Poupança fica no negativo após 12 meses de altas da Selic

Poupança fica no negativo após 12 meses de altas da Selic
Foto: Imagem meramente ilustrativa

Monday, 25 April 2022

No mesmo período, busca por renda variável cai, mas interesse por criptomoedas cresce.

Com a taxa Selic elevada a 11,75% no dia 16 de março, completou-se 1 ano dos aumentos consecutivos realizados pelo Copom (Comitê de Política Monetária). Para saber qual o impacto dessa medida no cenário financeiro, o Yubb, maior buscador de investimentos do país, realizou um levantamento comparando o comportamento dos investidores nos últimos 12 meses: e quanto mais alta a Selic, maior foi o interesse na renda fixa.

Confira o levantamento completo:

Posição

Investimentos mais buscados em março/2021

Investimentos mais buscados em março/2022

1

Ações livres

CDBs

2

Fundos de ações

Tesouro Direto

3

Fundos multimercado

LCI/LCA

4

Tesouro Direto

Fundos multimercado

5

CDBs

Fundos de ações

6

Fundos de índice (ETFs)

LC/RDB

7

LCI/LCA

Ações livres

8

LC/RDB

Fundos de índice (ETFs)

9

Fundos Imobiliários (FIIs)

Criptoativos

10

Criptoativos

Fundos Imobiliários (FIIs)


“A cada novo aumento, a Selic foi beneficiando consecutivamente a renda fixa. Isso fez com que o investidor, que estava mais atuante na renda variável, mudasse o seu perfil em um ano. A alta rentabilidade e volatilidade deram espaço para três dos principais investimentos em renda fixa: os CDBs, o Tesouro Direto e o LCI/LCA. É uma estratégia inteligente no curto prazo, mas o investidor não deve dedicar todo o seu dinheiro nela”, explica Bernardo Pascowitch, fundador do Yubb.

Pascowitch afirma que o favorecimento dos investimentos de renda fixa em detrimento dos ativos de renda variável se dá porque a Selic mais alta pressiona o crédito, encarece os financiamentos para empresas e tende a desvalorizar as ações em razão do maior desconto exigido por investidores. 

“Um dos maiores desafios de quem investe é analisar a remuneração de cada investimento em renda fixa, para confirmar se a sua rentabilidade está acima da inflação. Porque se estiver abaixo, significa que o dinheiro está perdendo o seu poder de compra, ou seja, o que ele consegue comprar hoje, não vai conseguir no futuro. Por isso, aproveitar a alta da renda fixa é bom no curto prazo apenas. Porque a renda fixa deve ser usada para proteger o patrimônio, mas quem fará o patrimônio crescer é a renda variável”.

Cenário internacional também favoreceu a renda fixa

Mas não foi apenas a alta da Selic que beneficiou a renda fixa. O cenário internacional também teve um papel importante. Bernardo explica que já havia uma pressão inflacionária no mundo todo com a retomada das atividades econômicas após a pandemia, mas a guerra entre Ucrânia e Rússia impulsionou ainda mais esse cenário.

“Esse conflito trouxe uma grande valorização do petróleo, que é a principal commodity do mundo e a maior responsável no aumento dos custos nas cadeias globais de suprimentos e distribuição. Isso significa que, com uma elevação ainda maior dos juros globais, há uma deterioração dos investimentos de renda variável e maior atratividade de títulos de renda fixa pública e privada".

E mesmo com a renda variável em baixa no geral, um tipo de ativo tem chamado a atenção dos investidores: as criptomoedas. “As criptomoedas são beneficiadas pela curiosidade generalizada. Sua alta rentabilidade tem atraído o olhar do investidor e, não à toa, ela cresceu uma posição no ranking de busca, ao contrário de todos os demais ativos de renda variável, que só caíram nos últimos 12 meses. O fato é que as criptomoedas são os ativos com o maior potencial de valorização da década e da nossa geração. Inclusive, nada bateu o bitcoin em valorização nos últimos 10 anos. Falar de investimentos hoje é olhar para as criptomoedas como oportunidades de negócio”, complementa Bernardo.

Última Selic puxou a poupança para o negativo

E não foram todos os investimentos em renda fixa que foram beneficiados com as altas da Selic. Apesar de ser o investimento mais usado do país, a poupança teve seu rendimento declinando mês a mês, atingindo rentabilidade negativa quando a Selic chegou a 11,75%.

 

Rendimento Bruto

Rendimento Líquido

Rendimento Real

** Poupança nova* 

6,17%

6,17%

-0,26%

Poupança antiga*

6,17%

6,17%

-0,26%

Tesouro Selic

11,65%

9,32%

2,70%

CDB banco médio

13,40%

10,72%

4,01%

CDB banco grande

8,74%

6,99%

0,51%

LC

13,98%

11,18%

4,45%

LCA*

11,42%

11,42%

4,67%

LCI*

11,77%

11,77%

4,99%

RDB

14 48%

11,59%

5,89%

Debênture Incentivada*

13,28%

13,28%

6,42%

“É interessante que a poupança é o investimento mais popular, mas porque as pessoas não olham para ela como um investimento. Porque investir para boa parte da população ainda é visto como algo inacessível. Mas os bancos digitais e as fintechs estão conseguindo quebrar esse raciocínio, trazendo educação financeira às pessoas e mostrando que, sim, investir pode ser algo do dia a dia das pessoas. E precisamos desse movimento para que o brasileiro quebre comportamentos enraizados e valorize mais o seu dinheiro”, conclui Bernardo.


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