É justo isentar os medalhistas olímpicos?

Friday, 09 August 2024
O governo tributa o prêmio em dinheiro que recebem. Mas... não seria justamente esse o trabalho deles? Vamos conversar sobre isso.
Na segunda-feira (5), quando a atleta Rebeca Andrade ganhou ouro na Ginástica Artística, o deputado estadual paulista Guto Zacarias (União) revelou em sua conta no X (antigo Twitter) que o Governo Federal a taxaria, fazendo-a pagar algo em torno de R$ 85,8 mil. Imediatamente agentes governistas e artistas de Esquerda se mobilizaram na tentativa de desmenti-lo... mas ele estava falando a verdade.
A narrativa desonesta usada era “a medalha não será taxada”, mas Guto não se referia à medalha, mas sim à premiação. A discussão tomou a internet e o governo Lula se viu pressionado a isentar os impostos sobre os prêmios dos medalhistas olímpicos. Mas fica uma pergunta:
Isso é justo?
Grupos políticos de Direita comemoram a isenção nas redes sociais usando títulos chamativos como ‘vencemos’. Mas... será que vencemos mesmo? Porque parece apenas a vitória de uma minoria.
Profissionais fundamentais para a manutenção da vida humana – como médicos, bombeiros e policiais – pagam impostos. Outros, indispensáveis para a vida em sociedade – como garis, advogados e engenheiros – também pagam. Pilares vitais para a economia – como comerciantes, industriais e agricultores – são taxados de forma pesada. Então por que atletas não seriam?
O senhorizinho que vende churros, a estilista, a diarista e o piloto de avião são tributados. O artista plástico que vende suas obras no exterior paga impostos sobre sua comercialização. Atletas são PROFISSIONAIS... não são voluntários abnegados que deixam suas vidas de lado e pagam do próprio bolso para defender seu país. São pessoas remuneradas – frequentemente pelo governo – para obter bons resultados. Tais resultados – assim como uma música brasileira que explode no exterior – DEVEM ser tributados. Perguntem ao Luan Santana se ele não pagou pesados impostos quando ‘Meteoro da Paixão’ explodiu lá fora.
A regra é muito clara: ou todo mundo paga, ou ninguém paga. Não comemoremos a conquista de uma minoria que será paga às custas do NOSSO trabalho.
Nosso país investe pouco em esporte, sim. Geralmente as estruturas estão muito aquém do necessário. Mas, até aí, todas as nossas estruturas públicas são ruins: estradas, escolas, hospitais. Atletas que muitas vezes têm seus salários pagos pelo Estado precisam estar sob as mesmas regras sob as quais todos nós vivemos. Muitos deles, inclusive, ganhando salários muito acima da média nacional (alguns chegando a R$ 10 mil mensais subsidiados pelo governo).
“Mas você não acha que um atleta deva ser bem pago?”. Claro, mas não compulsoriamente e com o meu dinheiro. A Mona Lisa foi avaliada em R$ 13,7 bilhões. Você acha que vale? Com certeza vale, mas não com o SEU dinheiro e contra a SUA vontade.
“Mas há pouco investimento no Esporte”. Há. Mas também há pouco retorno financeiro para os investidores. Por que a Adidas patrocinaria a Canoagem que só está em voga uma vez a cada quatro anos se pode ter mais exposição patrocinando o Flamengo? E uma das maiores provas disso é o Surf, esporte com grande visibilidade. Gabriel Medina raramente reclama da falta de patrocínio.
Militar por isso agora soa populista e pouco inteligente. Populista porque obedece servilmente às paixões das massas. Pouco inteligente porque os calores e clamores do brasileiro duram pouco e mudam rápido. Se fosse o Brasil num Oscar, a todos virariam cinéfilos militantes travestidos de especialistas intelectualizados.
Enquanto isso algum jovem José está se esforçando para estudar, ganhar conhecimento, notoriedade e respeito para que, quem sabe um dia, faça uma grande descoberta – ou alguma invenção – que seja aclamada no exterior, mudando os rumos da Humanidade e lhe trazendo grandes resultados. A diferença entre ele e um atleta medalhista – além dos holofotes – é que seus resultados serão tributados. Até porque alguém precisa pagar para que alguém seja isento.
E você? Já foi trabalhar hoje?