Dólar opera em alta e bate R$ 4,26

Dólar opera em alta e bate R$ 4,26
Foto: Divulgação

Tuesday, 26 November 2019

Moeda atinge maior valor da história em um pregão. Recorde anterior tinha sido registrado em 24 de setembro de 2015, quando chegou a R$ 4,2484.

O dólar mantém a trajetória de alta nesta terça-feira (26), sendo negociado acima de R$ 4,26 e batendo nova máxima intradia, após ter renovado na véspera maior valor nominal de fechamento da história, com os investidores reagindo a declarações do ministro da Economia, Paulo Guedes, que afirmou que o câmbio de equilíbrio "tende a ir para um lugar mais alto".

Às 12h33, a moeda norte-americana subia 1,07%, a R$ 4,2580. Na máxima da sessão até o momento, chegou a R$ 4,2694. Trata-se da maior cotação intradia já registrada, sem considerar a inflação. O recorde anterior tinha sido registrado em 24 de setembro de 2015, quando bateu R$ 4,2484. Veja mais cotações

Já o dólar turismo era negociado ao redor de R$ 4,45, sem considerar os impostos.

Por volta das 11h05, a alta da moeda teve uma leve desaceleração, depois que o Banco Central vendeu dólares no mercado à vista, em leilão extra, com taxa de corte de US$ 4,232.

Na véspera, o dólar fechou em alta de 0,5%, a R$ 4,2129. O recorde anterior de fechamento havia sido atingido na semana anterior, quando a moeda encerrou a sessão cotada a R$ 4,206. Na parcial de novembro, acumula alta de 5,07% sobre o real. No ano, o avanço até agora é de 8,74%.

Mais cedo, o coordenador de Operações da Dívida Pública, Roberto Beier Lobarinhas, afirmou que o impacto da alta do dólar sobre a gestão de dívida é "muito pouco relevante". "Olhamos a composição da dívida cambial e não observamos variação relevante. Para a gente, está bem tranquilo", afirmou.

Questionado sobre uma possível atuação conjunta com o Banco Central, ele apontou ainda que não foi observado "nada nem próximo da necessidade de se fazer qualquer coisa, qualquer atuação. Não há nada no radar nesse sentido".

O desempenho do real acompanhava nesta terça o movimento da principais moedas emergentes, em meio à força generalizada do dólar nos mercados diante da falta de avanços na guerra comercial entre Estados Unidos e China, destaca a Reuters.

Câmbio de equilíbrio é mais alto com juro mais baixo, diz Guedes

Na véspera, o ministro da Economia, Paulo Guedes, disse que, diante da redução da taxa básica de juros no país, o câmbio de equilíbrio "tende a ir para um lugar mais alto".

"Quando você tem um fiscal mais forte e um juro mais baixo, o câmbio de equilíbrio também ele é mais alto", afirmou Guedes em entrevista coletiva na embaixada brasileira em Washington, acrescentando que o Brasil tem uma moeda forte e que flutuações no câmbio não são motivo de preocupação.

"Os comentários do Guedes mostram que não tem uma preocupação com a taxa de câmbio no atual patamar", disse à Reuters Camila Abdelmalack, economista da CM Capital Markets. "O mercado acaba achando que isso é uma indicação de que o BC não vai atuar."

Já o presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta terça-feira que "há prós e contras" com fato do dólar ter alcançado novo valor nominal recorde.

"Se você for analisar na ponta da linha, tem vantagens, prós e contra no dólar a R$ 4,21 como está agora (sic)", afirmou o presidente, na saída do Palácio da Alvorada. "Espero que caia (a cotação da moeda), torço, assim como torço para que caia a taxa Selic, torço para que aumente a nossa credibilidade junto ao mundo", acrescentou.

Incertezas externas e saída de dólares do país

O avanço do dólar nas últimas semanas acontece também em meio as incertezas em torno das negociações comerciais entre a China e os Estados Unidos, com o mercado em busca de sinalizações sobre um possível acordo para colocar fim à guerra comercial que se arrasta desde o começo de 2018.

Internamente, o mercado também reage ao movimento de saída de dólares do país, que enfraquece o câmbio. Em outubro, o déficit nas transações correntes chegou a US$ 7,9 bilhões, maior que os US$ 5,8 bilhões projetados pelo Banco Central (BC) e com o investimento estrangeiro abaixo do esperado.

A menor oferta de moeda no país em meio a contínuas saídas de capital se tornou uma preocupação ainda maior depois da frustração do mercado com o megaleilão do excedente da cessão onerosa do pré-sal, no último dia 6, no qual praticamente apenas a Petrobras fez lances.

No dia 5 de novembro, o dólar havia encerrado em R$ 3,99 na venda. Desde então, a cotação disparou mais de 5%, em termos nominais.

Atuação do Banco Central

Segundo o banco UBS, "uma liquidação adicional pelo BC poderia pressionar o real, já que as restrições de balanços afetam a capacidade dos bancos de vender dólares de volta ao BC".

"O Banco Central pode aliviar esses problemas vendendo reservas sem comprar dólares ao liquidar swaps cambiais e adicionar reservas temporárias de câmbio ao mercado para atender às pressões sazonais", acrescentou o UBS. No entanto ainda não há uma perspectiva clara de atuação da instituição.

Mesmo com o dólar em torno de recordes históricos, o Banco Central tem mantido a estratégia de intervenção no câmbio já em curso, sem anunciar leilões extras.

Nesta terça-feira, o Banco Central vendeu 3.500 contratos de swap cambial reverso e US$ 175 milhões em moeda spot, de oferta de até 15.700 e 785 milhões, respectivamente. Adicionalmente, a autarquia leiloará contratos de swap tradicional, para rolagem do vencimento janeiro de 2020.


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Redação

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