Sem Verstappen, Red Bull seria a lanterna na Fórmula 1

Tuesday, 24 June 2025
O tetracampeão soma 155 pontos no campeonato.
Olhando os números, parece que Max Verstappen é um extraterrestre. O tetracampeão soma 155 pontos no campeonato. Sua equipe, a Red Bull, tem 162. Seu companheiro das duas primeiras corridas, Liam Lawson, não pontuou e foi substituído por Yuki Tsunoda, bem mais experiente, que fez os outros sete pontos do time que dominou a F1 nos últimos anos.
Na outra ponta da tabela, a última colocada do campeonato é a Alpine, com 11 pontos. Vamos supor que a dupla da Red Bull fosse Tsunoda e Lawson, e eles na verdade têm tido que se confrontar com uma ideia do tipo, com os rumores persistentes desde o início do ano passado de que Verstappen está buscando alternativas à Red Bull no mercado. Seria bem possível que eles estivessem lutando com os franceses.
Como sempre na F1, não é algo simples de explicar. Você tem de um lado a sensibilidade ímpar de Verstappen e, de outro, a incapacidade dos engenheiros da Red Bull de levar pressão aerodinâmica que não seja de pico para o carro.
A sensibilidade de Verstappen é nítida. Quantas vezes ele não aparece no rádio reclamando que "as descidas de marcha estão horríveis" e logo depois parece ter esquecido disso? É uma questão de temperatura, algo mínimo, mas que ele sente.
O que torna o carro da Red Bull tão difícil?
Já a história do pico merece uma explicação à parte. O que os engenheiros da F1 descrevem como pressão aerodinâmica de pico é algo que, a grosso modo, as simulações vão dizer que vai deixar o carro mais rápido, mas que tornará o carro praticamente inguiável para os pilotos. Isso porque ele fica muito nervoso, tem reações difíceis de controlar sem tirar o pé na entrada, no meio, na saída da curva.
O carro entra na curva dianteiro, logo isso se torna uma instabilidade de traseira, e por aí vai.
Esse é o carro da Red Bull. Um carro com um pico íngreme de performance.
Acontece que o fato do carro ser assim hoje não é só responsabilidade dos engenheiros. Porque os engenheiros da Red Bull encontraram um piloto que consegue, com a sua sensibilidade, domar esse carro. E foi por isso que, ao longo de anos de desenvolvimento dentro desse regulamento, o pico foi ficando mais e mais íngreme a ponto de ser alto demais para ser "escalado" por qualquer companheiro de equipe de Verstappen.
Nada disso é novidade. O próprio Verstappen terminou o ano passado dizendo que o carro estava ficando inguiável até mesmo para ele. E foi feito um trabalho - elogiado pelo holandês - para tentar aliviar essa curva de downforce.
Mas claramente não é o suficiente. Verstappen até consegue, em uma volta lançada e principalmente em circuitos com curvas de alta velocidade, em que o carro se comporta melhor, resultados de quem lutaria pelo título. Mas nas corridas, a tendência é que ele gaste mais os pneus e tenha dificuldade de progredir.
Carro + performances de Verstappen 'destroem' companheiros
A missão é ainda mais difícil para seus companheiros. Se você não tem confiança para a classificação porque o carro tem comportamentos difíceis de prever, você vai largar em uma posição ruim e, com o grid estando tão compacto como atualmente, vai ser difícil se recuperar.
Isso sem contar na espiral negativa de um piloto sem confiança. Vimos isso acontecer com Sergio Perez ao longo dos últimos dois anos, e o mesmo está acontecendo com Tsunoda, que teve um começo promissor e, desde a batida da classificação da Emilia Romagna, tem tido muitas dificuldades.
Toda essa história é um ótimo exemplo para entender a relação homem e máquina na F1 e todas as suas complexidades. Verstappen não é extraterrestre, a Red Bull nunca foi uma nave espacial, mas o que temos visto parece mesmo coisa de outro planeta.