Desemprego no Brasil salta para 14,6%

Desemprego no Brasil salta para 14,6%
Foto: Reprodução

Monday, 30 November 2020

Número de desempregados aumentou 1,3 milhão em 3 meses. Em 1 ano, Brasil perdeu 11,3 milhões de postos de trabalho. É a taxa recorde.

O desemprego no Brasil saltou para uma nova taxa recorde de 14,6% no trimestre encerrado em setembro, afetando 14,1 milhões de pessoas, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua Mensal (PNAD Contínua), divulgada nesta sexta-feira (27) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O índice de 14,6% corresponde a um aumento de 1,3 ponto percentual em relação ao 2º trimestre (13,3%), e de 2,8 pontos percentuais frente ao mesmo intervalo do ano passado (11,8%).

O resultado do 3º trimestre ficou ligeiramente abaixo do estimado em pesquisa da Reuters junto a especialistas, de 14,9%.

O desemprego vem renovando recordes desde julho no país, à medida em que os trabalhadores que perderam sua ocupação na pandemia começam a buscar um emprego após o relaxamento das medidas de restrição.

Segundo a analista da pesquisa, Adriana Beringuy, o aumento na taxa de desemprego também reflete a flexibilização das medidas de isolamento social para controle da pandemia de Covid-19.“Em abril e maio, as medidas de distanciamento social ainda influenciavam a decisão das pessoas de não procurarem trabalho. Com o relaxamento dessas medidas, começamos a perceber um maior contingente de pessoas em busca de uma ocupação”, afirma.

Vale lembrar que o IBGE considera desempregado apenas quem não tem trabalho e procurou alguma ocupação nos 30 dias anteriores à semana em que os dados foram coletados.

Resumo

Entre os principais destaques da pesquisa, segundo o IBGE, estão:

  • Mais 1,3 milhão de pessoas entraram na fila em busca de um trabalho no 3º trimestre frente ao segundo;
  • A taxa de desemprego subiu em 10 estados e ficou estável nos demais. Bahia (20,7%) teve a maior taxa e Santa Catarina (6,6%), a menor;
  • Taxa de desemprego foi de 12,8% para os homens e 16,8% para as mulheres;
  • Entre as pessoas pretas, a taxa foi de 19,1%, enquanto a dos pardos foi de 16,5%; a menor taxa foi a dos brancos: 11,8%;
  • O desemprego é maior entre os jovens, com destaque para a faixa das pessoas de 18 a 24 anos de idade (31,4%);
  • O contingente de ocupados atingiu mínima histórica de 82,5 milhões de pessoas;
  • Nível de ocupação foi de 47,1%; ou seja, menos da metade da população em idade para trabalhar está ocupada no país;
  • O número de desalentados (pessoas que desistiram de procurar emprego) bateu novo recorde, chegando a 5,9 milhões;
  • A taxa subutilização atingiu recorde de 30,3%, reunindo um total de 33,2 milhões de pessoas;
  • O número de pessoas com carteira assinada caiu 2,6% frente ao 2º trimestre, com perda de 790 mil postos;
  • O percentual da população ocupada do país trabalhando por conta própria foi de 26,4%.
  • A taxa de informalidade subiu para 38,4%, contra 36,9% no trimestre anterior, o que corresponde a 31,6 milhões de pessoas;
  • A massa de rendimentos dos trabalhadores caiu 4,9% (menos R$ 10,6 bilhões) em relação ao mesmo trimestre de 2019.

População ocupada cai para nova mínima histórica

A população ocupada no Brasil encolheu 1,1% em 3 meses, para 82,5 milhões de pessoas, atingindo o patamar mais baixo da série histórica, segundo o IBGE. Em 12 meses, o país perdeu 11,3 milhões de postos de trabalho, considerando todas as formas de atuação no mercado de trabalho.

Com o novo recuo, o nível de ocupação encolheu para 47,1% da população apta a trabalhar, o menor da série histórica, contra 47,9% no trimestre anterior (47,9%). Desde o trimestre encerrado em maio, o nível de ocupação está abaixo de 50%, o que aponta que menos da metade da população em idade para trabalhar está ocupada no país.

Só construção e agricultura ampliam número de postos

Entre as atividades, somente construção e agricultura tiveram crescimento da população ocupada no terceiro trimestre aumento da população ocupada. Na construção, o aumento foi de 7,5% (399 mil pessoas a mais) e na agricultura a alta foi de 3,8% (304 mil trabalhadores a mais).

Emprego formal e informal

Os empregados no setor privado sem carteira de trabalho assinada somaram 9 milhões no 3º trimestre, alta de 4,3% (mais 374 mil pessoas) frente ao 2º trimestre, mas ainda 23,9% abaixo (menos 2,8 milhões) do registrado no mesmo trimestre de 2019.

Já os trabalhadores com carteira assinada eram 29,4 milhões, queda de 2,6% (menos 788 mil pessoas) frente ao trimestre anterior e de 11,2% (menos 3,7 milhões de pessoas) na comparação anual.

Já o número de trabalhadores por conta própria (21,8 milhões) subiu 0,6% (mais 119 mil) em 3 meses, mas caiu 10,8% (menos 2,6 milhões de pessoas) frente ao mesmo período do ano passado. e 2019.

Rendimento médio

O rendimento médio real habitual (R$ 2.554) ficou estatisticamente estável frente ao trimestre e subiu 8,3% contra o mesmo trimestre de 2019 (R$ 2.359). Para trabalhadores com carteira assinada, o valor médio ficou em R$ 2.317, bem acima do rendimento dos empregados sem carteira (R$ 1.670) e dos trabalhadores por conta própria (R$ 1.805).

As unidades da federação com os maiores rendimentos foram Distrito Federal (R$ 4.268), São Paulo (R$ 3.366) e Rio de Janeiro (R$ 3.251) e as menores, Maranhão (R$ 1.408), Piauí (R$ 1.513) e Alagoas (R$ 1.543).

Perspectivas

Apesar da reação da economia no 3º trimestre, com recuperação de parte significativa das perdas da fase mais aguda da pandemia, analistas avaliam que a taxa de desemprego deve continuar em trajetória de alta nos próximos meses, considerando o fim dos programas de auxílio, as preocupações com uma segunda onda de coronavírus e incertezas sobre o andamento de medidas de ajuste fiscal para garantir a sustentabilidade das contas públicas.

A economia brasileira gerou 394.989 empregos com carteira assinada em outubro, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) divulgados na quinta-feira (26). Foi o quarto mês seguido em que as contratações com carteira assinada superaram as demissões. No acumulado dos dez primeiros meses deste ano, porém, houve perda de 171.139 empregos.[

Na avaliação do ministro da Economia, Paulo Guedes, o país pode recuperar essas vagas até o fim do ano, mesmo sendo dezembro um mês tradicionalmente marcado por fechamento expressivo de postos formais de trabalho.

"Podemos terminar o ano tendo perdido zero empregos no mercado formal, zero", disse o ministro. "Se terminarmos o ano com zero perda de empregos no mercado formal, terá sido um ano histórico da economia brasileira", acrescentou.

O Produto Interno Bruto (PIB) do terceiro trimestre será divulgado na próxima semana e deverá confirmar a saída do Brasil da recessão técnica, com recuperação de boa parte das perdas do segundo trimestre. Para o ano de 2020, a expectativa atual do mercado é de um tombo de 4,55%, segundo a última pesquisa Focus do Banco Central.


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Redação

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