Setor de serviços avança 2,6% em julho

Setor de serviços avança 2,6% em julho
Foto: Divulgação

Monday, 14 September 2020

Apesar de engatar a 2ª alta seguida, setor ainda acumula queda de 8,9% no ano e mostra recuperação mais lenta do que a observada no comércio e indústria.

O volume de serviços prestados no Brasil cresceu 2,6% em julho, na comparação com junho, engatando a segundo alta mensal seguida, segundo divulgou nesta sexta-feira (11) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Apesar de acumular ganhos de 7,9% em dois meses, o setor ainda não conseguiu eliminar as perdas registradas entre os meses de fevereiro e maio, e segue 12,5% abaixo do patamar pré-pandemia.

O setor de serviços tem apresentado uma recuperação mais lenta do que a observada no comércio e na indústria, sobretudo nas atividades que envolvem atendimento presencial. Além de ainda não ter retomado o nível pré-pandemia, o volume de serviços está 22,2% abaixo do pico da série histórica da pesquisa, registrado em novembro de 2014.

A resultado de junho foi revisado para uma alta de 5,2%, ante leitura inicial de avanço de 5%.

O resultado veio mais fraco que o esperado,. A expectativa em pesquisa da Reuters de alta de 3,1%.

Na comparação com julho do ano passado, o volume de serviços recuou 11,9%, a quinta taxa negativa seguida nesta base de comparação.

No acumulado do ano, o setor ainda acumula queda de 8,9% frente a igual período de 2019. Em 12 meses, a perda é de -4,5%, resultado negativo mais intenso desde julho de 2017 (-4,6%).

A receita nominal do setor cresceu 1,4% em julho, na comparação com junho, mas teve queda de 12,8% na comparação anual. No acumulado no ano e em 12 meses, a perda é de 7,9% e de 2,6%, respectivamente.

Variação do volume de serviços em julho, por atividade e subgrupos

  • Serviços prestados às famílias: -3,9%
  • Serviços de alojamento e alimentação: -5%
  • Outros serviços prestados às famílias (salões de beleza, academias, reparos, etc): 3,7%
  • Serviços de informação e comunicação: 2,2%
  • Serviços de tecnologia da informação e comunicação: 1,3%
  • Telecomunicações: 0,3%
  • Serviços de tecnologia da informação: 5,3%
  • Serviços audiovisuais: 7,6%
  • Serviços profissionais, administrativos e complementares: 2%
  • Serviços técnico-profissionais: 10,2%
  • Serviços administrativos e complementares: 0,4%
  • Transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio: 2,3%
  • Transporte terrestre: 5,8%
  • Transporte aquaviário: 1,6%
  • Transporte aéreo: 17,1%
  • Armazenagem, serviços auxiliares aos transportes e correio: -0,7%
  • Outros serviços: 3%

Serviços para famílias acumulam queda de 38% no ano

Das 5 atividades pesquisadas, 4 tiveram alta na passagem de junho para julho, com destaque para os serviços de informação e comunicação (2,2%) e de transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio (2,3%).

"O avanço do setor foi puxado pelas atividades de portais, provedores de conteúdo e ferramentas de busca na internet, que têm receitas de publicidade; e também pelos aplicativos e plataformas de videoconferência, que tiveram um ganho adicional durante a pandemia”, destacou Lobo.

"O aprofundamento da queda deste setor, passando de uma retração de 35,2% no primeiro semestre do ano para uma queda de 38,2% nos sete primeiros meses de 2020, é reflexo do lento ritmo de retomada da prestação de serviços de caráter presencial, ainda que tenha havido aumento das permissões de retorno ao funcionamento parcial ou integral de alguns desses estabelecimentos", destacou o IBGE.

Segundo Lobo, os serviços prestados às famílias precisam crescer 130,5% para retomar ao patamar pré-pandemia. "Em termos de percentual, é o segmento que mais precisa crescer, em função do fechamento de hotéis, restaurantes e outros estabelecimentos", afirmou.

Das 27 unidades da federação, 20 tiveram expansão no volume de serviços em julho. São Paulo (1,6%) e Rio de Janeiro (3,3%) registraram as principais altas. Outras contribuições positivas relevantes vieram do Rio Grande do Sul (3,5%) e do Distrito Federal (5,2%). Já os impactos negativos mais relevantes foram do Ceará (-2,5%) e Bahia (-0,9%).

Recuperação e perspectivas

O setor de serviços tem sido um dos mais abalados pela pandemia de coronavírus e registrou uma queda recorde de 9,7% no 2º trimestre, segundos os dados do PIB (Produto Interno Bruto). Embora tenha peso de 70% na economia brasileira, vale destacar que as atividades investigadas na pesquisa mensal do IBGE representam cerca de 30% do PIB.

Após o tombo histórico da economia, a expectativa é de recuperação gradual no 3º trimestre, apesar das incertezas sobre a dinâmica da pandemia, do elevado desemprego e do rumo das contas públicas.

Na véspera, o IBGE mostrou que as vendas do comércio cresceram 5,2% em julho. Apesar de marcar a 3ª alta seguida, o varejo brasileiro ainda acumula queda de 1,8% no ano. Já a indústria avançou 8% em julho, mas permanece 6% abaixo do patamar pré-pandemia e acumula perda de 9,6% no ano.

O Índice de Confiança de Serviços, medido pela Fundação Getulio Vargas (FGV), avançou para 85 pontos em agosto, mas continua abaixo do nível pré-pandemia, com alguns segmentos ainda enfrentando obstáculos para retomar as atividades.

A estimativa atual do mercado é de um tombo de 5,31% do PIB em 2020 e de 3,50% em 2021, segundo a última pesquisa Focus do Banco Central. Mesmo com a melhora das previsões nas últimas semanas e redução do pessimismo, ainda deverá ser de longe o pior desempenho anual já registrado no país.

Atividades turísticas crescem 4,8% em julho

Já o índice de atividades turísticas cresceu 4,8% em julho frente a junho, terceira taxa positiva seguida, acumulado um ganho de 36,1% no período. Apesar da recuperação, a atividade também segue longe de recuperar as perdas com a pandemia. No acumulado em 2020, a baixa é de 37,9%.

O segmento de turismo acumulou queda de 68,1% entre março e abril, em meio ao isolamento social, que atingiu intensamente boa parte das empresas que compõem as atividades turísticas, principalmente, transporte aéreo de passageiros, restaurantes e hotéis.

Regionalmente, os destaques de alta foram observados em São Paulo (5,4%) e Rio de Janeiro (11,5%), seguido por Pernambuco (18,9%), Minas Gerais (5,5%) e Distrito Federal (15,4%). Em sentido oposto, Ceará (-23,0%) e Santa Catarina (-4,8%) exerceram os principais impactos negativos.


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Redação

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