos anos 80.