Gastos subiram para 60% das famílias

Gastos subiram para 60% das famílias
Foto: Reprodução

Wednesday, 22 July 2020

A percepção de alta nos gastos ocorreu principalmente em relação às despesas domésticas, com supermercado, farmácia, utilidades e contas de consumo.

A pandemia da Covid-19, sobretudo por causa da quarentena que levou as pessoas a ficarem em casa, pesou no bolso do brasileiro, segundo estudo do Instituto Ipsos. Na sondagem, 60% das famílias brasileiras sentiram aumento nos gastos – percentual equivalente à média de outros 15 países pesquisados, apontou Marcos Calliari, presidente do Ipsos.

A percepção de alta nos gastos ocorreu principalmente em relação às despesas domésticas, com supermercado, farmácia, utilidades e contas de consumo exercendo maior peso.

“Se a gente checa os índices de inflação dos últimos três meses, eles estão baixos, sob controle e abaixo da meta do governo. E houve inclusive no IPCA deflação em dois meses, se a gente analisar abril e maio”, ressaltou Calliari. “Mas isso não se reflete na percepção da população [sobre gastos]”, ponderou o especialista.

Segundo ele, houve uma migração de parte da despesa do consumo que era feito fora de casa para dentro das residências. “Isso explica que a maior parte da população esteja gastando mais, por exemplo, com varejo e supermercados para abastecer a casa.”

Outros aspectos observados, ressaltou Calliari, são o aumento nos gastos com serviços de eletricidade, gás, conexão com internet, e ainda o aprendizado que a pandemia deixa sobre a necessidade de racionalização na compra de itens mais caros. Em relação a impostos, a diferença percebida foi muita baixa, disse.

Recomposição dos gastos

Calliari ressaltou que houve uma recomposição dos gastos – o que inclui na análise, por exemplo, transporte e educação, itens que normalmente têm peso importante, assim como aluguéis, que tiveram os valores renegociados entre locadores e locatários.

Nesse caso, muitos alegaram redução salarial, que ocorreu em razão da adesão das empresas à MP 936 do governo federal, para obter descontos. Mas o que pesou mais em relação a todas as despesas foram os itens do dia a dia.

Ele ressaltou que, em outra sondagem, quase 70% das pessoas não se sentem confortáveis em voltar ao trabalho com a reabertura econômica. “O brasileiro é, de longe, quem menos se sente confortável de todos os países pesquisados”, disse ele, referindo-se aos outros 15 verificados.

Em função dos números crescentes de infectados pelo novo coronavírus no país e dos óbitos, a preocupação do brasileiro “tem cores mais fortes” que as de pessoas de outros países, explicou o especialista. “Oitenta e cinco por cento dos brasileiros não se sentem confortáveis em deixar suas crianças voltarem para a escola”, ressaltou ele.

A percepção sobre o futuro, segundo Calliari, também é muito pior em relação à de outros países.

“O brasileiro é o que mais se preocupa com o retorno das atividades, e tem preocupação econômica particular. Não há crença generalizada de que os empregos voltarão depois da pandemia”, descreveu.


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Redação

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