Privatização da Eletrobras: Quais ganhos e riscos?

Privatização da Eletrobras: Quais ganhos e riscos?
Foto: Divulgação

Monday, 13 June 2022

Lucro utilizando FGTS nas privatizações de Vale e Petrobras foram superiores a 600%.

Nos últimos dias, a privatização da Eletrobras (ELET3) foi confirmada pelo Tribunal de Contas da União (TCU) e se tornou o centro das atenções dos investidores, por se tratar de uma das privatizações mais aguardadas dos últimos anos. Com isso, o mercado está atento ao lançamento das ações na bolsa de valores do Brasil, no dia 13/06.

A privatização da Eletrobras é semelhante, de certa forma, à que ocorreu com a Vale (2002) e a abertura do capital da Petrobras (2000). Com o lançamento de parte das ações do Governo Federal, junto de um Fundo Mútuo de Privatização (FMP), em que qualquer pessoa pode utilizar o FGTS na aquisição da parcela acionária da União, os investidores visam obter grandes ganhos, o que já aconteceu no passado. 

Segundo a XP Investimentos, o investidor que colocou 50% dos seus recursos do FGTS em um FMP simulado na Vale, uma das empresas citadas acima, obteve retorno de 2.235,13%. Já o investidor que colocou 50% dos seus recursos no fundo simulado da Petrobras, outra opção oferecida ao mercado recentemente, obteve retorno de 649,36% no mesmo período.

“Eu sempre digo que o FGTS rende pouco, porém, é super seguro, e quando falamos de qualquer investimento em renda variável temos a possibilidade de rentabilidade muito maior, mas possibilidade de perda de capital”, comenta Daniel Abrahão, especialista no mercado financeiro e assessor de investimentos na iHUB Investimentos. 

O especialista ressalta que novos FMP’s que venham a comprar ações de empresas que passarão por processos similares não terão necessariamente o mesmo comportamento e desempenho (retorno).

Como se trata de um investimento no mercado de ações (renda variável), é recomendado apenas para uma parcela de investimentos mais arriscados e que preferencialmente visam o longo prazo. Além disso, sempre é importante relembrar que a rentabilidade passada não é garantia de rentabilidade futura.

Como deve se comportar o investidor que já possui ações na carteira?

Na próxima segunda-feira (13/06), ocorre o lançamento de parte das ações do Governo Federal na bolsa de valores de São Paulo. A oferta primária será, inicialmente, de 627.675.340 novas ações. Já a oferta secundária será de 69.801.516, atualmente detidas pelo Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES).

O investidor que já possui ações da Eletrobras na carteira, deve ficar atento à volatilidade que pode ocorrer nas próximas semanas a partir do lançamento das novas ofertas de ações. Precificada a R$42, como definido na última quinta-feira (09/06), a desejada estabilidade no preço pode não vir neste primeiro momento.

Decisões que envolvem investimentos em renda variável nunca são uma receita de bolo, e envolvem muitos motivos de exposição, como a proporcionalidade em relação à carteira como um todo e a parcela de capital em ações, além dos objetivos do investidor. A análise requer, logo no princípio, o entendimento da individualidade desses pontos para cada investidor.

“É importante salientar o famoso ditado do mercado financeiro ‘sobe no boato e cai no fato’ ou seja, a informação da privatização não é novidade para o mercado, ainda mais da Eletrobras que vem se desenrolando a mais de dois anos, dito isso, muito da privatização da Eletrobras está no atual preço, e teremos volatilidade acima do normal no papel nos próximos meses”, explica Daniel.

Vale a pena comprar as “novas” ações da Eletrobras?

Tido como um consenso no mercado financeiro, as perspectivas para a Eletrobras são favoráveis com a saída do governo como controlador e acionista majoritário, mas isso não significa ser um investimento livre de riscos ou a melhor opção da bolsa no momento.

A expectativa de ganho de eficiência, estrutura mais flexível e a possibilidade de investimentos mais assertivos explicam a alta demanda vista nos primeiros dias do período de reserva. A empresa pode, inclusive, alcançar o teto de arrecadação estipulado no plano de privatização, cerca de R$35 bilhões.

Portanto, o especialista da iHUB Investimentos destaca o fato de se tratar de um investimento no mercado de ações - renda variável -, que é recomendado para uma parcela de investimentos mais arriscados e que visam o longo prazo, pois, é muito difícil prever ou antecipar uma rápida alta no preço do ativo. 

“Pode ser uma oportunidade, porque a expectativa do mercado é pela valorização da empresa, porém, para quem não possui um perfil compatível com renda variável, abrir mão do perfil de investidor é perigoso, pois está indo contra a necessidade e o que tolera risco. Não suportar a volatilidade de ativos de renda variável no decorrer dos anos, pode inclusive atrapalhar a saúde emocional do investidor”, finaliza Daniel Abrahão.


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Redação

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