A cidade presenciou um importante acontecimento na tarde deste sábado (31/05) com o jogo de abertura da Série B do Campeonato Catarinense. Depois de anos mandando jogos em cidades vizinhas, BEC e Metropolitano terão o Complexo Esportivo do SESI como casa ao longo do torneio.

Com ingressos esgotados em menos de 24h após a abertura das vendas, o estádio estava lotado, com a torcida dividida e muita gente assistindo a partida do morro ou de pontos mais elevados nos arredores do campo. E todos presenciaram uma grande festa. Desde que começaram a chegar no estádio até o apito final, com os cânticos se revezando de acordo com o que cada time apresentava na partida. Quem estava por lá deu de ombros para a final da Champions League, que acontecia praticamente no mesmo horário e tinha a atenção voltada pra ela no mundo inteiro. Menos ali. Naquele espaço, nada poderia ser mais importante que esse jogo. E ele quase não aconteceu.

Por conta de uma ação trabalhista conjunta movida contra o Clube Atlético Metropolitano, o clube foi proibido pela Justiça de disputar partidas oficiais e teria sido excluído da competição se não conseguisse uma liminar em tempo hábil. Com o pagamento de uma taxa judicial na semana passada, a liberação veio na véspera do jogo e perfis oficiais do Metrô passaram a provocar o rival ao se referir a ele como Blumenau EC SAF, nomenclatura que foi inclusive propagada por alguns jornais regionais que não se aprofundam no assunto em que estão reportando.

Em campo, a partida começou com as equipes se estudando. Os mandantes chutaram a gol logo nos primeiros minutos e depois disso o BEC passou a ter mais posse de bola, com mais lances de ataque. Enquanto Adrian e Gustavo procuravam criar chances para o time de verde, Habibi, Sanderson e o experiente Diego Jardel coordenavam as ações do tricolor, que vestia grená. Apesar de alguns cruzamentos perigosos do Blumenau, o primeiro tempo teve poucos lances de real perigo, refletindo um comportamento cauteloso de ambos os clubes.

Emoções mais intensas ficaram reservadas para o segundo tempo, com o Metrô pressionando nos primeiros minutos. Glédson fez boas defesas quando foi acionado e Gustavo quase abriu o placar em um chute com efeito que passou perto do ângulo do goleiro do BEC. Depois disso, os visitantes voltaram a controlar o jogo e Luqueta perdeu uma chance incrível ao tentar o chute no lugar do cruzamento, depois de um contra-ataque rápido pela direita. Os dois treinadores começaram a mexer no time e foi uma dessas mudanças que definiu o resultado do confronto. Aos 37 minutos, Paul apostou na jogada individual e soltou uma bomba rasteira para abrir o placar no SESI. O ex-atacante do Metropolitano deu a entender que não comemoraria o gol contra sua antiga equipe, mas não aguentou por muito tempo e saiu correndo em direção à torcida tricolor.

Nos minutos finais, o Metrô, que passou a partida inteira segurando o jogo, queria pressa e houve até um princípio de tumulto antes da cobrança de um arremesso lateral. Quando o tempo de acréscimo estava quase esgotado, Paul desabou em campo e todos, inclusive o árbitro, achavam que o jogador estava tentando ganhar tempo. Porém, perceberam que o atleta estava realmente indisposto quando ele começou a vomitar em campo e foi retirado para atendimento. Ainda houve pressão do time da casa para igualar a contagem, mas o apito final decretou a vitória do BEC no primeiro Clássico do Chope jogado em casa nesta década.

Na próxima rodada, o Blumenau recebe o Camboriú no SESI, enquanto o Metrô visita o Tubarão em busca de uma rápida recuperação. Com a desistência do Inter de Lages, que abandonou o torneio por problemas jurídicos, a Segundona conta ainda com Porto, Nação, Juventus, Fluminense e Carlos Renaux. Ao final da primeira fase, os dois primeiros se classificam diretamente para as semifinais enquanto as quartas serão formadas entre o terceiro e o sexto colocados. Quem chegar na final estará automaticamente classificado para a primeira divisão do Campeonato Catarinense de 2026.

Com capacidade oficial de três mil torcedores, o público pagante foi de 2.721 pessoas, mas a contagem extraoficial foi de 3.181 torcedores. Além deles, mais de 35 mil internautas acompanharam o certame pelo canal oficial da Federação Catarinense. Prova de que o blumenauense não pode ficar sem seus dois times jogando por perto. E mais ainda, que a capacidade do SESI precisa ser ampliada para os próximos anos. Com as dimensões do gramado devidamente ajustadas, é preciso driblar a burocracia e bater logo o martelo por novas arquibancadas.

Quem acompanha o futebol na cidade há mais tempo talvez lembre que times como Brusque e Chapecoense tinham praticamente o mesmo nível do BEC no início dos anos 90, quando o tricolor era frequente na Segundona do Brasileirão e chegou a receber o Flamengo na primeira edição da Copa do Brasil. A gestão nos anos seguintes, porém, decretaram um futuro promissor para nossos antigos rivais e um destino sofrido turbulento para o time que agora se torna SAF em busca de passos maiores.

Que BEC e Metropolitano possam subir juntos para que o Clássico do Chope do ano que vem possa ser disputado na mais alta divisão do futebol catarinense. Os torcedores merecem isso. E a cidade também.