Investir fora do país protege dinheiro da tensão política local

Investir fora do país protege dinheiro da tensão política local
Foto: Imagem meramente ilustrativa

Tuesday, 21 September 2021

Tensão política tem aumentado as oscilações na Bolsa.

A tensão política se acirrou após falas golpistas do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) feitas no último 7 de setembro. De lá para cá, a Bolsa acumulou quedas e o dólar acumulou altas, acentuando as oscilações do mercado brasileiro, que se descolou ainda mais dos indicadores de investimentos fora do país.

Nessa situação seria o caso de colocar uma parte dos investimentos em aplicações relacionadas ao dólar ou a economias fora do Brasil para proteger a carteira dessas oscilações? Veja abaixo o que dizem profissionais de mercado.

Impacto das incertezas nos mercados

Segundo profissionais de mercado, o Ibovespa, principal índice de ações da Bolsa brasileira, está com um desempenho este ano muito abaixo do registrado pelo S&P 500, da Bolsa de Nova York, em parte por causa das incertezas com relação à economia local justamente em meio às tensões no campo político, com as rixas entre os poderes da República.

Retrato dessa situação, apontam analistas, é que o Ibovespa este ano acumula baixa de 4%, tendo recuado quase 20% desde que atingiu a máxima no ano, enquanto o S&P 500, índice que reúne as 500 maiores empresas de ações da Bolsa de Nova York, já soma 19% de valorização em 2021, numa trajetória que tem sido predominantemente de alta.

No mercado de câmbio, especialistas dizem que o dólar deveria estar oscilando na casa de R$ 4,70 —considerando os fundamentos da economia brasileira— em vez dos atuais R$ 5,30, se não fosse pelas incertezas relacionadas ao ambiente político.

5 motivos para investir fora do país

Para profissionais de mercado, o aplicador brasileiro deve considerar investimentos relacionados a ativos —empresas, moedas, governos— internacionais por pelo menos cinco motivos. Veja abaixo.

  1. Moedas fortes: em momentos de incertezas, os investidores buscam segurança em moedas fortes das maiores economias do mundo, como o dólar norte-americano, o euro ou a libra.
  2. Economia forte: a busca por essas moedas acontece porque essas economias são mais resistentes a crises, possuem empresas globais e de atuação em todo o planeta, emitem moedas aceitas nas transações internacionais e apresentam um PIB também maior que o do Brasil. Esses fatores ajudam essas economias a saírem mais rapidamente de momentos adversos.
  3. Diversificação: mesmo que um investidor tenha ações de companhias que atuam em áreas totalmente diferentes, se a economia brasileira for mal, de alguma forma, todas essas ações podem ser impactadas. Já ao colocar uma parte da carteira em ativos não relacionados à economia brasileira, a pessoa consegue alguma proteção contra as oscilações provocadas por fatores locais, como as questões políticas, por exemplo.
  4. Variedade de opções: ao colocar uma parte dos investimentos em ativos internacionais, o brasileiro consegue acessar uma quantidade muito maior e mais diversa de opções. Nos Estados Unidos, por exemplo, a Bolsa tem listadas mais de 6 mil companhias, contra menos de 500 na Bolsa brasileira.
  5. Menor volatilidade: justamente por ter um histórico mais longo de crescimento econômico e de empresas globais, as economias desenvolvidas apresentam um comportamento mais estável ao longo do ano. São economias com maior previsibilidade e, portanto, menor volatilidade.

Quanto aplicar de acordo com o perfil de risco?

Segundo os profissionais consultados, a pessoa pode ter de 5% a 20% da carteira em ativos globais, considerando um investidor pessoa física, seguindo também cada perfil de risco.

Conservador: para um investidor conservador, por exemplo, as opções de diversificação da carteira incluem ETFs (fundos que acompanham algum índice), títulos de renda fixa de governos de países desenvolvidos, como os dos Estados Unidos, e papéis de renda fixa emitidos por grandes companhias com classificação AAA, ou seja, de baixíssimo risco de calote.

Moderado: para investidores moderados, há espaço para aplicações nesses ativos acima e mais ações ou BDRs de índices de ações de Bolsas estrangeiras, ou de empresas de grande porte e de setores de atividade já maduros (como indústria ou bancos).

Arrojado: e para os arrojados, os profissionais de mercado ouvidos pelo UOL dizem que o aplicador pode avaliar como opções ações e BDRs de empresas de maior crescimento, como as de tecnologia ou de varejo digital, além de fundos imobiliários e fundos cambiais ativos.

Quando começar a aplicar?

A diversificação da carteira de investimentos com ativos globais deve fazer parte da estratégia de cada pessoa, independentemente do momento de maior ou menor volatilidade, ou de maior ou menor valor do dólar ante o real, dizem consultores financeiros.

Quem não tem nada: vale começar aos poucos, sem cair no erro de fazer uma transferência de uma outra aplicação de maneira única, dizem especialistas. O ideal é ir aplicando dinheiro novo em vez de sacar de outra aplicação para se posicionar em ativos ligados a economias estrangeiras.

Quem já tem: para quem já tem parte da carteira atrelada a ativos globais, a decisão de aumentar o percentual internacional dos investimentos pode ser uma alternativa para realizar lucro de alguma aplicação que já tenha batido a meta --seja porque atingiu um ganho já planejado, seja porque chegou ao vencimento.


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Redação

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