Preço da nova gasolina não será 'necessariamente' maior

Preço da nova gasolina não será 'necessariamente' maior
Foto: Divulgação

Wednesday, 05 August 2020

Combustível de especificação superior vai proporcionar uma redução de 5%, em média, no consumo dos automóveis.

Uma das notícias mais relevantes nesta segunda-feira (3) envolvendo o universo automotivo nacional vai para o início da obrigatoriedade da produção ou importação da nova gasolina de maior qualidade no mercado brasileiro.

Segundo a Resolução nº 807/2020 da ANP, o grande diferencial da nova gasolina que passa a ser oferecida no Brasil reside em especial no fato dela contar com uma massa específica (densidade) mínima de 715 kg/m³. Com isso, a gasolina que passará a ser oferecida em nossos postos de combustíveis deverá proporcionar maior eficiência energética, melhorando a autonomia dos veículos pela diminuição do consumo bem como viabilizando a introdução de tecnologias de motores mais eficientes, com menores níveis de consumo e emissões atmosféricas.

A Petrobras explicou que não necessariamente a nova gasolina será mais cara que a oferecida hoje em dia no mercado. Segundo a empresa, “o preço do combustível é definido pela cotação no mercado internacional e outras variáveis como valor do barril do petróleo, frete e câmbio. Portanto, esses fatores podem variar para cima ou para baixo e são mais influentes no preço do que o custo adicional de especificação. Além disso, vale lembrar que a Petrobras é responsável por apenas 30% do preço final da gasolina nos postos de serviço. As demais parcelas são compostas por tributos, preço do etanol adicionado e margens das distribuidoras e revendedores”.

Ainda de acordo com a Petrobras, “a redução no consumo de 5%, em média, proporcionado pela nova gasolina compensará uma eventual diferença no preço da gasolina atual, uma vez que o consumidor vai rodar mais quilômetros por litro”, completa a multinacional brasileira.

A Petrobras ainda nos pontuou que, como exemplo das influências que estão além da nova especificação para o combustível, a gasolina vendida pela empresa às distribuidoras caiu 4% na última sexta-feira e acumula queda de 13,8% no ano.

É importante destacar que, pela Resolução nº 807/2020 da ANP, o valor mínimo de octanagem RON para a gasolina comum será 92 a partir desta segunda-feira, 3 de agosto de 2020, e deverá ser elevado para 93 a partir de 1º de janeiro de 2022. Já para a gasolina premium, o valor mínimo de octanagem RON será de 97 já a partir de hoje. A Petrobras, contudo, destaca que se antecipou e toda a gasolina comum produzida em suas refinarias já possui octanagem RON 93 a partir de agora.

Além disso, realça a Petrobras, a nova especificação também dificulta fraudes na gasolina, combatendo o uso de solventes e naftas de baixa qualidade como forma de adulteração do produto comercializado ao consumidor.

Chegada da nova gasolina ao mercado

No município do Rio, os postos ainda estão com estoques antigos de gasolina. Ouvida pela Agência Brasil, a presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis, Lubrificantes e de Lojas de Conveniência do Município do Rio de Janeiro (Sindcomb), Maria Aparecida Siuffo Pereira Schneider, estima que ainda levará tempo para os revendedores começarem a oferecer a nova gasolina, porque os distribuidores também estão com estoques do produto de especificação anterior.

“Hoje, por exemplo, já recebi produto nos meus postos exatamente com a densidade anterior. Está definido na própria resolução da ANP que ninguém será autuado, a não ser quem não tenha essa especificação a partir de 90 dias para os postos, porque as distribuidoras têm 60 dias para escoarem os seus estoques”, informou. Schneider acrescenta que acha difícil que as distribuidoras já tivessem quantidade suficiente do produto para oferecer aos revendedores a partir de hoje.

Maria Aparecida afirmou que, conforme as distribuidoras forem escoando o produto com as especificações antigas, já passarão a comercializar alguma quantidade da nova gasolina. “O que vai acontecer é que vai ter uma densidade média durante o período que a ANP dá, para que tenha a nova especificação já nas bombas”, ressaltou.

Para Maria Aparecida, a ANP acertou quando determinou prazos para o mercado se adequar porque a logística do setor é complexa. “A resolução foi feliz nesse sentido. Se a ANP tivesse certeza de que isso poderia ser feito dessa maneira, ou seja, dia 3 de agosto começar a funcionar, ela mesma não teria dado 60 dias de prazo para a distribuição e 90 dias para a revenda. A ANP teve a responsabilidade de fazer uma resolução prevendo este tipo de alteração no tempo necessário, para que a cadeia toda pudesse vender a gasolina na nova especificação”, observou.

Seguindo o que a Petrobras declarou, a empresa não acredita que a nova gasolina chegará mais cara ao consumidor, ainda que possa haver uma compensação com a maior eficiência dos motores e consequente redução na quantidade de compra do produto.

“Não tenho a menor expectativa com relação a isso. O mercado é livre e não sei o que vai acontecer. A cadeia vem de cima, passa pelas distribuidoras e chega nos postos, que são os últimos e os de menor estoque. Em uma pandemia, todo mundo trabalha com estoque baixíssimo. A gente precisa do consumidor dentro do posto. Não vejo a possibilidade de aumento como uma coisa positiva para o posto”, afirmou.

De acordo com Maria Aparecida, no início da pandemia a demanda dos postos caiu para 30% do que costumavam ter e agora já subiu para 50%, o que não chega a ser suficiente para cobrir os custos.


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Redação

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