Economia mundial caminha para cenário negativo

Economia mundial caminha para cenário negativo
Foto: Reprodução

Tuesday, 26 July 2022

Corte de gás russo e maior pressão inflacionária estão entre os principais motivos de preocupação.

O Fundo Monetário Internacional (FMI) disse nesta terça-feira que o cenário da economia global para os próximos meses se aproxima de uma conjuntura pessimista, com maior possibilidade do corte total do gás da Rússia e maior pressão inflacionária, fatores que podem piorar ainda mais o desempenho da economia global.

Os comentários foram feitos por Pierre-Olivier Gourinchas, diretor de Pesquisa do FMI, em coletiva onde comentava sobre o relatório do Panorama Econômico Mundial, que reduziu a projeção de crescimento econômico global em 2022 para 3,2%, quase a metade da expansão de 6,1% no ano passado.

A nova projeção é 0,4 ponto percentual menor em relação à estimativa de abril. Segundo o FMI, a maioria das perspectivas pende para o lado negativo. Durante sua fala, Gourinchas citou a estagnação das economias de Estados Unidos, China e União Europeia como uma dos principais fatores para uma perspectiva negativa.

“Estamos dando ênfase no cenário alternativo, considerando o corte total do fornecimento do gás da Rússia, a persistência da inflação e aumento nos preços dos alimentos”, disse o diretor de Pesquisas do FMI. “Estamos vivendo um momento sem precedentes, em que todas as principais economias mundiais estão em baixa”.

Neste cenário negativo, o FMI estima que a inflação aumentará e o crescimento global desacelerará para cerca de 2,6% este ano e 2% no próximo – um ritmo de crescimento que só aconteceu apenas cinco vezes desde 1970. Nesse cenário, tanto os Estados Unidos quanto a zona do euro vão registrar um crescimento próximo de zero no próximo ano, o que vai afetar o resto do mundo.

Gourinchas se disse especialmente preocupado com países em desenvolvimento, que devem ser mais afetados pelas ações de bancos centrais ao redor do mundo, especialmente com a atuação do Federal Reserve (Fed, o Banco Central dos EUA), que vai fortalecer o dólar, afetando o comércio de países em desenvolvimento.

“O aperto na política fiscal dos EUA pode levar a maior valorização do dólar, e isso vai aumentar pressões inflacionárias em todo mundo, especialmente em países que dependem de importações que terão que lidar com um dólar mais forte”, disse Gourinchas. “Um ciclo como esse faz com que investidores saiam de países em desenvolvimento para alocações de ativos mais seguras, como no Tesouro Americano.”

A tendência é que os principais impactos do cenário atual comece a ser sentido em 2023, segundo Gourinchas. A projeção de crescimento da economia mundial para o próximo ano é de 2,9%, quando os principais impactos serão refletidos na economia.


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Redação

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