Giaffone sobre Hamilton: "Ele não é mais o que era"

Friday, 16 May 2025
Comentarista de automobilismo analisou a situação do heptacampeão na Ferrari.
Felipe Giaffone, comentarista de automobilismo do Grupo Bandeirantes, analisou, em entrevista ao podcast Motorsport.com, a situação do heptacampeão da Fórmula 1 Lewis Hamilton nas primeiras seis etapas da temporada 2025 com a Ferrari, comparando a performance com a do companheiro de equipe, Charles Leclerc.
Ao ser perguntado sobre como Hamilton está na Ferrari, Giaffone definiu como "apagado": "São épocas diferentes. Seria legal ver o Hamilton há sete, oito anos atrás nessa situação. Então, quer dizer, ele veio de dois anos difíceis de Mercedes, o piloto já dá aquela acomodada".
Giaffone também pondera impacto de Leclerc antes mesmo dele chegar à F1: "Você tem um Leclerc que, por mais que fale, 'ah, será que ele é bom?', ele chegou onde ele chegou assim".
"Eu lembro do manager dele, que é o Nicolas Todt. Eu conheço o Nicolas pelo Desafio das Estrelas, ao lado do Felipe Massa, a gente acabou tendo contato. Aí eu de comissário [da F1], o pai dele era presidente da FIA [Jean Todt], então eu acabei tendo bastante contato com ele. E ele me apresentou o Leclerc. Eu sabia que era um menino ali da GP2, GP3. E eu lembro dele falar 'esse cara é bruto. Acho que você vai ver'. Daí eu fiquei com isso na cabeça".
"E depois na Fórmula 2 ele passou muito bem, é um cara muito rápido. Tudo bem, ele tem os erros dele, bateu demais, lance de corrida, só que ele é um dos caras mais rápidos de uma volta que tem".
O piloto destacou a importância das sessões definidoras de grid atualmente: "E hoje, do jeito que está a Fórmula 1, muito competitiva, a classificação está mandando demais. Você começou três, quatro posições para trás e acabou. Não tem o que fazer. Então, eu acho que isso prejudica ainda mais o Hamilton".
"E, desde o ano passado, sempre a Mercedes falava que o problema do Hamilton é classificação, o ritmo de corrida dele ainda é bom, é o ritmo que a gente... Só que não dá tempo, na maioria das vezes, não dá tempo de ele se recuperar na corrida".
"Então, [esse problema] desencadeia um monte de coisas. Então, você fica lá atrás, com o ar sujo, arrastando pneu, esquentando pneu... E você não consegue desenvolver".
O comentarista da Band também afirma que o britânico já não é mais o mesmo Hamilton de alguns anos atrás: "Mas, para mim, ele não é mais o Hamilton que era. Isso eu sempre falei, também com muito cuidado e torcendo para eu errar. Eu acho que o Hamilton vai ter uma vida muito difícil na Ferrari. Isso eu sempre falei, desde o começo".
"Do jeito que ele veio [da Mercedes], com o Russell, com um carro que mudou a regra e ele não se adaptou [aos regulamentos de carros de efeito solo]. Entrando em uma equipe que já tem um Leclerc extremamente rápido. Só que chegou na segunda corrida, o Hamilton vai lá e me ganha [a sprint da China]. Aí eu falei 'nossa, queimei a língua, graças a Deus'. Tomara que a gente continue queimando [a língua]".
"[Seria] uma história espetacular. Eu ainda torço muito para que aconteça [um retorno da performance]. Eu não vejo acontecendo. Mas eu torço muito para que aconteça. Mas por uma série de coisas. A Ferrari não está no nível que a gente gostaria. Não [consegue] dar isso [um bom carro] nem para o Leclerc ultimamente".
O comentarista também afirmou que não vê Hamilton com a mesma 'pegada' de antes e que é natural a queda de performance de pilotos multicampeões: "Não vejo ele mais com aquela pegada dele que ele tinha no começo. Vamos lembrar que ele chegou [na F1] com o Fernando Alonso [na McLaren]. Foi um monstro".
"Então, cara, são fases. O Michael Schumacher no final passou por isso. O Sebastian Vettel passou. Então, são poucos os pilotos que conseguem acertar na veia a hora de parar, é normal".
Ao ser perguntado se Hamilton estaria 'tomando uma surra' de Leclerc, Giaffone responde: "Eu acho que sim [é uma surra]. Porque se você for ver o que o próprio Hamilton fala, ele fala 'o problema está comigo. O problema sou eu. O problema não é mais o carro'. Ele está tomando uma surra dele mesmo. Isso quem está falando não somos nós. É ele".
"E eu acho que é esse lance, que talvez o Hamilton perdeu um pouco [a vontade]. O Leclerc ainda está nessa pegada. De estar o tempo inteiro com a cabeça a mil", concluiu.