Liberação do jogos de azar pode aliviar a crise no país

Liberação do jogos de azar pode aliviar a crise no país
Foto: Divulgação

Tuesday, 04 February 2020

A legalização e criação de cassinos poderia ser uma alternativa de arrecadação para o Estado.

Enquanto em países da Europa e nos Estados Unidos os jogos de azar são vistos como uma atividade econômica e de entretenimento, com opções que vão de grandes resorts a cassinos, desde 1946, a prática desse tipo de aposta foi proibida no Brasil (em 2001 bingos foram autorizados a funcionar, o que durou até 2004).

Mas frente à crise dos últimos três anos, regularizar os jogos e a construção de cassinos pode ser uma alternativa para arrecadar impostos e retomar a economia do país. O primeiro passo já foi dado, com a aprovação da lei 13.756/18, pelo ex-presidente Michel Temer, referente à regularização das apostas esportivas, no final de 2018.

Segundo dados do Instituto Jogo Legal (IJL), o Brasil deixa de arrecadar, por ano, cerca de R$ 15,6 bilhões ao não legalizar apostas e jogo do bicho (valor gerado na ilegalidade). Mas, desde 2015, a Câmara dos Deputados vem tentando reverter esta medida, com a instalação de uma comissão especial voltada ao marco regulatório dos jogos (PL 442/91, na Câmara, e o PLS 186/2014, no Senado). De lá pra cá, propostas para a legalização de cassinos, jogo do bicho, bingos, entre outras modalidades, estão sendo analisadas.

Em recente entrevista ao jornal Valor Econômico, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), chegou a declarar que a aprovação de uma legislação para jogos de azar está entre os temas a serem validados em seu universo de pautas. Já em relação ao atual presidente, Jair Bolsonaro,  não há muita abertura em torno da liberação das apostas. Quando ainda era pré-candidato, Bolsonaro se posicionou contra o jogo, mas disse que estava aberto ao debate.

Apesar do perfil conservador do presidente em relação a apostas, cassinos e afins, a indústria de jogos de azar têm esperanças no perfil aberto e na prática da economia liberal proposta pelo atual Ministro da Economia, Paulo Guedes. O setor alega que, além de aumentar a arrecadação de tributos para o governo, investir nesse modelo de negócio, liberando todas as modalidades de jogos, seria ainda uma forma de impulsionar a geração de empregos, podendo chegar em torno de 700 mil vagas.

Problemas da falta de regulamentação

Além da questão econômica em torno da não arrecadação de tributos para o Estado, a falta de regulamentação para jogos de azar gera diversos outros problemas para a sociedade brasileira, como falta de assistência para os apostadores, lavagem de dinheiro e exploração das apostas pelo crime organizado. Mas, enquanto o setor aguarda a aprovação de Brasília, a prática de muitas das modalidades continua acontecendo à margem da lei.

Pressão dos estados

Além de empresários a favor da indústria de jogos de azar, há forte pressão pela regularização das apostas partindo de alguns estados como São Paulo e Rio de Janeiro, onde existe a promessa da construção de grandes complexos no estilo cassino-resort – no ano passado o prefeito da Cidade Maravilhosa chegou a receber visitas de grandes empresários de Las Vegas, atuantes do ramo. E essa pressão não se resume ao sudeste.

A expectativa é de que, assim que liberada, ocorra uma verdadeira corrida para a instalação de cassinos em todas as regiões do país – a cidade de Rio Branco, no Acre, é uma grande candidata a receber uma casa de jogos em estilo resort.


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Redação

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