Cinco anos após início da recessão, nenhum setor voltou ao nível pré-crise

Cinco anos após início da recessão, nenhum setor voltou ao nível pré-crise
Foto: Reprodução

Tuesday, 21 May 2019

Recuperação é tão lenta que economistas experientes têm dificuldades para diagnosticar o que está ocorrendo.

Passados cinco anos do início da deterioração econômica brasileira – o trimestre entre abril e junho de 2014 foi o primeiro da recessão -, nenhum setor produtivo voltou ao patamar pré-crise. Na mais lenta retomada da história do país, a construção civil ainda está 27% aquém do registrado no começo de 2014 e a indústria, 16,7%. Um pouco menos atingidos, serviço e varejo também sofrem para se recuperar e estão em níveis 11,7% e 5,8% inferiores ao de 2014, respectivamente.

O processo é tão vagaroso, com frustrações de expectativa de crescimento trimestre após trimestre, que economistas têm tido dificuldade para explicar o que ocorre no País. “Há uma diversidade de diagnósticos. Quando se tem isso, é porque ninguém está entendendo direito o que está acontecendo – o que é raro de se ver”, diz o economista-chefe do Banco Votorantim, Roberto Padovani.

Um dos mais recentes diagnósticos para a situação brasileira é do ex-presidente do Banco Central Affonso Celso Pastore. Para o economista, o País está em depressão, pois o PIB per capita cresceu de forma insignificante nos últimos dois anos (0,3% em cada ano) e deve terminar 2019 no mesmo nível de 2018. Isso significa que, em dezembro deste ano, o indicador estará 8% abaixo do registrado antes da recessão.

“O conceito que estou usando (para definir depressão) é o de PIB per capita, que mostra que a população empobreceu e continua pobre. As perspectivas de crescimento deste ano indicam que isso não vai mudar”, diz.

Se o PIB voltar a crescer a uma taxa de 2% no próximo ano, o PIB per capita atingirá o nível anterior à recessão em 2026, ou 13 anos após o início dela. Na crise de 1988, essa recuperação levou nove anos.


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Redação

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